Médico, para que o jaleco?


Só eu fico com nojo desta imagem?

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Esta semana passada, fiz um curso na faculdade de medicina, e algumas aulas foram dadas em um hospital. Em um dos dias, saíamos na hora do almoço quando tive esta visão perturbadora. A lanchonete estava forrada de médicos de jaleco, comendo. Tem coisa mais nojenta do que isso?
Tudo que eu conseguia pensar é que um deles trabalha com tuberculose, outro era proctologista, e por aí vai. Qual o sentido de usar o jaleco no restaurante do hospital? Para não sujar a roupa? Por que, se o jaleco está limpo, o dono vai levar restos de comida para dentro do consultório. Agora, se já estiver sujo…
Com o passar do curso, reparando mais ao meu redor, fiquei ainda mais impressionado. Descobri que mais do que a suposta proteção, ou a real falta de higiene, o jaleco é uniforme. É um crachá que grita: sou médico. Sim, pois não vejo outro sentido para alguém pegar o metrô já de jaleco, desde casa. Ainda mais com o estetoscópio no pescoço. Alguém ainda usa isso? Para que andar de estetoscópio no metrô?
Provavelmente o sujeito vai andar 4 anos com um estetoscópio pendurado para um dia usá-lo, em um outro passageiro que desmaiou por conta do calor, e tudo vai ser justificado. Mas, para infelicidade do resgatado, ele vai desenvolver uma infecção cutânea massiva, pelo que quer que seja que habitava aquele estetoscópio nojento.
Basta passar entre o Hospital das Clínicas e o InCor em Pinheiros para se ver dezenas de médicos devidamente sinalizados, para lá e para cá trajando o guarda-pó. Na rua. Pegando metrô e (de vez em nunca) ônibus.
A necessidade do uniforme, do traje do médico é tanta, que vi alguns colocarem o jaleco para sair do hospital. Sim, a pessoa estava de camisa, no escritório, e quando foi sair para comer colocou o jaleco! Quase um paletó. Outros, vi abotoando o jaleco ao entrar no auditório, simplesmente para assistir a uma apresentação. Qual o sentido?
Se antes eu achava tosco alunos de odonto e enfermagem serem obrigados a assistir aula de roupa branca em algumas faculdades (achava que estivessem indo ou voltado do trabalho, mas descobri que se tratava de convenção mesmo), acabo de eleger algo muito pior. E mais porco. Para que serve o jaleco, afinal?
[update] Como bem lembrado pelo nelas, pelo  Roberto Takata e por outros, vários restaurantes proíbem a entrada de pessoas com jaleco, e a prefeitura de Belo Horizonte proibiu a circulação fora do ambiente de trabalho. A que ponto se precisa chegar para que o profissional mais bem informado sobre a consequência do que faz tome a atitude correta.
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81 responses to “Médico, para que o jaleco?”

  1. “Segundo ponto, imaginem-se na rotina médica, obrigado a vestir o jaleco todo dia. Agora pensem que cada vez que vc for tomar uma aguá ou comer um pão de queijo, vc tenha que trocar de roupa. Calculem quantas vezes vcs tomam um cafezinho por dia. Fica fácil estimar o tempo perdido trocando de roupa pra ir até a lanchonete e depois pra voltar ao consultório.”
    Filha, você usa um jaleco ou um macacão? É SÓ PUXAR OS BRAÇOS!!! Que trabalho é esse que a sua magestade não pode se dar para diminuir o risco de propagação de patógenos!
    Você acha higiênico se um mecânico chegar no refeitório com o macacão todo sujo e esticar o braço encima da comida?

  2. Sou médico.
    O jaleco, ao meu ver, nao tem intuito algum de identificação do profissional. Já foi o tempo, mas hoje, pelo contrário, vê-se muito mais médicos trabalhando com roupas comuns (calça jeans ou social, por exemplo) e profissionais de áreas para-médicas (enfermeiros e técnicos) utilizando roupas brancas como um todo.
    Na verdade, o jaleco tem o intuito de proteger O PROFISSIONAL, não o paciente. No caso de secreções, contaminadas ou não, irem de encontro ao médico, o jaleco (ou guarda-pó) o protege do contato direto da sua roupa (normalmente feita de tecido mais fino e menos resistente do que o do jaleco) com aquela secreção.
    Boa parte dos microorganismos causadores das infecções acumulam-se nessa vestimenta em muito pequena quantidade, irrelevante para o caso de causar infecções graves por uma contaminação num restaurante, por exemplo. Na verdade, os mais temidos, como vírus ou germes multirresistentes, sequer sobrevivem muito tempo naquele tecido.
    O FATO é que vivemos (TODOS, médicos ou não) rodeados de germes por todos os lados. Já se foi o tempo em que deveríamos, ao entrar num CTI ou Centro Cirurgico, que nos encapotar todos, colocar sapatilhas nos pés, etc. Hoje em dia, a grande idéia é que estas bactérias adquiridas “na rua” são irrelevantes, comparadas com aquelas multirresistentes do ambiente hospitalar.
    Preocupo-me mais com um profissional ou um visitante que NAO LAVA AS MÃOS CORRETAMENTE E FREQUENTEMENTE, do que o médico que vai a um refeitório vestindo jaleco.
    Francamente! Sejamos sensatos!! Já tenho muitos anos de medicina. Não é porque como com o jaleco que tive infecções alimentares graves! Na verdade, os médicos adoecem das mesmas doenças e sob os mesmos germes que a população comum!!

  3. O problema de infecções hospitalares é causado por visitantes que não tem que estar no hospital. Hospital é lugar de médicos e pacientes, não da família com 10 integrantes que vão passar o fim de semana com o familiar internado. Se tem nojo de profissionais que usam o uniforme de trabalho no almoço, deveria trocar de roupa sempre que vai a um restaurante. Em qualquer hospital americano ou europeu (já estive em alguns), o normal é usar jaleco ou roupa de bloco cirúrgico em qualquer área. E a taxa de infecções hospitalares é menor. O mais certo é que um dos fatores seja a menor circulação de pessoal sem envolvimento com o tratamento do paciente.

  4. Jaleco é instrumento de proteção. Só. Instrumento de identificação é carteira de identidade e crachá.

  5. Sobre o uso do Jaleco como identificação profissional no HC da USP, tenho uma história interessante de quando fiz um estágio por lá.
    A circulação pelo prédio é, de certa forma, regulada por uma portaria que questiona o que você está fazendo lá. Normalmente eu carregava meu jaleco dentro da mochila (e chato que sou, dentro de um saco plástico para separá-lo de meus materiais). Todos os dias algum dos recepcionistas me perguntava onde eu estava indo e o que iria fazer por lá, registravam meu nome no sistema e me davam um crachá de visitante. Porém, após conversar com um colega do HC sobre o assunto fiquei sabendo que se eu estivesse com o jaleco a vista ninguém perguntaria nada. Fiz o teste, levei meu jaleco como de costume e ao entrar no prédio tirei da mochila e pendurei no ombro. Pronto, passei pela recepção sem ouvir nenhuma pergunta.
    Fica a dica, se quiserem passear pelo HC, basta ter um jaleco a mostra.

  6. Lembrando que Jaleco é um EPI. Não vais ver um engenheiro usando capacete num restaurante.
    E rotina de hospital é desculpa esfarrapada.
    Irresponsabilidade é passar germes de um local a outro do hospital,obrigação é usar jaleco no serviço.Terminou coloque numa sacola fechada apenas para ele e pronto. Ou coloque um gancho atrás da porta do consultório.
    Estetoscópio deve ser mantido limpo. Impossível? Então é culpa da equipe de enfermagem que precisa dar condições para um médico manter seus materiais em ordem.Ja que procedimentos cabe a eles.
    Aqui na Estadual do AMAZONAS tivemos aulas sobre o risco de transmissão e contagio. Indico aos formados a mais de 10 anos um curso de reciclagem para parar de servir como hospedeiro ambulante de microorganismos.

  7. Tanto a saúde como a doença é para quem pode e não para quem quer. Assim como a beleza em que a natureza é generosa para com algumas pessoas apenas. O medo da morte e do sofrimento nos impede de viver plenamente. A maior decepção para um médico no decorrer de sua formação médica é ele descobrir que não poderá salvar quem ele quer e sim aqueles a quem é dado viver mesmo tendo caído do 10º andar. Descobre-se que em medicina 2+2 pode ser 5. Há um fator oculto que nos impede de entender como e porque funciona para alguns e não funciona para outros. E o pior, descobre-se que não há regalias para nós médicos e que adoecemos e morremos como o mais comum dos mortais. Há médicos que apesar de toda exposição ao meio contaminado em que trabalham nunca adoeceram. E há pacientes que entendem mais de doenças e cirurgias que muitos clínicos e cirurgiões, pois passaram a vida em hospitais sendo tratados sabe-se lá do quê!

  8. O que conta é o bom senso que uns tem e outros não e as vezes tem e as vezes não tem. Devíamos estar preocupado é com o nosso sistema imunológico de defesa e o que fazer para ajudá-lo dentro do que é possível fazer. Daí para frente o destino nos reserva surpresas que só o futuro nos mostrará e que não adianta viver como um hipocondríaco em que o epitáfio diz: “Eu não disse!”

  9. Helio parabéns. Parentes para que? Sem eles o estado emacional do paciente vai crescer bastante e ele vai se recuperar rapidinho. Vamos fazer como os europeus e americanos, e usar nosso jalecos nos restaurantes. Até porque, os americanos eles pode. Quando eles começarem a levar os jalecos para o banheiro, vamos levar também.
    ah francamente viu! É cada um que aparece rsrs

  10. Vários comentários de gente que não sabe do que está falando. O que é proibido estritamente é andar pelo hospital, ou fora dele, com as roupas do bloco cirúrgico ou das salas onde são realizados procedimentos invasivos. O jaleco é muito mais um uniforme e um meio de identificação do que uma proteção de quem quer que seja, tanto do paciente como dos familiares deste. O que protege o profissional da saúde e a população em geral é o simples hábito de lavar direito e seguidamente as mãos, coisa que muitos daqui não fazem nem ao sair do banheiro, que dirá antes de comer ou antes de visitar alguém internado. Estetoscópio transmitindo doenças, me poupem. Se assim realmente fosse, teriam que tocar dinheiro apenas usando luvas.

  11. Médico Use Jaleco! Lembre a todos que existimos!
    Pois é, os médicos incomodam. Ficam andando de branco por aí, lembrando a todos que eles existem. Deviam ficar confinados em consultórios, hospitais e laboratórios e não ficar andando pela rua. Na antiguidade os senhores escolhiam lá um escravo mais esperto e o enviavam a uma escola de medicina para que aprendesse a arte e depois o servisse. Médicos eram escravos. ( hoje em dia para desprazer dos senhores são livres) Na idade média eram em geral monges ( vem daí a imagem de que o exercício da medicina é um sacerdócio? ) depois começaram a ser autonomos e corporativos ( que mal há em ser corporativo? Afinal todas as profissões são ) Hoje em dia alguns médicos ganham muito bem podem comprar bens de consumo caros e exibi-los, andando de jaleco. Isso irrita profundamente a sociedade, afinal quem gosta de dar dinheiro aos médicos para cuidar de sua saúde? Pagar R$500,00 em um cabelereiro todo sábado é um prazer, mas pagar R$ 400,00 reais em uma consulta a cada seis meses para cuidar da saúde é uma exploração inominável!.
    Algumas coisas precisam ser colocadas: Primeiro que o jaleco transmite doenças- grande bobagem- se fizermos coleta de amostras de qualquer roupa de qualquer pessoa, as bactérias estarão lá. Segundo, quando os médicos andavam vestidos de branco e atendiam os pacientes nestes trajes, ninguem reclamava que eles andassem na rua com a mesma roupa que atendiam. Terceiro que o jaleco é usado para proteger o médico e não o paciente. Quarto que quando fazemos algum procedimento, tiramos o jaleco e colocamos outra roupa, ou avental para realiza-lo. Quinto que os médicos andam de jaleco pela rua por que ganham mal e assim tem que andar de um emprego para o outro às vezes quatro em um só dia, sendo que a melhor maneira de carregar um jaleco é vestindo-o, pois numa mão está a pasta e na outra o passe de metrô.
    Então, médico incomoda. E devemos incomodar mesmo, andar com nosso jaleco branco por todos os lugares, para lembrar a todos como somos explorados pelo governo e pelos planos de saúde. Continuo a andar com meu jaleco branco e espero que todos se incomodem e passem a dar aos médicos um salário digno para que ele possa ter apenas um emprego onde use o jaleco e ganhar o que merece, digamos assim, o mesmo salário e o mesmo plano de carreira de um promotor público.

  12. Bom… No laboratório onde trabalho temos três áreas distintas cada uma com seu jaleco específico, tiramos e colocamos jalecos o dia inteiro. Qual o problema de tirar o bendito jaleco, deixar no consultório e ir fazer suas atividades?
    Na boa, dizer que não tem problema, que a culpa de infecções hospitalares é dos visitantes e tal… Me dá medo dos médicos formados atualmente. De verdade.
    Pior ainda é vir com esse discurso ridículo de que todos tem inveja dos médicos. Desculpa, se é pra ter inveja de alguma carreira, tenho é de juizes, que realmente formam uma classe a parte, ou de políticos.

  13. O problema não é só levar um jaleco pra fora do hospital/consultório. Preocupante é, também, o contrário! Lugares que supostamente deveriam estar limpos/estéreis acabam sendo contaminados pelos jalecos destes mesmos profissionais que deveriam estar zelando pela nossa saúde (e não acabando com ela)

  14. Sou estudante de medicina da USP e acho desnecessária essa polêmica. Os infectologistas, que endentem, de fato, do assunto, são categóricos: mais eficiente do que polemizar quanto ao uso avental, ainda mais envolvendo discussões inúteis (como as que tratam de status), seria fazer uma real e grande campanha em prol da lavagem correta e frequente das mãos. Isso, sim, é pertinente e evitaria, e muito, a contaminação que tanto os preocupa, meus caros.

  15. @Brian,
    Seu argumento é equivalente ao “enquanto isso há crianças passando fome na África”. Ambos são importantes, lavar a mão e guardar o jaleco, e ambos contribuem para restringir doenças.

  16. O uso do jaleco é algo um tanto inútil. É como se fosse apenas um uniforme, não tem nada a ver com questões de higiene.
    Dentro do hospital, em procedimentos que envolvam riscos de contaminação, existem vestimentas próprias para realizar tais procedimentos, geralmente descartáveis, que ficam dentro do próprio hospital. Nenhum médico, enfermeiro ou auxiliar de enfermagem usa aqueles jalecos que vocês vêem nas ruas em procedimentos desse tipo.
    Quanto a disseminação de bactérias, isso é uma verdadeira tolice.
    Já se perguntaram o porquê dessas bactérias ficarem restritas ao ambiente hospitalar e não se espalharem pelas ruas?
    Essa bactérias que são resistentes a antibióticos servem para apenas uma coisa: metabolizar antibióticos. Quando deixam o hospital, não conseguem sobreviver em condições climáticas diferentes (o hospital é quentinho, tem uma temperatura constante. Na rua, precisam sobreviver às variações de temperatura, umidade, competir com outras bactérias, com fungos…). São como aqueles nerds bobões que “pagam de malandrão” atrás de um computador e, quando saem pra rua, querem continuar bancando o “malandrão” e apanham do primeiro zé mané que aparece na frente….
    Outra coisa, na nossa pele e nas nossas mucosas vivem outras bactérias. Quando entramos em contato com um desses germes hospitalares eles, para sobreviver, também precisam competir com essas bactérias que vivem em nosso corpo. E como a única coisa que sabem fazer é metabolizar antibiótico…

  17. Trabalhar num hospital de doenças infecto-contagiosas e não conseguir almoçar no refeitório devido à alta concentração de infectologistas e demais profissionais trajando jaleco no ambiente – EU SOBREVIVI!
    E que coisa mais antiga essa de dizer “mimimi inveja d

  18. Trabalhar num hospital de doenças infecto-contagiosas e não conseguir almoçar no refeitório devido à alta concentração de infectologistas e demais profissionais trajando jaleco no ambiente – EU SOBREVIVI!
    E que coisa mais antiga essa de dizer “mimimi inveja dos médicos”. Mais antiga do que a profissão mais antiga do mundo.
    Quem tem inveja de alguém que se mata pra salvar vidas e é tão mal remunerado?
    Vamos ter inveja do Eike Batista, isso sim!

  19. Se o médico sair sem o jaleco, terá as mesmas bactérias e vírus de que se estivesse usando um. Me pergunto então qual é o grande problema dos médicos usarem a vestimenta característica de sua profissão. Se um empresário – que diga se de passagem, tem muito mais prestígio social – sai de terno na rua, ninguém fica incomodado e entende como “vontade de se mostrar”, de se sentir “superior”.. Portanto, essa ideia parte do próprio pensamento das pessoas de que os médicos tem status, são importantes e por isso, querem ter esse sentimento a todo instante. Preocupem-se com questões mais sérias e menos estúpidas que esta.

  20. Jaleco, “guarda-pó” ou bata: é uma peça de roupa, normalmente de tecido branco, utilizada como forma de “barreira corporal” em hospitais, laboratórios, fábricas, restaurantes, escolas, entre outros. O conceito é bem simples,…deve ser usado por profissionais de bom senso e que prezam pela higiene “no trabalho”. Fora isso, quem quiser aparecer, pode pendurar no pescoço algum tipo de identificação, tipo um estetoscópio ou mesmo uma faca de amputação. Nas proximidades do Instituto de “Infectologia” Emílio Ribas, em São Paulo pode-se comer muito bem e você nem precisa de muito esforço se quiser encontrar um(a) médico(a) com suas coleções de vírus e bactérias transmitidas pelo ar.

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