Cidade da Ciência vs. Copa do Mundo

Natal, capital do Rio Grande do Norte e cidade onde moro, corre o risco de virar cidade-sede da Copa do Mundo de num-sei-quando (não sou exatamente do tipo esportivo; sou um nerd, meu esporte é informação), com um estádio a ser construído onde hoje funciona o Centro Administrativo (nome moderno para Palácio do Governo) e aparentemente custará um quarto de bilhão de contos do nosso rico dinheirinho.
Mas, como eu já disse que não ligo para esportes físicos, por quê então estaria falando de um estádio de futebol?
Há quase exatamente dois anos, apareceu uma notícia na imprensa potiguar que dizia que Natal, Cidade do Sol (slogan turístico oficial), teria uma Cidade da Ciência a ser construída em meados de 2008 com um custo estimado em 7 milhões de pilas.
Ano passado começou e (sendo passado) acabou e neca-de-pitibiriba de observatório (carro-chefe da empreitada), parque, museu, bixiga-lixa, cacete-a-quatro, etc, etc.
Em novembro, este neguinho aqui perdeu tempo noticiou o assunto (ainda no antigo Lablogatório).
Então, dia oito de janeiro deste, outra notícia que já começa otimisticamente com “começaram, efetivamente, no Centro Administrativo, na BR-101, as obras de construção da Cidade da Ciência” mas antes do parágrafo acabar revela que “a partir da próxima semana, quando terá passado esse período de recesso de final de ano, teremos um incremento nas obras” e diz que agora vai custar treze milhas. Mais de 85% de aumento em nove meses. Nem um bucho aumenta tanto assim.
Eu passei por lá recentemente (semana passada) e não vi nenhum dos prédios antigos no chão ou qualquer outro indício de um trabalho a caminho.
Mas como não entrei, não posso dizer que o chão não está super-aplainado e bem alicerçado. Isso fica para semana que vem, quando pretendo botar o time em campo (usei essa analogia certo?) e ir visitar o sítio.
Mas que diabos o começo do artigo tem a ver com o meio?
O local.
Sim, pois com a expectativa de Natal virar reduto de anabolizados atletas fedendo jogando por quinze dias, acabou-se Cidade da Ciência, pois não há outro lugar grande e central o suficiente para acomodar outro estádio. Natal, 800mil habitantes, tem TRÊS estádios de futebol.
E por quê reformar um quando se pode construir outro pelo triplo do preço? Ou mesmo demolir um que já não serve de muita coisa e construir o novo ali.
Não, precisamos gastar vinte vezes mais e trocar a Ciência pelo Esporte.
Pensando bem, é até bom que não tenhamos algo assim aqui. Será menos dor na minha cabeça, pois o local seria certamente administrado pelo pessoal da UFRN, que não sabe diferenciar formando de Ph.D (podem perguntar ao Marco, que passou uma temporada aqui lixando isopor).

“Pra quê estudar taxa de deformação, arrasto, aerodinâmica e movimento parabólico se eu posso simplesmente dar um bicudo na bola?”
– Algum jogador cujo nome acaba em ‘son’ –

1º de abril

Hoje não vou falar do tradicional Dia da Mentira (algo a ver com a maneira como os franceses marcavam a passagem do ano), mas sobre os 45 anos da Ditadura Militar Brasileira.
No primeiro dia do quarto mês do ano de 1964, João Goulart foi derrubado da presidência, num episódio que deu início à ditadura militar no Brasil.
Ontem, na Rádio Senado, ouço um senador dizendo que “o dia de hoje deve ser lembrado como uma lição de que o processo democrático não pode parar”.
Imediatamente me lembrei de uma hipótese formulada por Ford Prefect que supunha que “os humanos devem permanecer constantemente falando porque, se suas bocas pararem de mexer, seus cérebros começam a funcionar”.
Não creio que essa tenha sido a idéia do senador, mas foi sem dúvida a minha: se o processo democrático parar, as coisas começam a funcionar.
Tudo bem que existia censura de imprensa institucionalizada, mas hoje em dia até o YouTube foi tirado do ar por causa de uma apresentadora que achou ruim ser filmada fornicando numa praia pública e um jornal de Minas que foi cercado pela PF para que nenhuma edição saisse das prensas sem um “direito de resposta”.
programa na TV Senado foi tirado da grade de programação antes de sequer estrear.
A censura serviu pelo menos para alimentar uma geração de letristas razoáveis, um mundo de distância dos xárli-bráu-júniores de hoje em dia.
Também não podíamos escolher nossos governantes.
Daqui de onde eu estou não vejo muito lucro em ter esse “poder” de escolha. Já chegamos ao ponto onde devemos escolher o “menos ruim” para termos alguma chance.
O que inevitavelmente leva a lugar nenhum, pois A vira apoiador de B, mas C ainda terá direito a X vagas no ministério de sua escolha.
Aí eu me pergunto: qualé a diferença? E eu mesmo me respondo: nenhuma!
Os militares governavam arbitrariamente, mas faziam isso abertamente, sem se esconder sob o manto da “democracia”.
Hoje nossos representantes escolhidos por voto popular também fazem o que querem, mas o fazem na surdina, sem o menor respeito pelo povo.
Essa democracia em que vivemos é um lixo. Sou mais a ditadura…
Numa nota diferente, mas nem tanto, ontem foi um dia ruim para a política norte-riograndense; escutei o noticiário no rádio e fui ao teatro ver a orquestra.
No rádio, ouvi Paulinho Freire, o vice prefeito de Natal dizer que de janeiro a março deste ano o número nos casos de dengue diminuiu e que isso se deu por causa de Micarla, a prefeita.
Dane-se que choveu consideravelmente menos no primeiro trimestre deste ano comparado com o mesmo período do ano passado. Temos que agradecer à prefeita!
Sua inação é realmente assombrosa, não tendo tido ainda a vergonha na cara de encher pelo menos um (01) carro fumacê de veneno e mandá-lo pelas ruas.
Soube de um funcionário do Conselho de Medicina do RN que ela se reuniu com o ministro da saúde para conseguir verba para construir mais cinco (05) hospitais municipais. Talvez seja porque os que já existem são regularmente interditados pelo Conselho por falta de pessoal, material e estrutura.
Aí precisamos de mais cinco.
O vice prefeito é um ridículo, que não sabe a diferença entre “correlação” e “causa”, mas a prefeita é uma imbecil esférica.
A governadora do meu estado também não fica muito atrás, mas as pessoas que ela coloca em cargos de médio-poder são ainda piores.
Como eu disse, ontem eu fui ver a Orquestra Sinfônica do RN com um maestro convidado.
Uma desqualificada analfabeta que foi recentemente nomeada diretora do Teatro Alberto Maranhão subiu para apresentar o espetáculo.
Passou quase quinze minutos falando como Wilma de Faria era uma pessoa boa e como o secretário para assuntos institucionais (ali presente, “representando” a governadora) era bonito e iria, não, deveria repassar os beijos que ela, diretora, estava dando metaforicamente no rosto da governadora.
A idiota falou ainda como DOIS MILHÕES DE REAIS haviam sido investidos no teatro nos últimos cinco anos, como se isso fosse muito ou como se fosse pelo menos mais do que o governo do estado gasta em propagandas em um mês.
Todo esse dinheiro, porém, não impediu que a tampa da privada, ao invés de substituída, fosse reconstituida com resina epóxi e ao lado houvesse uma lixeira sem fundo, o que se torna nada além de um cilindro vazio
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Ao fim da “apresentação”, a diretora do TAM diz: “E agora, com vocês, Thomas Lawrence Toscano!”
E a orquestra? Merece alguma menção? Pelo menos por tocar naquela noite? Não creio que o maestro vá se apresentar sozinho. Aliás, ele é um convidado da OSRN.
Após essa prova de falta de preparo da nova diretora do teatro que apresenta o convidado da atração da noite mas não a atração da noite, ela fica prostrada ao lado do palco, impedindo que os músicos apareçam, enquanto o MC (um profissional da voz bonita, empostada e que sabe ler e apresentar um espetáculo) conserta e diz o seu “senhoras e senhores, a Orquestra Sinfônica do Estado do Rio Grande do Norte”.
Neste momento, a cretina adentra a coxia e sai de mãos dadas com o maestro, se curva em agradecimento ao público como no fim do espetáculo e fica estupidificadamente olhando para o representante da governadora, mandando beijos como um toureiro sob uma chuva de rosas ao fim de um dia de trabalho bem sucedido.

Carnatal em Natal

Minha vida cada vez se torna mais interessante.
Depois de adquirir sinestesia e sofrer de ataques de sonambulismo, alucinações táteis, memórias inventadas, de aprender que meu cérebro só precisa cheirar café para se sentir alerta e de me embriagar com a ebriedade alheia, hoje o meu cérebro fez “mais uma das suas”, como dizem os populares.
Daqui a pouco começa na minha cidade uma micareta, ou carnaval-fora-de-época, batizado de carnatal, um trocadilho vindo duma faísca brilhante rara de raciocínio marqueteiro (não vou colocar links, deve ser uma coisa fácil de achar por aí).
O evento ocorre exatamente no meio da cidade, na mediatriz, no epicentro, ponto zero, hub, miolo, meiinho, merm’numêi da passagem.
Hoje eu tive que passar por lá.
Mesmo dentro do carro lacrado, passando a uma certa velocidade, bastou o estímulo visual daquelas paredes de compensado amarelo recobrindo esqueletos de metal que dão sustentação aos camarotes e das tendas quadradas, desconfortáveis e calorentas para que eu sentisse O Cheiro.
Quem já participou de algo assim (e não é anósmico) conhece O Cheiro.
Ele está presente em qualquer festejo de rua que dure mais de uma hora e que aglomere mais de vinte pessoas por vinte metros quadrados.
Um aroma de algodão cru tingido com pigmentos artificiais volatilizados misturados com água e sais minerais provenientes da excreção dérmica, amargos resíduos líquidos e gasosos de grãos fermentados misturados com ptialina e ácido clorídrico com uma forte influência de nitrato morno recém expelido.
Me refiro à catinga de suor, cerveja e mijo que toma as ruas durante e após a festa.
O abadá, uma pseudopeça de roupa não-tratada e ridiculamente colorida que agrupa os foliões por poder aquisitivo e os permite andar, pular, se drogar e incorrer em promiscuidade dentro de um polígono irregular margeado por cordas suspensas por homens iguais, exala um bodum inigualável quando em contato com suor.
Em todos os meus anos de vida jamais me deparei com algo tão repugnante e insuportável quanto arroto de cerveja.
O líquido em si, ainda embalado, já não é tão nasalmente agradável, sendo esse o motivo que nos faz bebê-lo tão gelado (o frio diminui a exalação), mas quando semidissolvido em cuspe e suco gástrico se torna numa poção impossivelmente sebosa e revoltantemente podre.
Vou tentar não entrar muito em detalhes quanto ao cheiro de uréia curtida em calçamento quente pois ainda estou digerindo o meu almoço e quero aproveitar ao máximo o resto da energia ali contida.
Pois bem, bastou ver o local e resgatar uma memória (que infelizmente possuo) para sentir O Cheiro.
E é exatamente por isso que estou indo passar o fim-de-semana numa praia a cento e poucos quilômetros daqui.
Isso e a música. Não suporto axé-music (e como participei da primeira edição do evento, ainda sei decorado as imutáveis canções que embalam a festa).
Até segunda!
P.S. amanhã tem mais um enigma molecular na agulha, não percam!

Centésimo artigo

Mantenho este blogue há três meses e meio e isto aqui é a centésima entrada.
Prolixo, eu?
Eu não deveria estar escrevendo, mas eu não me contenho.
Deu vontade de escrever (foi quando notei que já tinha 99 artigos publicados e este seria um número duplamente redondo, mas eu não ligo para números famosos) porque comecei a ler várias coisas agora pela manhã sobre a Lei Seca.
A primeira coisa que me veio à mente sobre isso (e pensei nisso hoje pela primeira vez) foi “Lei Seca é um termo um tanto exagerado, nénão?”
De certa forma, isso sempre existiu, sempre foi proibido beber e dirigir (até onde eu lembro), apenas diminuiram o limite. Que não é zero.
Nem pode ser.
Os instrumentos de medição vêm com um certo grau de erro (problemas de calibração) que, se o limite fosse zero, as autoridades poderiam prender o vento por se locomover embriagado.
Comer um chocolate de rum (meu favorito, ainda mais pelo fato de ser sempre o que sobra dentro da caixa já que nenhuma outra pessoa que conheço gosta do bicho) ou um bombom de licor não vai lhe jogar atrás das grades, através das quais o sol aparenta nascer listrado (quando eu era pequeno eu fiz um passeio pela Fortaleza dos Reis Magos (uma fortificação militar do século 17 (não gosto de números romanos) localizada na minha cidade, na esquina do mar com o rio Potengi, ponto estratégico de entrada em Natal), onde me foi mostrada uma cela, cuja única fonte de iluminação e entrada de ar (fora a porta, obviamente), é um buraco atunelado na parede inacreditavelmente grossa (tijolo de oito furos uma ova, lá é tudo PEDRA), por onde, logo cedo, em certos dias, se der sorte, um detido poderia ver o sol nascer. Quadrado), nem vão tomar sua carteira de motorista por causa disso.
Existe sim um limite acima de zero, se não pela bondade da polícia e dos legisladores, mas pela ciência de que os instrumentos não são perfeitos e que pessoas ainda usam antisséticos bucais com álcool.
Eu queria explicar como o bafômetro funciona, mas precisaria pesquisar, interpretar, desenvolver, colocar links, citar fontes, etc, etc, etc e não estou afim de escrever muito hoje…
Sério.
O problema maior é a falta de policiamento e fiscalização.
Aqui existe uma blitz permanente na Via Costeira mas, no dia de um show grande por aquelas bandas na semana retrasada, eu fui na hora em que todo mundo estava indo e voltei na hora em que todo mundo estava voltando e o posto policial ali estava fechado.
Semana passada fui e voltei para uma praia semiurbana em condições semelhantes de tráfego e movimento e encontrei a mesma falta de policiais.
Por mais seca que a lei seja, precisamos de quem a imponha.

O fim da Dengue

Dengue só vai se acabar quando o Aedes aegypti for extinto e se o vírus não achar outro hospedeiro.
Não gosto de ser o arauto do terror nem o núncio do pânico, mas desde que o mosquito consiga pôr ovos, locais propícios faltarão jamais.
Por mais que se furem todas as latas, se virem todas as garrafas, se troque toda a água de jarro por terra e se queimem todos os pneus em rodovias federais durante protestos criminosos e indecentes, não vai parar de chover (pelo menos não aqui em Natal, pelo menos não no futuro próximo) e água não vai deixar de empoçar (ô palavrinha feia…).
Aqui, nós temos o segundo maior parque urbano do país (o maior natural, não-reflorestado) mais milhares de árvores espalhadas pelos canteiros e casas urbanas e de praia. Cada uma dessas árvores tem milhares e milhares de folhas que, pela falta de estações bem definidas a essa pouca distância do equador, estão o tempo todo sendo repostas, o que significa o descarte das velhas em favor das novas (“não vou mais com meias velhas, só vou com meias novas”). Cada uma dessas folhas mortas é um potencial receptáculo de água da chuva (que, através de impacto mecânico, derruba ainda mais folhas), se tornando também um berçário para os ovos dos mosquitos (se for verdade que tampinhas de garrafa também podem ser).
Os ovos são postos acima d’água e podem sobreviver na secura por mais de um ano, em condições favoráveis (umidade, temperatura, falta de perturbações, etc). Quando a chuva (ou qualquer água, tanto faz, basta ser mais ou menos limpa) cai e o nível do líquido sobe, o ovo cai na água e choca (eu li que isso pode acontecer em meia hora) e se desenvolve, em mais ou menos uma semana, num mosquito adulto que pode viver até trinta dias.
Eu não sei quantas vezes a fêmea põe, mas (ainda não sabendo com certeza) li que elas podem colocar até 200 ovos duma vez e que para produzir uma fornada elas precisam se alimentar até três vezes e que cada refeição do nosso sangue (o diabo do bicho é antropofágico, só gosta de sangue humano) leva de dois a sete dias para ser digerido.
Se a digestão durar em média cinco dias e a fêmea se alimentar duas vezes para gerar os ovos, são seiscentos ovos por mosquito(a).
Nem todos esses seiscentos vão chocar, alguns vão chocar na época errada, alguns vão ser comido por lagartixas, alguns nasceram machos (só as fêmeas se alimentam de sangue para ter energia suficiente para produzir ovos, fora esse tempo, tanto elas quanto eles se alimentam de seiva e néctar, como as borboletas), alguns vão nascer mal formados, outros não vão encontrar as condições ideais. Aliás, por falar nisso, as condições ideais para o desenvolvimento das larvas se dão num local com alta umidade e temperatura entre 25 e 30 graus Celsius. Conhecem algum lugar assim?
Voltando para o assunto “poças d’água”, quem aqui já subiu no telhado da própria casa (ou conhece alguém que o fez) para fazer o rodízio das telhas? Uma telha é uma tigela que não desenvolveu a tecnologia da borda contínua. Mas basta um empecilho (um mói de poeira ou terra ou folhas caídas) para tapar o escorrego e transforma-la num prato. Que fica escondido por duas outras telhas viradas para baixo.
Qual é o órgão da Prefeitura que vai passando de buraco em buraco (porque Natal está LOUCA de buracos, mais buraco que boneca de Vodu) das nossas ruas jogando água sanitária? Porque um buraco forrado com asfalto junta água bem que só. E junta muita.
Carros Fumacê (hoje tem muita palavra feia aqui…) são úteis porque matam os mosquitos. Mas não matam os ovos nem as larvas. E matam apenas na hora, já que a fumaça se dissipa muito rápido (não consegui achar um dado confiável, mas fumaça é fluida, que tende a se espalhar muito rápido, afinando e se diluindo, perdendo a eficácia) e toda hora tem mosquito nascendo. Para ser eficiente MESMO, a fumaça teria que jorrar vinte e quatros horas por dia, por trinta dias, o que não seria muito bom para a nossa saúde.
Esta semana eu fiz uma observação interessante. Eu trabalho num prédio que fica entre duas ruas de mão única, uma indo, outra vindo. O bico da bomba de aerossol dos carros Fumacê é fixo e aponta para o lado do passageiro (talvez para zelar pela saúde do motorista que, desse jeito, não fica exposto ao produto o tempo todo). Ou seja, quando está subindo a avenida, a fumaça está indo para os prédios aqui em frente. Quando está voltando pela rua de trás, novamente o bico aponta para o outro lado. Se a via for mão-única, os prédios do lado esquerdo jamais serão encobertos pela névoa de querosene e veneno.
Os mosquitos atacam em ambos os lusco-fuscos e são guiados pelo cheiro do gás carbônico que exalamos pela nossa respiração e através da nossa pele e pelo ácido lático produzido em nossos músculos (existem outros odores também, mas esses dois são os principais).
Depois da picada, o tempo de incubação do vírus varia entre quarenta e oito horas até quinze dias, quando ficamos doentes (mas nem toda picada transmite o vírus e às vezes são necessárias várias incidências).
Os sintomas principais são: dores nos músculos e nas juntas, manchas vermelhas pelo corpo e moleza. Mas um só não quer dizer nada, todos têm que estar presentes. Só dor nas juntas pode ser Gota, manchas na pele pode ser Chanha e moleza pode ser preguiça. Se os três sintomas estiverem presentes, corram (mas corram devagar) para o médico ou posto de saúde, bebam água como se não houvesse amanhã e DESCANSEM. Dengue não tem cura, quem faz o sujeito melhorar é seu próprio sistema imunológico que precisa de energia para detonar os invasores. Não desperdice.
E façam um acompanhamento, pois a sociedade precisa saber por onde o infectado andava ao ser picado, quanto tempo durou o quadro e a intensidade daquele modelo do vírus.
Novamente, água e cama. Muito de cada. Porque a Dengue jamais vai acabar…
Muito pouco em comum com o artigo de hoje, mas eu podia deixar essa frase passar batida não:
“Não há vida no ser que não tenha capacidade de mover-se por si mesmo. Embriões não são portadores de vida atual. Eles não têm direito e não guardam sequer expectativa desse direito (à vida)”
Cezar Peluso, Ministro do Supremo Tribunal Federal, sobre a Lei de Biossegurança-

Recorte de jornal

-Retirado do Jornal da Assembléia-
Correção política extremada ou simples perda de tempo?
Por Jorge Peixoto
Natal, 30 de janeiro de 2008.
O Deputado Estadual Luiz Almir Filgueiras Magalhães, na tarde de ontem, encaminhou Ofício à Assembléia Legislativa do Estado pedindo, em caráter urgente e extraordinário, o pedido de votação da medida 32.833/08, que aconselha maior prudência neste período de festas carnavalescas.
Mas a que custo? Segundo o texto da medida, o bloco tradicional da Redinha, Os Cão, ficaria proibido de sair este ano, ou pelo menos de manter a sua tradição de se cobrir com a abundante lama do mangue da praia da Redinha, pois os foliões “perturbam a paz e causam poluição visual nas ruas do bairro”.
Mas não pára por aí!
O Deputado quer também proibir, ou melhor, “regulamentar” os blocos de mela-mela do estado, quando diz que “tais blocos ofendem aos passantes, vítimas inocentes de uma cruel prática, deixando os cidadãos e o Patrimônio Público sujos, sem o consentimento das partes”. Segundo o texto do Ofício, os mela-melas só poderiam “circular em trechos de ruas públicas após consentimento do Governo do Estado, na forma da Secretaria de Transportes e Obras Públicas (STOP), da prefeitura do município e, caso haja, conselho de bairro por maioria de voto. Tais trechos serão fechados ao público comum, por não mais de uma (01) hora e serão determinados por Conselho Extraordinário, formado por parlamentares e assessores, apenas durante o evento, e todos os envolvidos nas celebrações devem assinar Termo de Compromisso (…) onde deixam explícito que participam por livre e espontânea vontade e que os impede de levar adiante processo civil ou penal contra outros partícipes.”
Resumindo, pra brincar num mela-mela, os organizadores precisam pedir permissão ao secretário de TRANSPORTE (?), ao prefeito e deve ganhar por maioria o voto do conselho de bairro. Depois disso só se pode brincar por no máximo uma hora num local determinado pelos vereadores e seus empregados e ainda todos devem assinar um papel dizendo que não se importam de se sujar em nome da folia.
Imagine o tamanho da papelada, o tempo perdido com burocracia e, mais importante, o ônus de tudo isso! Sim, porque nada aí seria de graça.
Mas seria isso um preço baixo a pagar pelo conforto de poder sair por aí sem o risco de ser atingido por maisena? Ou um mal necessário para que todos nós possamos ir comer a nossa ginga com tapioca sem termos a nossa paz perturbada e a nossa visão poluída por seres do mangue?
A minha opinião é de que isso é uma medida ridícula, um artifício para fazer número, adicionando, antes da próxima eleição, ao portfólio de Luiz Almir.
Se ele não gosta d’Os Cão ou de mela-mela (é fato público que ele gosta mesmo é de serestas), deixe nós, que gostamos, aproveitar o espetáculo, a farra e a brincadeira em paz e pare de gastar o nosso dinheiro e o tempo da Assembléia com medidas inúteis e descabidas!
O e-mail do Deputado é luizalmir@al.rn.gov.br
Deixo-o ouvir a sua opinião!
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Agora, se eu, Igor Santos, não dissesse que não existe Jornal da Assembléia nem Jorge Peixoto, que isso aí é mentira e foi inventado por mim no dia 30 de janeiro como uma brincadeira (visando estimular o pensamento crítico de alguns colegas meus), quantos acreditariam na minha palavra virtual?
Cuidado com a informação que vocês recebem, não acreditem em tudo o que lêem. Dados sem corroboração não valem de nada, por mais que pareçam fazer sentido ou sejam agradáveis e concordem com nossos pontos de vista.
E, baseado na minha experiência, se passou na TV é mentira.
Podem acreditar em mim!

18 anos de voyeurismo

Sem ter sobre o que escrever hoje, mas tentando manter a média de um artigo por dia (desde o dia 14, pelo menos), fui pesquisar (lembra quando a internet era para isso?) e descobri que hoje o Telescópio Espacial Hubble está se tornando um hominho.
Lançado em 24 de abril de 1990, o Hubble completa hoje dezoito anos (já pode ser preso!) de serviços prestados à humanidade.
O começo do projeto foi muito atabalhoado e acabou com muita coisa dando errado (o espelho do telescópio, por exemplo, tinha uma imperfeição mínima, mas que inviabilizaria a experiência; outro problema foi a falta de dinheiro depois que a Challenger explodiu), o que atrasou o lançamento em sete anos.
Uma das coisas que o Hubble ajudou a descobrir foi a taxa de expansão do universo (excitante, eu sei), além de ter tirado fotos ESPETACULARES e ter incentivado milhares de jovens a seguir carreira em astrofísica (será que todo mundo está tão animado quanto eu?).
=>ATENÇÃO<=
Interrompo este artigo para parabenizar a Defesa Civil de Natal. Ontem (eu escrevo isso de véspera) foi o dia da chuva mais bruta em MUITO tempo (cada gota era pelo menos do tamanho dum punho e caia com a força dum bufete) nesta cidade.
Não que esta cidade (arrodeada pelo mar, cortada por um rio que desemboca no mesmo mar e construída em cima duma duna de areia extremamente porosa e absorvente) precise de muita chuva para alagar (a música é do Kid Morangueira sobre a Rio de Janeiro, mas serve para cá também, é só mudar o nome dos bairros).
Só no meu caminho do trabalho pra casa caíram CINCO muros (talvez isso diga mais da qualidade dos muros do que da força da precipitação, mas pela potência da bicha, eu aposto na chuva) e vários pedaços de ruas. Esses buracos mais perigosos, do tipo que cai carro dentro, estavam todos protegidos por veículos e agentes da Defesa Civil, e os menos mortais estavam sinalizados com cavaletes, e não com o tradicional pau de pé-de-pau (um dia desses perto da minha casa tinha um que foi crescendo em quantidade de adornos e acabou como um espantalho, com camisa, chapéu e óculos).
Agora vou esperar a chuva parar para ver se a prefeitura está no mesmo pique e ajeita logo a buraqueira.
Retorno agora à programação normal.
=>Obrigado pela atenção.<=
Esta foto é meio grande, mas vale a pena cada segundo esperado. Cada ponto de luz é uma galáxia (notem as espirais). Não um planeta, não uma estrela, não uma constelação, mas uma GALÁXIA! Com bilhões de estrelas em cada! Veja uma escala aqui.
“O universo é grande. Grande, mesmo. Não dá pra acreditar o quanto ele é desmesurada, inconcebível, estonteantemente enorme. Você pode achar que da sua casa até a farmácia é longe, mas isso é café pequeno pro Universo.”
-Guia do Mochileiro das Galáxias-
Essa é a Nebulosa da Águia, um agrupamento de estrelas e poeira na constelação da Serpente, e talvez a foto mais famosa tirada pelo telescópio.
Tudo o que o Telescópio Espacial Hubble faz e toda a informação acumulada por ele está disponível ao público (incluindo as fotos, que são não forem as fotos mais bonitas já batidas, eu sei mais de nada). Até o tempo de utilização dele é gratuito e aberto a qualquer pessoa. Só é preciso entrar na fila…
E por que mandar um telescópio pro espaço? Tem lugar aqui não? Né mais fácil aqui não?
Lugar tem e é mais fácil sem dúvida, mas aqui tem atmosfera, que faz as estrelas piscarem e dificulta medidas muito precisas. E existe também o grande problema de um telescópio fincado na terra só apontar prum lado o tempo todo. Os no hemisfério sul nunca veriam a Estrela do Norte, assim como os do outro lado nunca observariam o Cruzeiro do Sul (esses nomes não foram colocados na doida). Um observador solto no espaço pode olhar para todos os lados, apontar para todas as estrelas, bastando, para isso, ser mandado.
Hubble já gastou muito dinheiro (não o nosso, não diretamente pelo menos) e já passou por muito problemas, mas também nos ensinou muito sobre nossa História e nos instigou a buscar mais respostas.
Se isso não tiver valido a pena, novamente, eu sei mais de nada.
HST
Parabéns, cabra!

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