Quer multidisciplinaridade? Vá para áreas da saúde.

A ideia é juntar tudo

[Post patrocinado por EducaEdu: Cursos Saúde e Medicina]

A trans-inter-super-ultra-mega-blaster-multidisciplinaridade estána moda, certo? Todo mundo fala disso. Mas eu acho que a coisa ainda está muito mais no discurso do que na prática. O mundo ainda compensa mais as pessoas super-especializadas. Isso é o que eu acho, mas podemos discutir. Se não concorda ou me apóia, comente este post com sua idéia.

Apesar de não ver isso na prática da pesquisa, pelo menos tenho visto algo parecido surgir em aulas da pós-graduação. Ou pelo menos algumas. E vejo que a área de saúde é a que tem estado na frente nesta multidisciplinaridade.

Dou alguns exemplos:

Como eu estou entrando na área das neurociências eu tenho feito disciplinas de pós-graduação na psiquiatria da USP, e comecei por uma disciplina mais amistosa para mim, biólogo que sou – isto é, com um “molecular” ou “genética” no nome. Afinal, em estudos do câncer ou do cérebro, molecular é molecular e genética é genética. Elas são ferramentas que podem ser aplicadas a muita coisa, e os termos, técnicas e jargões são os mesmos. Começando assim eu pude me sentir menos patinho feio dentro da psiquiatria.

Assim comecei com a disciplina Genética e Transtornos Psiquiátricos. Pode parecer bem clínico, mas no programa dava pra ver que abordaria conceitos básicos, indo de interação gene x ambiente, passando por estudos epidemiológicos, moleculares e até bioinformática e modelos animais.

Mas a multidisciplinaridade mais interessante não estava no conteúdo das aulas, mas nos alunos que apareceram por lá.

Havia biólogo (eu e não sei se mais algum), psicóloga clínica, um psiquiatra beeeem clínico mas interessado por pesquisa e epigenética, psiquiatra epidemiologista, e até um neurocirurgião!!!

Sério, eu nunca tinha conversado com um neurocirurgião. Para mim eles carregam um estigma de serem os seres mais inteligentes do mundo. Não que eu ache isso, mas parece que quando as pessoas pensam em uma profissão absurdamente difícil, pensam em neurocirurgião.

Claro que o cara era normal, bem gente boa, muito inteligente, principalmente uma inteligência bem técnica, eu diria, mas nada fora do comum para um bom cirurgião. E deu contribuições fantásticas nas discussões da aula. Sério, agora eu quero ter sempre um neurocirurgião por perto pra conversar e tirar dúvidas.

Agora estou em outra disciplina, esta bem mais voltada para pesquisa, mas ainda sim temos certa diversidade com psiquiatras (na maioria), psicólogos e eu, o biólogo fora do nicho.

E foi muito legal contribuir para a discussão quando a conversa foi sobre o papel da evolução nas doenças psiquiátricas. Eu como biólogo pude ajudar com conceitos que para biólogos são banais, mas para médicos e psicólogo são mais distantes.

Estou gostando de estar nessa área médica ou de saúde. Afinal eu tenho essa tendência generalista, de gostar de tudo, e vejo que há muita multidisciplinaridade por aqui. Claro que ainda faltam áreas importantes entrarem na roda, como, no caso da psiquiatria, os psicólogos comportamentais, neurocientistas e pessoal do comportamento animal, entre outros.

Juro que isso tudo chegou a gerar uma certa inveja-boa da prática clínica. Mas ainda bem que passa rápido.

Por isso, se você é um generalista como eu, gosta de interagir com várias áreas, e ainda não sabe o que fazer da vida (vai prestar vestibular ou entrar em uma pós-graduação), as áreas da saúde são uma boa pedida.

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3 comentários em “Quer multidisciplinaridade? Vá para áreas da saúde.”

  1. Buenoo!
    Quando vi o título do post, tive logo que ler. Me formei ano passado pela Unifesp/ Baixada Santista e a graduação de lá tem sido bem focada em multidisciplinaridade. E especialmente lá, diferente de outros Campi, temos sido 'testados' com uma metodologia bem diferente, mas bem bacana.
    Desde o primeiro ano, somos incentivados a pensar de modo multiprofissional. No primeiro ano, temos aulas com todos os cursos, menos o nosso. Temos aula com nosso curso apenas 1 vez na semana, com aquelas matérias básicas de história da Nutrição (aah, sou nutricionista!) e bla bla. Assim, aulas básicas para todos os cursos são assistidas juntas, como ´ética, iniciação em pesquisa, e bem como microbiologia, anatomia, fisiologia, histologia. Cada matéria temos uma sala diferente, com todos os 5 cursos do campus, claro, todos da saúde. E todo tipo de trabalho que tinhamos, precisavamos de pelo menos 1 representante de cada curso. Além disso, durante todo o curso, desde o primeiro semestre, tinhamos atividades de campo, onde entravamos nas palafitas e nos centros urbanos, para conversar com a população mais carente, e aos poucos (conforme tinhamos conhecimento), agir para ajudar a população, mas SEMPRE em grupos multi. Apenas no último ano ficamos mais próximos da nossa sala mesmo, com 4 aulas na semana sobre nosso curso, e ainda 1 dia com a matéria de ir a campo.

    Na época, as vezes achavamos complicado ficar achando gente de todo curso pra fazer grupo, mas hoje sinto uma enorme diferença entre eu e alguns colegas, por que a geração que se formou nesse contexto consegue colocar na prática a interdisciplinaridade muito mais facilmente, além de termos aprendido que precisamos sim da opinião de outros cursos, o quanto tudo isso é importante e tals.
    Ainda sou uma generalista, sem saber se corro ou se fico, ou se compro uma bicicleta, mas gostaria sim de me especializar. Acho ainda que especializar não impede a interdisciplinaridade, já que precisamos de contribuições e contribuimos ao mesmo tempo. Acho também que na saúde é tão visível esse pedido de interdiscilinaridade, já que na saúde, uma pessoa doente é uma pessoa doente, e não um rim doente que não tem nada a ver com o sistema circulatório que não tem nada a ver com coração. Está tudo ligado, e precisamos uns dos outros sim! Agora só falta colocar em prática nos serviços de saúde, o que pode ser muito complicado, já que a maioria dos sistemas não é muito flexível.

    Ótimo post. Espero que eu tenha contribuido!
    Abçs.
    Danny.

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