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San Gorgonio Pass Wind Farm, Desert Hot Springs, CA
Central eólica de San Giorgio, Califórnia – EUA. Crédito: Xavier de Jauréguiberry

A resposta é sim, mas claro que tudo tem um custo. A questão é se o custo-benefício em termos ambientais e financeiros é melhor do que fazer uma usina do porte de Belo Monte. Abaixo um trecho da reportagem publicada pelo jornal O Estado de SP (os grifos são meus):

“Belo Monte terá potência de 11,2 mil megawatts (MW). Como a geração oscilará ao longo do ano – por ter reservatório pequeno, a produção cai drasticamente na seca -, os técnicos fizeram projeções com base na “garantia física” da hidrelétrica, que é a energia média que efetivamente será produzida: 4.571 megawatts médios (MWmed). Para obter essa produção com centrais eólicas, que usam vento para gerar energia, a estimativa é que seria preciso instalar 10.160 turbinas a um custo que varia de R$ 47,8 bilhões a R$ 83,6 bilhões.

Pelas estimativas do governo, Belo Monte demandará gastos de R$ 20 bilhões. O valor é contestado, mas, mesmo nas projeções menos otimistas, a obra custará no máximo R$ 30 bilhões. “No Brasil, ainda temos hidrelétricas para explorar e são a fonte mais barata. Então, tenho de fazer delas o carro-chefe. Outras fontes, como eólicas, biomassa e PCHs são excelentes para complementar, mas não têm as características para liderar a expansão”, diz o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.

Além dos efeitos econômicos, chama atenção o espaço físico necessário para as torres das turbinas eólicas. Se fosse construída uma grande central eólica, contínua, para gerar a mesma energia de Belo Monte, as torres ocupariam área de até 3.047 quilômetros quadrados, duas vezes a cidade de São Paulo. A área alagada para Belo Monte será de 516 quilômetros quadrados.

Para ler a reportagem completa, clique aqui.

Uma questão que poderia ser levantada é que o impacto ambiental gerado por Belo Monte seria na Amazônia e que, mesmo ocupando uma área maior, turbinas eólicas poderiam ser instaladas em biomas considerados de menor importância para o público geral como caatinga e cerrado. Este raciocínio está longe de ser o mais correto se pensarmos em termos de risco de extinção de espécies. Explico um pouco deste assunto em um post sobre Hotspots de Biodiversidade e conservação. Essa mesma “desculpa” é dada por muita gente que ficou feliz com o Zoneamento Agroecológico da cana. Pois para grande parte da população só a Amazônia e no máximo o Pantanal tem relevância em termos ambientais. O cerrado é “mato” e caatinga é deserto. Além da área ocupada, tanto a energia eólica quanto as outras ditas “verdes” possuem impacto ambiental significativo que deve ser considerado. Falei um pouco sobre eles respondendo um comentário em outro post.

Fechando o post gostaria de citar uma ótima frase do Pedro Bara Neto do Greenpeace (as vezes eu elogio, viu?) que saiu no Jornal da Ciência:

“(…) O técnico do Greenpeace acrescenta que a energia eólica é suplementar, e não concorrente das hidrelétricas. Para ele, as centrais eólicas e as usinas de biomassa poderiam exercer o papel complementar que hoje é desempenhado pelas termelétricas movidas a gás.”

Ótima conclusão. Uma pena que muita gente do movimento ambientalista não pensa assim.

Para ler mais sobre o assunto recomendo a leitura dos posts anteriores sobre Belo Monte: “Sobre Belo Monte e hidreletricidade” e “Demanda energética no Brasil crescerá uma Belo Monte a cada 16 meses