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Lendo o jornal The Gardian, encontrei uma matéria do dia 3 de dezembro muito interessante. Nela é discutida a implementação de uma nova política educacional, onde melhores estudantes de graduação (em áreas de ciências, tecnologia e matemática) teriam parte de seus estudo pagos pelo governo dando em contrapartida aulas nas escolas primárias e de ensino médio. Porém, o governo iria escolher quais universidades poderiam candidatar estudantes para este tipo de trabalho. Esta política busca, conforme a matéria, a valorização da profissão de professor. É mais ou menos assim, o estudante (que tem que pagar uma grana para se formar) dá aulas em escolas públicas e ao invés de receber um salário, tem suas mensalidades pagas pelo governo. E de lambuja, entende que vida de professor não é fácil, dando, assim, o devido valor a esta honrada profissão.

Entendo que aqui no Brasil o ensino universitário não se baseia no modo inglês. No geral, nossa primeira intenção é passar para uma universidade pública, caso não, tentamos uma particular. Com isso qual seria o estímulo para os estudantes universitários públicas para darem aulas aqui no Brasil? Nenhuma! Teria que ser obrigação! Estudou de “graça” vai dar aula em escolas municipais, estaduais e federais. Fez medicina de “graça” vai dar plantão em hospital público!

Já para os estudantes de universidade particular que utilizam o financiamento do governo, políticas como a inglesa seriam uma boa proposta. Nossa sociedade desvaloriza muito a profissão de professor. Professor universitário tudo bem, mas do município? estado? Nossa, já surge um olhar de pena na pessoa que acabou de saber sua profissão. Quanto vale um médico? Muito! Quanto vale um professor? Nossa, muito, mas muito mais! É base. Um médico atua no pico do iceberg da sociedade. Ele atua no indivíduo doente, no alívio da cura temos eles como deuses. O professor atua na base, atua na comunidade, na família e, ainda por cima, nos milhares de indivíduos alunos. Na neblina do cotidiano e de uma infra estrutura precária o valor do professor se perde. Não estou falando que médico não vale nada, mas professor vale muito. Novelas com protagonistas professores do múnicipio eu nunca vi, mas com protagonistas médicos… Só do Manoel Carlos foram todas!

Nossa sociedade no valoriza os professores. Aqui no Rio de Janeiro o salário inicial de um professor do Estado é de R$ 732,00 para 16 horas por semana. É um absurdo. Já ouviram um médico ganhar isso, mesmo trabalhando em empregos públicos? Quando um político pensa em segurança pública, ele não deveria pensar uma mais políciais nas ruas ou mais caveirões, mas sim em mais professores em sala de aula com salário digno.

Além disso, não devemos pensar que um aluno de 9° ano deve saber somente a ler e escrever. Ele tem que ter conhecimento científico, saber resolver problemas, saber entender como se estrutura uma maneira de organizar seus pensamentos de forma coerente e sensata. Ele não pode ter só Português e Matemática, tem que saber Biologia, Física, Química e Filosofia. Geremos cidadãos críticos, capaz de distinguir um político decente de um corrupto (se é que existe…), mas capazes de enteder que desmatar uma encosta é prejuízo para ele também.

Este é um desabafo de quem tem contato quase que diário com estes heróis de nossa sociedade, mas como alguns heróis de ficção se encontram sempre no dilema entre a falta de reconhecimento e a importância de suas ações. Pela valorização do professor da rede pública. Pela valorização de um ensino público de qualidade.