Nota de Rodapé (2)

Por Elton Luiz Valente

Recentemente publiquei aqui no Geófagos, em 14/12/2008, um texto no qual eu falava das decepções com alguns “ícones” de nossa história. Naquele texto, emiti minha opinião a respeito da conduta de Niemeyer na sua condição de “celebridade”. Pois bem, na penúltima edição da revista Veja, edição 2096 de 21/01/2009, saiu uma matéria interessante sobre Niemeyer e sua tentativa de “amenizar” a biografia de Stalin. Vale a pena conferir. A matéria está disponível em:

http://veja.abril.uol.com.br/210109/p_130.shtml.

PS. Ultimamente tenho refletido sobre a velhice. Se tivermos sorte (ou não), a maioria de nós vai enfrentá-la. “Em face dos últimos acontecimentos”, fiquei pensando… A velhice pode ser muito boa se o indivíduo deixar, por completo, de se comportar como o imbecil que foi na juventude.

 

Discussão - 2 comentários

  1. manuel disse:

    Caro Elton
    Cá estammos,mais uma vez. Você me desafiou,como vocês dizem(?). Vou me deter apenas no PS.,um assunto mais ao meu alcance,de resto,mais suave.
    Reflectir sobre a velhice? Mas o Elton,é um novo,rodeado de trabalho por todos os lados! Olhe,quando eu por lá passei,o tempo que já lá vai,pensei eu lá nisso. Quase não tinha tempo para me coçar,quanto mais pensar numa coisa incerta,sim,porque de futuro se trata. Costuma-se dizer que o fururo a Deus pertence.
    Deixemos,pois,o futuro para Deus. Não o devemos descurar,é certo,como se mandássemos nele. Faremos o que pudermos,a mais não somos obrigados. Quanto ao meu,eu não sei se fiz tudo quanto podia,mas fiz alguma coisa. Talvez
    devesse ter feito mais,não sei,talvez,a circunstância da juventude,onde concorrem tantos factores,não o permitisem. A circunstância,Elton,uma coisa tão complexa,em que confluem tantos factores,nossos,dos outros,dos outros, Elton,tantos são. Um jogo,a vida, Elton,em que se perde,em que se ganha,sabe-se lá,quantas vezes,como e porquê. Quando penso nesse jogo,penso nas cartas que não tive e penso nas cartas que outros tiveram,e penso,sobretudo,nas cartas que me puseram na mão,porque o jogo era mais deles. Está a ver?,um fulano a jogar,sem querer, o jogo de outros? Para concluir,regressando à CIRCUNSTÂNCIA,essa determinante senhora,que nos é imposta,não se sabe por quem,nem porquê.
    Mas reflita,reflita na velhice,se tem tempo para isso. Eu,ao contrário,por vezes,dou comigo,não a reflectir,mas a reencontrar passos da juventude,não,certamente,como foram mesmo,mas com caras de que não gosto mesmo nada. O que tu fizeste Manuel,não sei o que merecias. Mas acabo por me desculpar,que eu não sabia o que fazia. As caras que a gente vai tendo,Elton. O grande poeta da língua portuguesa,Fernando Pessoa,teve disso larga experiência.
    Mas é tempo de acabar,se acaso aqui chegou.Desculpe-me,mais uma vez,mas é difícil resistir aos seus desafios.
    Muita saúde,e muito bom trabalho.

  2. Prezado Manuel,
    Em função de compromissos com o doutorado, estou meio sem tempo para outras atividades como esta de me dedicar um pouco mais ao Geófagos. Mas quando li a matéria na revista, eu não resisti em postar pelo menos uma pequena “observação”. Esperei que a revista a disponibilizasse na rede para então postar a minha “nota”.
    Confesso que já havia imaginado, de antemão, que você fosse fazer um comentário sobre o postscriptum, pelo fato de que você sempre demonstra muita sabedoria. A sabedoria própria de pessoas que detêm um sentimento muito sadio e admirável de humildade em relação à vida. Certamente fruto de experiências bastante construtivas, umas boas outras ruins, mas sempre experiências de vida.
    Neste último comentário, então, você foi bastante generoso, não apenas com este irrelevante cronista, mas com todos os que se interessem por uma boa conversa e um diálogo frutífero.
    Quanto ao futuro, amigo Manuel, eu às vezes reflito sobre ele (não é apenas recurso de retórica deste “escrivinhador”), muito embora eu, como se diz aqui, já tenha “transposto o cume da serra”. Digamos assim, daqui pra lá, do Atlântico sul para o Atlântico norte, é como se eu lhe dissesse que já estou bem próximo do Alentejo. Aqui costuma-se dizer que, nesta condição, como a minha, o cidadão já dobrou o Cabo da Boa Esperança (o Sul do Continente Africano para os Grandes Navegantes).
    O que quero dizer com o meu “PS.”, no fim das contas, é que na juventude, se não todos nós, pelo menos a maioria comete “imbecilidades”. Afinal é um tempo de imaturidade e experimentação. Sem contar aquilo que você disse, com muitíssima propriedade, as CIRCUNSTÂNCIAS e AS CARTAS que nos são dadas na gênese dessa história toda. E o que é pior, nós nunca somos convidados para estabelecer pelo menos algumas das regras do jogo. Resta-nos a ESPERANÇA, aquela que defendi no texto passado.
    Daí é como você disse, neste seu muito proveitoso comentário, com um pouco mais de idade e experiência, o cidadão precisa se perguntar freqüentemente*, a si mesmo, “o que tu fizeste?” E, com sabedoria, pelo menos tentar expiar seus erros e descuidos. A isso, creio, servem as experiências da vida, para aqueles que têm olhos e ouvidos para ver e ouvir. Pois os cegos e surdos voluntários são sempre aquele que vemos cometendo imbecilidades pela vida afora, independentemente da experiência de vida, não digo idade, porque esta, dependendo do ponto de vista, é relativa.
    Enfim, meu respeitável amigo, o seu comentário enriquece muitíssimo esta minha pequena “nota de rodapé”. Você ainda citou Fernando Pessoa, que considero, ao lado de nomes como Machado de Assis e Shakespeare, entre poucos, os grandes conhecedores do humano, da “adverbialidade” humana. Da “alma” humana, como querem muitos.
    Saúde, muita paz e muito sucesso, é o que deseja a você esse seu amigo de cá, do outro lado do Oceano que banha o Alentejo!
    (*) Usei o trema em “frequentemente” porque, desta vez, eu não quero obedecer ao “acordo ortográfico”, apenas por uma questão de gosto, não é rebeldia, ou imbecilidade, essas coisinhas próprias de jovens imaturos.

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