RNAm Expresso vol. 5 – Leituras interessantes!

090821085252_axolote226.jpgCientistas estudam anfíbio ‘monstro’ para tratar regeneração de membros: a gracinha que pode ser vista na foto ao lado, chamada Axolote, é capaz de regenerar até pedaços do CÉREBRO! Isso explica ter tanto dinheiro indo prás pesquisas com esse anfíbio, só o Departamento de Defesa dos EUA já doou 6 milhões de dólares para esses estudos. BBC Brasil
Sintomas mostram a hora de ir ao médico; veja lista criada por especialistas: lista elaborada pela Clínica Mayo (EUA) com dez sinais que indicam necessidade de cuidados médicos, comentada por especialistas contatados pela Folha Online.
Butantan começa a fazer vacina antigripe em outubro; conheça a fábrica por dentro: vejam esse ótimo infográfico mostrando como é a fábrica que produzirá as vacinas contra a Gripe Suína (H1N1; Gripe A) no Instituto Butantan. G1 Ciência e Saúde
Cientistas transplantam genoma em novo ‘passo’ rumo à criação de vida sintética: a equipe de cientistas comandada por Craig Venter (alguém aí lembra da Celera Genomics quando estavam sequenciando o genoma humano?) diz estar mais próxima de criar uma célula sintética! Eles anunciaram a criação de um novo tipo de bactéria a partir de um genoma modificado. UOL Ciência e Saúde
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Por hoje é só pessoal, bom sábado a todos!
Imagem: Jesús Chimal, pesquisador da Universidad Nacional Autónoma de México, um dos autores dos estudos envolvendo o Axolote

Sobre a “segunda onda” da Gripe Suína (Gripe A; vírus H1N1)

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Apesar de ainda estarmos aguardando dados mais confiáveis referentes aos casos e óbitos causados pelo vírus H1N1 (na imagem ao lado) no Brasil (e no resto do mundo), existe uma sensação geral de que a pandemia não é tão grave, em termos de risco de morte, como alguns especialistas haviam previsto.
Fiquei a par de alguns dados recentes, provenientes de um informe interno que circula no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP: entre Abril e Agosto de 2009, foram relatados 162.380 casos confirmados laboratorialmente de influenza A (H1N1) e 1154 óbitos, em todo o mundo.
Também se comenta no documento que esses números estão subestimados, visto que são referentes a diagnósticos laboratoriais do vírus H1N1, enquanto muitos países adotaram a estratégia do diagnóstico clínico, de modo que os testes laboratoriais foram priorizados para pacientes com formas graves da doença ou grupos de alto risco, como gestantes, por exemplo.
Também já se sabe que o novo vírus influenza A (H1N1) é o vírus influenza dominante em circulação nos Estados Unidos, Inglaterra, África do Sul, Nova Zelândia, Austrália, Chile, Argentina e Brasil.
O grande medo, ao menos no Hemisfério Norte, é que se repita o caso observado na Gripe Espanhola, em que houve 2 surtos principais, com resultados bastante diferentes.
O primeiro ocorreu durante a Primavera (nosso Outono), e foi bastante ameno. Já o segundo surto, todos conhecemos, pois foi o que teve um número realmente impressionante de óbitos, superando a casa da dezena de milhão (os números até hoje não são certos, e variam entre 20 e 50 milhões de mortos… uma quantidade enorme, mesmo se considerando o valor mais baixo).
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Vítimas da Gripe Espanhola, em 1918


Alguns especialistas alertam exatamente para este fato: podemos estar no meio do que seria um “surto primário”, mais ameno, e que poderia ser desencadeado um “surto secundário” nos próximos meses, causando as milhares (milhões?) de mortes já consideradas em vários comunicados.
No entanto, David M. Morens e Jeffery K. Taubenberger, membros do National Institutes of Health, nos EUA, questionam a idéia de que os casos de pandemias severas sejam necessariamente precedidos por uma temporada em que a doença haja de maneira mais branda (como ocorreu com a Gripe Espanhola). Eles analisaram 15 casos de pandemia ocorridos nos últimos 500 anos, e afirmam que esse tipo de padrão não é algo constante.
Apesar de os surtos brandos ocorridos em 1917 e no começo de 1918, os pesquisadores dizem que não há evidências convincentes de que esses surtos de Primavera no Hemisfério Norte foram causados pelo mesmo vírus responsável pelos estragos feitos meses depois, durante o Outono. Eles também não encontraram evidências que apoiassem o conceito de que o vírus de 1918 tenha ficado mais mortal de forma progressiva, à medida que a pandemia avançava.
Em um comunicado nesta 4a-feira ao Journal of the American Medical Association (JAMA), comentaram:
“Considerando os longos e confusos registros de pandemias de gripe, é difícil predizer o curso futuro da presente pandemia ocasionada pelo vírus H1N1”.
Os surtos de gripe certamente seguem um padrão sazonal, e os pesquisadores concordam que, nesse momento, o Verão do Hemisfério Norte possam estar retardando o avanço do vírus. Mas eles dizem que, mesmo que esse avanço evolua novamente no Outono ou Inverno, não há motivos para se assumir maior probabilidade de o vírus se tornar mais contagioso e/ou mortal.
O fato de o vírus ter começado a se espalhar pelo Hemisfério justamente durante as estações mais quentes faz com que os pesquisadores acreditem que há grandes possibilidade dessa pandemia não ser tão mortal quanto suas “primas” do passado.
Para maiores informações sobre a Gripe Suína, e excelentes levantamentos históricos dos episódios anteriores de grandes surtos, recomendo fortemente a leitura dos seguintes posts, ótimas fontes de informação:
Rainha Vermelha: “O que você precisa saber sobre a gripe suína” e “Gripe suína – Lições do passado”
100Nexos: “Gripe suína: Vamos todos morrer (Lições de 1976)”
Não esqueçam também de acessar o Portal do Ministério da Saúde, com atualizações constantes sobre o panorama dessa pandemia no Brasil.
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Gripe Suína (gripe A; vírus H1N1) atinge até a alma!

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Notícia no jornal Estado de S. Paulo:
Religiões adaptam tradiçoes à gripe suína

Esta gripe A não é mole não. Mais poderosa na mente e no social que efetivamente no corpo das pessoas, ela atingiu orgãos sociais diversos. A via usada para a infecção foi a mídia, sempre aberta e com poucas defesas para este tipo de ataque. Por irrigar todo o corpo social, logo o vírus pôde se alastrar por todo o mundo, atingindo outros orgãos.
Orgãos públicos por exemplo. Ministérios da saúde se mobilizaram em dizer que estavam preparados; polícias e vigilância sanitária de olho nas fronteiras; hospitais e cientístas atentos.

Vírus da alma

Até a alma deste corpo social se debilitou, ou pelo menos se compadeceu, pelo ataque viral.
As igrejas estão tendo que adaptar suas tradições para minimizar o alastramento da doença.
É a primeira vez que a OMS e organizações religiosas conversam.
E não é pra menos. Imaginem a peregrinação para Meca, tradição obrigatória dos muçulmanos e que reúne 3 milhões de pessoas de todo o mundo! Por isso representantes do islã já recomendam que, se com medo da gripe, melhor evitar a visita ao cubo negro em Meca e Medina. Missas católicas todos os domingos com um padre argentino colocando a hóstia na sua boca?! Melhor não. A argentina está com o um número imenso de infectados. Por isso sua igreja Católica recomendou cautela: sem hóstia na boca e sem abraço da paz. E na Inglaterra a igreja Anglicana até água benta cortou. “Mas e as bênçãos?” Ora, Deus entende. (daí a pergunta que fica é “pra quê a água benta antes, então?”mas deixa pra lá)
Tem ateu até achando alguma vantagem na gripe pra mostrar que as próprias igrejas perecebem que não dão mais o conforto necessário a seus seguidores. Afinal, durante a peste negra, na Idade Média, e a gripe espanhola as igrejas foram as únicas instituições que não fecharam, mas hoje “elas se renderam.”
Mas acho que o caso não é pra tanto. Pelo menos mostra que as tradições podem ser adaptadas aos maus do corpo terreno. Está reconhecida a importância da dignidade neste mundo de carne e osso. O que ainda não invalida acreditar em que quer que seja no além.
E dizem até que crer pode ser um santo remédio, aumentando longevidade e resistência a infecções (procurarei mais artigos sérios sobre isto).
Assim ficamos num político 1 X 1. Ponto para os ateus e ponto para os religiosos.
(E eu escolhi neste post o “caminho do meio”, mesmo não sendo budista)

Gripe suína: informação, globalização e prejuízos

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Na década de 70, o governo militar no Brasil escondeu da população um surto de meningite que estava acontecendo. Tudo para evitar o pânico. Decisão acertada? Claro que agora que estamos na era da informação, isto soa absurdo. A população tem o direito de saber o que está acontecendo sob seus narizes. Saber sobre a epidemia pode ser importante para evitar viagens para locais de risco, saber se podemos comer a carne do animal afetado, etc. Diminuindo assim os riscos.

Mas até que ponto a população sabe o que fazer com a informação? Informar dados não resulta diretamente em boas práticas por parte de quem não tem conhecimento mínimo em determinados assuntos. Digo educação científica básica, não necessariamente conhecimentos em epidemiologia ou infectologia.

Afinal começam as brincadeiras. Qualquer um gripado e se ouve “é a gripe suína”, mas brincadeiras a parte, a epidemia já mostra reflexos em áreas que nem imaginamos. As ações de companhias aéreas e redes hoteleiras já despencaram, enquanto ações de farmacêuticas produtoras de remédios antivirais dispararam.

Por causa destas reações em cadeia, muitas vezes imprevisíveis, que se deve tomar muito cuidado ao informar a população, incluindo aqui lavadeiras, marceneiros, políticos e empresários, que raras exceções, não têm conhecimento científico nenhum, e podem interpretar muito mal a real situação de uma epidemia como esta.

cofrinho.jpgE aqui vem o maior paradoxo deste sistema maluco que é o nosso mundo globalizado. Afinal, o setor que terá o maior prejuízo provavelmente será o de suinocultura, mas é justamente onde o dinheiro vai ser mais urgente para manter a produção, que é necessária, mas em condições adequadas de higiene, para evitar avanço desta e surgimento de outras doenças.

Afinal a doença se originou do contato humano excessivo com os animais, devido à má condição dos criadouros.

Claro que o peso cairá nos governos, que terão que incentivar o setor com linhas de crédito e coisas deste tipo, o que leva à famosa “estatização dos prejuízos” das empresas de setores centrais na economia. Nada que a crise mundial não tenha nos ensinado. Mas a contrapartida deve ser exigida pelo governo, liberando crédito com condições, algumas delas sendo a observação dos padrões higiênicos e ambientais exigidos por convenções internacionais. Certificando-se, assim, que nada disso ocorra novamente.

Feliz ou infelizmente, o problema de um mexicano (e seu porquinho) acaba sendo um problema para todo o mundo.

Mais informações no ScienceBlogs:
Rainha Vermelha
Brontossauros no meu Jardim
Ecce Medicus