A Musa

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Uma das coisas que me fascina na ciência é a íntima relação com o conhecimento. Me deixa excitado e é o maior afrodisíaco que conheço.
Tantas coisas aparentemente chatas ficam legais depois que você conhece a história por trás delas. É o caso dos Fori romanos. Quem disser que acha lindo aquele monte de ruinas está mentindo pra se fazer de intelecutal. Mas quando você vê uma reconstituição dos edifícios, lê a história da batalha, cuja vitória justificou a construção de um templo em homenagem ao Deus da guerra (Marte), aprende de onde foram trazidos os mármores das colunas, então tudo ganha um significado diferente e passear por aqueles escombros se torna uma aventura épica. É melhor que o livro, que é melhor que o filme.
Por isso que eu disse que dá tesão, porque é a emoção gerada pelo conhecimento, e não o conhecimento em si, que muda tudo. As vezes uma informação simples, transforma algo banal em uma coisa especial. Se não especial, bela. Enfeita.
E a biologia pode fazer o mesmo pelas coisas simples. E ainda hoje, apesar da nossa longa convivência, continua me surpreendendo. Veja a banana. Para mim sempre foi a mais banal das frutas: ‘dá como banana em cacho’; ‘a preço de bananas’… Nunca fui muito fã de bananas. Já meu avô, português de Trás-os-montes, adorava bananas que na sua terra eram uma coisa completamente diferente do que se encontrava aqui.
Talvez tenha sido quando morei fora do Brasil e as bananas eram realmente horrorosas, ou quando aprendi a dividir uma banana em 3 no ‘The Dreamers’ de Bertolucci, ou quando descobri que é uma fruta muitíssimo prática para quem mora sozinho e quer ter uma fruta em casa. Comecei a ficar fã das bananas. Mas depois de ontem, elas me emocionam.
Como não pude atender o convite, fui perguntar as meninas como tinha sido a fala do escritor angolano Agualusa na Travessa. Eu já tinha visto ele na FLIP de 2007 e sabia que o cara era bom. Elas disseram que ele contou como ser agrônomo influenciou na sua decisão de ser escritor, porque ele se inspirava nos belos nomes científicos das espécies. O exemplo foi a banana, cujo nome científico, dado por Lineu no século XVIII é Musa paradisiaca. Gente… e como eu não sabia disso?
Quis saber mais (porque eu sou assim mesmo é quero sempre mais). Na verdade a pergunta na minha cabeça era: o que levou Lineu a dar esse nome tão singular a banana?
Curiosamente encontrei a resposta. Mas essa história já está super bem contada neste artigo de 2001 da colunista Vera Moreira, que eu cito aqui não só porque vale super a pena ser lida a etimologia do termo escolhido por Lineu para identificar cientificamente a banana (que já foi tida como a verdadeira fruta proibida), mas também porque eu sempre cito as minhas fontes e não quero mais os chatos de plantão me acusando de plágio.
De uma forma ou de outra, foi emocionante comprar bananas no supermercado hoje.

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