Nove passos para uma aprendizagem on-line de qualidade: Passo 6: Estabelecer metas

Texto original publicado em “Nine steps to quality online learning: Step 6: Set appropriate learning goals. “. Tradução autorizada por Tony Bates.

Neste texto vou argumentar que você precisa pensar sobre que tipo de objetivo melhor se adaptam para serem alcançados em um curso online, em vez de só fazer o mesmo que em um curso presencial.

Este é o sétimo de uma série de 10 textos sobre a concepção de cursos online de qualidade. Os nove passos visam principalmente os instrutores que são novos na aprendizagem(ensino) online, ou tentaram aprendizagem sem muita ajuda ou sucesso. Os seis primeiros textos (que devem ser lidos antes deste texto) são:

Introdução
Decida como você deseja ensinar online
Decida que tipo de curso on-line
Trabalhe em grupo
Crie com os recursos existentes
Domine a tecnologia

Uma versão condensada que cobre todos os posts desta série pode ser encontrada no site ‘What you need to know about teaching online: nine key steps‘. Tem também uma versão em francês ´Ce que le personnel enseignant doit savoir sur l’enseignment en ligne: neuf étapes clés´.

Objetivos: fazer o mesmo ou diferente

Em muitos casos, será apropriado (de fato, essencial) manter os mesmos objetivos de ensino para um curso online de um curso similar presencial (face-a-face). Muitas instituições em modo dual, isto é, instituições baseadas em campus que também oferecem créditos de cursos online, tal como a University of British Columbia, Penn State, University of Nebraska, oferecem os mesmos cursos tanto presenciais quanto online, particularmente no quarto ano de um curso de graduação. Normalmente a transcrição das notas de exames não fazem distinção se o curso foi feito online ou presencial, desde que os estudantes façam o mesmo exame final do curso, e o conteúdo propriamente dito seja usualmente idêntico em cada versão.

Na UBC, existe um ônibus expresso que percorre cada 4 minutos pela Vancouver Broadway para a universidade, cada ônibus lotado com 200 estudantes. Eu também pego o ônibus para trabalhar na UBC como Diretor de Educação a Distância – quando eu consigo subir no ônibus. Os estudantes frequentemente dormiam no ônibus, então colocamos o seguinte anúncio nos ônibus: “O mesmo professor, mesmo curso, mesmo exame, sem viagens de ônibus: faça um curso a distância.” Nossos números subiram e ficou mais fácil para eu pegar o ônibus nas manhãs.

No entanto, é muito importante antes de mudar o seu curso de presencial para online, que se faça o tipo de análise recomendado nas etapas 1 e 2. Na maioria dos cursos de humanas/ artes/ ciências sociais / educação / administração / design de software, etc não haverá problemas. Os objetivos educacionais serão transferidos facilmente. Terá normalmente uma forma alternativa para se atingir o mesmo objetivo online. Por exemplo, fóruns de discussão on-line, quando devidamente projetados e monitorados, pode alcançar tão bem se não melhor muitas das metas de discussão de aprendizagem feitas em classes presenciais.

No entanto, na enfermagem, odontologia, medicina, ciência, engenharia e design de hardware de computador, e alguns aspectos da educação (como prática de ensino) irá depender muito do tipo de curso, e em particular da necessidade de trabalho prático. Mesmo com alguns desses objetivos sendo alcançados no ambiente online, pode ser muito difícil ou caro para por em prática. Nestes casos você deve procurar para um design de um curso mais híbrido do que um completamente online (veja Passo 2).

Em alguns casos, alguns objetivos de disciplinas baseadas no campus podem ser sacrificados por objetivo diferente mas igualmente valioso que pode ser melhor obtido online. Isto será discutido em mais detalhes na próxima seção deste texto.

Por último, é importante lembrar que, embora possa ser possível alcançar os mesmos objetivos no ambiente online como no presencial, o projeto do ensino provavelmente terá que ser diferente no ambiente online. Assim, muitas vezes os objetivos são os mesmos, mas o método muda. Isso será discutido mais adiante, nos Passos 7 e 8.

Diferentes objetivos para a aprendizagem online?

Embora os objetivos sejam frequentemente transferidos bem do presencial para o online, vale a pena pensar sobre que tipo de objetivos de aprendizagem ou de resultados são particularmente adequados para a aprendizagem online, mesmo se eles não estão atualmente no seu curso presencial. Um novo curso ou programa – tal como um programa de mestrado online destinado a profissionais que trabalham – oferece a oportunidade de explorar plenamente os benefícios potenciais de aprendizagem online.

Habilidades do Século 21

Aprendizagem online é particularmente adequada para o desenvolvimento das genericamente chamadas habilidades de aprendizagem do século 21. Devido à natureza da Internet, aprendizagem online presta-se à aprender gerenciar o conhecimento: como encontrar, avaliar, analisar e aplicar as informações dentro de um domínio de conhecimento específico. Não é possível nestes dias cobrir todo o conhecimento que o aluno vai precisar em um determinado assunto dentro de um programa de quatro anos de graduação ou mesmo depois de outros quatro anos de graduação em um assunto como a medicina. Novos conhecimentos – tal como tratamento com novos medicamentos, projeto de novos softwares e produtos, novos dados – estão expandindo quase que diariamente e irão continuar crescendo por muito tempo após a graduação do estudante. O desafio é desenvolver competências de aprendizagem que ao longo da vida que permitam aos alunos continuar a “gestão do conhecimento” muito tempo depois que eles se formaram.

Entretanto, como com todas as metas de aprendizagem, o ensino deve ser concebido de tal forma que os alunos tenham oportunidades de aprender e praticar essas habilidades e, em particular, tais habilidades devem ser avaliadas como parte do processo de avaliação formal. O que isto significa em termos de design aprendizagem online é usar a Internet cada vez mais como um importante recurso para a aprendizagem, dando aos estudantes mais responsabilidade de encontrar e avaliar informações se, e com instrutores fornecendo critérios e diretrizes para localizar, avaliar, analisar e aplicar informações dentro de um específico domínio do conhecimento. Isso vai exigir uma abordagem crítica das buscas online, dados, notícias ou geração de conhecimento em domínios de conhecimento específicos – em outras palavras, o desenvolvimento do pensamento crítico sobre a Internet e modernos meios de comunicação – tanto o seu potencial e as limitações dentro de um domínio de um assunto específico.

Boas habilidades de comunicação

Esta é outra habilidade chave do século 21. Os estudantes precisam agora da capacidade de comunicar em uma variedade de formas no século 21. Habilidades de escrita e fala permanecem essenciais, mas cada vez mais a capacidade de comunicar através de meios modernos, como as mídias sociais, YouTube, blogs e wikis são particularmente importantes em áreas como jornalismo, negócios, saúde e educação. Aprendizagem online oferece muitas oportunidades para desenvolver tais habilidades.

Aprendizagem dependente e inter-dependente

A habilidade para aprender sozinho ou cada vez mais como parte de grupos informais relacionados profissionalmente, aumenta em sua demanda. Por exemplo, em uma pequena empresa start-up, os trabalhadores frequentemente são os “chefes”, ou o controle de hierarquia é muito plano, significando que cada indivíduo é responsável pelo próprio aprendizado relacionado ao trabalho. A habilidade para aprender, ou individualmente ou por meio de redes informais, é crítica para organizações baseadas no conhecimento. Aprendizagem online por natureza requer que os estudantes tomem cada vez mais a responsabilidade em gerenciar seu aprendizado. Novamente, essa é uma habilidade que pode ser ensinada. Os alunos muitas vezes entram ensino pós-secundário como alunos dependentes. A introdução gradual de aprendizagem online, inicialmente em uma sala de aula, mas estabelecendo a construção de, eventualmente, cursos híbridos ou totalmente online, é uma boa maneira de desenvolver habilidades de aprendizagem independente e inter-dependente.

Habilidades específicas das TIs

Em qualquer área do conhecimento, os alunos cada vez mais precisam saber como usar ferramentas de TI que são específicas para sua área de competência. Alguns exemplos podem ser planilhas do Excel em contabilidade, sistemas de informação geográfica em engenharia de minas ou mesmo imóveis, simulações e desenho assistido por computador em engenharia, etc. Estas ferramentas de TI são muitas vezes integradas ou disponíveis dentro ou por meio da Internet e podem ser incorporadas dentro do projeto de um curso online. Assim, um objetivo chave da aprendizagem pode que todos os estudantes a saiam de um curso competentes na seleção e uso de ferramentas digitais relevantes.

Traga o mundo exterior

Por último, uma das grandes características do ensino on-line é a oportunidade de trazer o mundo para seu ensino. Você pode direcionar os estudantes para sites online, ou os próprios alunos podem coletar dados ou fornecer exemplos do mundo real, de conceitos ou questões abordados no curso, por meio do uso de câmeras em telefones celulares, ou entrevistas em áudio de especialistas locais. Você pode criar um wiki do curso que tanto você quanto os estudantes possam contribuir, e torná-lo então aberto para que outros estudantes e professores possam também contribuir, dependendo do tópico. Se você está ensinando diplomados ou mestres, os próprios estudantes terão experiências muito relevantes que podem contribuir para o programa. Este é um bom modo de permitir os estudantes para que possam avaliar e aplicar o conhecimento dentro de seu próprio domínio.

Há muitos outros objetivos possíveis que são ou impossíveis de cumprir sem usar a Internet, ou seria muito difícil de fazer unicamente em um ambiente de sala de aula. A arte do instrutor é decidir quais são relevantes, e quais são as principais metas de aprendizagem para o curso.

Avaliação é a chave

Contudo, é inútil introduzir novos objetivos de aprendizagem ou resultados e não avaliar o quão bem os estudantes atingiram tais objetivos. Avaliação impulsiona o comportamento dos alunos. Se eles não estão sendo avaliados em habilidades do século 21, eles não vão fazer um esforço para desenvolvê-las. O principal desafio pode não ser o estabelecimento de metas adequadas para a aprendizagem on-line, mas garantir que você tenha as ferramentas e meios para avaliar se os alunos alcançaram tais objetivos.

E ainda mais importante, é necessário comunicar de forma muito clara aos alunos sobre estas novas metas de aprendizagem e como eles serão avaliados. Pode ser um choque para muitos estudantes que estão acostumados a serem enchidos de conteúdo, e então testados em sua memorização destes.

Conclusão

Em alguns aspectos, com a Internet (como acontece com outros meios de comunicação), o meio é a mensagem. O conhecimento não é totalmente neutro. O que sabemos e como sabemos são afetados pelo meio através do qual adquirimos conhecimento. Cada mídia traz uma outra maneira de saber. Podemos lutar contra o meio, e tentar forçar o conteúdo antigo com uma cara de novo, ou podemos moldar o conteúdo para a forma do meio. Pelo fato da internet ser uma força tão grande em nossas vidas, precisamos ter certeza de que estamos tirando o máximo de seu potencial em nosso ensino, mesmo que isso signifique mudar um pouco o que e como ensinar.

Criação de material didático digital


A boa dica para quem quer investir na criação de material didático digital é o livro “e-Learning and the Science of Instruction: Proven Guidelines for Consumers and Designers of Multimedia Learning” de Ruth C. Clark e Richard E. Mayer.

O ponto forte da obra é a dedicação com que os autores procuram sustentar os argumentos com informações retiradas de diversos artigos científicos na área. Ressaltando no final de cada capítulo os pontos mais discutíveis do tema e o que ainda precisa ser respondido com mais pesquisas.

Algumas das ideias dos autores:
princípio multimídia : os alunos aprendem melhor na combinação de imagens e texto
princípio da proximidade espacial: é mais adequado que o texto seja apresentado próximo das imagens
proximidade temporal: material deve ser apresentado com proximidade no tempo. Por exemplo, deve-se evitar dividir o conteúdo em duas telas (de computador/slide)
coerência: evitar palavras, sons e imagens que não são relevantes ao assunto
modalidade: quando o material apresentar áudio gravado deve-se evitar a repetição do mesmo conteúdo em texto.
– …

Claro que o livro apresenta estas informações de forma mais completa e embasada do que esta simples lista que fiz aqui.

Mais algumas informações sobre em
http://seer.ufrgs.br/renote/article/viewFile/14145/8082

Ciência é coisa de mulher


A Comissão Europeia lançou recentemente uma campanha, denominada ´Science, it’s a Girl Thing!´, para incentivar meninas a seguirem a carreira científica.

http://science-girl-thing.eu/

Para promover a iniciativa criaram um vídeo que gerou polêmica em diversos blogs.
Veja (PS: O vídeo foi retirado do YouTube)

A votação no YouTube mostra a indignação: 102 votos ´gostei´ e 2825 votos para o ´não gostei´. Dando pouca chance de virar o jogo com um teaser que coleciona uma densidade absurda de estereótipos sobre as mulheres e cientistas.

Parece que estão tentando arrumar o erro, modificando o tom. Um indício foi a alteração da descrição da comunidade no Facebook ( https://www.facebook.com/sciencegirlthing ).
Antes a descrição era:
Science inspires, enlightens and changes our world. It is the basis for our cosmetics, fashion, music, and so much more. So, what’s stopping you from getting involved in science?

Agora aparece como:
Science inspires, enlightens and changes our world. It is the basis for our medicine, transport, energy, and so much more. So, what’s stopping you from getting involved in science?

Os outros vídeos do projeto são bem melhores.

http://www.youtube.com/user/sciencegirlthing

O Professor Attico Chassot escreveu um livro interessante abordando este tema:
A Ciência é Masculina? É, sim senhora!

Nove passos para uma aprendizagem on-line de qualidade: Passo 5: Domine a tecnologia

Texto original publicado em Nine steps to quality online learning: Step 5: Master the technology, Tradução autorizada por Tony Bates.

Neste texto vou argumentar que dedicar tempo em ser devidamente treinado em como usar as tecnologias padrões utilizadas na aprendizagem poderá a longo prazo salvar uma boa quantidade de tempo e irá permitir que você alcance uma gama maior de objetivos que de outra forma não poderia sem imaginar.

Este é o sexto texto de uma série de 10 no projeto de cursos online de qualidade. Os nove passos visam principalmente os instrutores que são novos na ensino(aprendizagem) online, ou tentaram sem muita ajuda ou sucesso. Os cinco primeiros textos (que devem ser lidos antes deste) são:

Introdução
Decida como você deseja ensinar online
Decida que tipo de curso on-line
Trabalhe em grupo
Crie com os recursos existentes

Uma versão condensada que cobre todos os posts desta série pode ser encontrada no site ‘What you need to know about teaching online: nine key steps‘. Tem também uma versão em francês ´Ce que le personnel enseignant doit savoir sur l’enseignment en ligne: neuf étapes clés´.

Tecnologia enganosamente fácil

Vou discutir aqui os seguintes tipos de tecnologias de aprendizagem online:
– sistemas de gestão de aprendizagem (tal como Blackboard ou Moodle)
– tecnologias síncronas (como o Blackboad Collaborate ou Adobe Connect)
– tecnologias de gravação de palestras (tal como captura de podcasts e palestras)

Você precisa saber não só como operar essas tais tecnologias, mas também os seus pontos fortes e fracos.

Estas tecnologias são enganosamente fáceis de usar, na parte inicial do uso. Foram projetadas para que qualquer pessoa sem uma base de ciência da computação possa usá-los. No entanto, ao longo do tempo tornaram-se mais sofisticadas, com uma vasta gama de funções diferentes. Você não vai precisar usar todas as funções, mas vai ser melhor se você está ciente de que elas existem, e o que eles podem e não podem fazer. Se você quiser usar um determinado recurso, é melhor começar o treinamento para que possa usá-lo de forma rápida e eficaz.

Para dar um exemplo. Com um curso online com um número grande de inscrições, há uma probabilidade de haver várias seções diferentes, talvez com vários instrutores diferentes. No entanto, é provável que o conteúdo seja o mesmo para cada secção. É possível em alguns LMSs permitam inserir o conteúdo uma vez e depois então dividir os estudantes entre diferentes seções, ao invés de copiar e colar o conteúdo em cada seção separada. Se configurado corretamente, qualquer alteração no conteúdo – como uma nova URL ou texto ara leitura – também pode ser adicionado apenas uma vez, com cada seção recebendo a nova versão automaticamente. No entanto, (a) você precisa saber se o LMS tem essa característica; (b) você precisa saber como configurá-lo desta forma. Você também precisa saber como manter seções separadas, de modo que cada grupo pode ter sua própria versão dos materiais, se necessário. Você também precisa decidir se instrutores individuais que compartilhem o mesmo material do curso poderão mudar o material central e em caso afirmativo, qual o procedimento será utilizado para informar os outros instrutores.

Além disso, novas funções estão constantemente sendo adicionadas aos LMSs existentes. Por exemplo, se você estiver usando o Moodle existem plugins (como o Mahara) que permitem aos alunos criar e gerir os seus próprios e-portfolios ou então os registos eletrônicos de seu trabalho. A próxima onda de plugins é provável que seja na análise de aprendizagem, que lhe permitirá analisar a maneira como os estudantes estão usando os LMS e como isso se relaciona com seu desempenho, por exemplo.

Assim, uma sessão de aprendizado das várias funcionalidades do LMS e como melhor utilizá-los seria bem interessante. O mesmo se aplica às tecnologias síncronas, como Blackboard Collaborate. Também vale a pena saber como incorporar ou integrar o Collaborate ou Adobe Connect com seu LMS – ou se não seria melhor mantê-los separados.

Esta formação deve ser fornecida pelo centro ou unidade que proporciona o desenvolvimento de professores e/ou suporte de tecnologias de aprendizagem. Se sua instituição não tem essa unidade, ou tal formação, seria interessante pensar muito cuidadosamente sobre a viabilidade do uso de aprendizagem online – até mesmo os instrutores mais experientes, ocasionalmente, precisam desse apoio. Além disso, como qualquer profissão, você provavelmente terá de gastar pelo menos um pouco de tempo uma vez por ano observando todos os novos recursos adicionados durante o período.

Relacione seu treinamento em tecnologia em como deseja ensinar

Há realmente dois componentes distintos, mas fortemente relacionados no uso da tecnologia: como a tecnologia funciona, e o que deveria ser utilizado. Estas são ferramentas criadas para ajudá-lo, então você tem que ser claro quanto ao que você está tentando alcançar com as ferramentas. Esta é uma questão instrucional ou pedagógica. Assim, se você quer encontrar formas de envolver os alunos, ou dar-lhes a prática no desenvolvimento de competências, tais como resolução de equações quadráticas, aprenda quais são os pontos fortes ou fracos das várias tecnologias que possibilitam fazer isso.

Isso é um pouco de um processo iterativo. Quando um novo recurso está sendo descrito ou demonstrado, pense em como isso pode se ajustar ou facilitar algum de seus objetivos de ensino. Mas também esteja aberto para a possibilidade de alterar seus objetivos ou métodos para tirar proveito de uma ferramenta que permita você fazer algo que você não tinha pensado em fazer antes. Por exemplo, um plugin de e-portfolio pode levar você a mudar a maneira de avaliar os alunos, de modo que resultados de aprendizagem sejam mais “autênticos” e baseados em evidências, do que fazer o mesmo em um ensaio escrito. (Isso será discutido na próxima etapa “Definição de metas apropriadas para a aprendizagem online.”)

Porque não simplesmente gravar minhas palestras em sala de aula?

Podcasts e captura de palestra permitem que as palestras sejam registradas, armazenadas e baixadas pelos alunos. Então, por que se preocupar em aprender a usar outras tecnologias online, como um LMS?

Embora isso possa parecer muito mais fácil para você, como um instrutor, é provável que você acabe tendo mais trabalho, porque é provável que você seja inundado com e-mails individuais, ou com uma elevada taxa de reprovação dos estudantes. Em outras palavras, os alunos em geral não aprendem bem online desta forma. Há várias razões para isso:

– alunos online precisam de um sentido de “presença” do professor ao estudar online. Eles não recebem isso de palestras gravadas por si só. Eles precisam de um contato regular e contínuo. Se isto não é “gerido” corretamente pelo instrutor, é provável que você receba uma infinidade de e-mails. Um LMS fornece uma variedade de maneiras para você estar “presente” online, tais como facilitar a discussão online, a adição de materiais ou contribuições pessoais a respeito das idéias ou conceitos difíceis, fornecendo feedback individual para alunos em seus trabalhos online, etc.

– alunos online têm de adequar o estudo com outros aspectos de suas vidas, como trabalho e família. Geralmente há uma proporção muito maior de alunos online trabalhando em tempo integral e com família, do que em classes face-a-face. Palestras longas em geral não funcionam tão bem com esses alunos.

– download de um vídeo longo de uma palestra leva tempo, dependendo da velocidade da internet, mas pode demorar até 10 minutos de “tempo morto”, enquanto se aguarda o download de um vídeo.

– atenção diminui ainda mais rapidamente online do que em uma palestra em sala de aula.

– estudantes online também tendem a estudar em pequenos ‘pedaços’ de tempo (por causa de seus compromissos na vida), palestras de 50 minutos não funcionam tão bem para eles. A retenção tende a ser melhor quando o estudo está espalhado por períodos frequentes mas em períodos mais curtos de tempo. Um LMS é realmente bom para fazer isso.

– mais de 60 anos de pesquisas mostram que as palestras são um meio inadequado para instrução (ver Christensen Hughes and Mighty, 2010). Uma grande parte é perdida ou mal interpretada, ou ainda mais é esquecido imediatamente após o final da palestra. A qualidade do ensino online é baseada em pesquisas que identificaram como os estudantes aprendem melhor (ver “E-learning: padrões de garantia de qualidade, organizações e pesquisa“). Aprendizagem assíncrona combinada com uma utilização seletiva de tecnologias síncronas fornecem melhores resultados.

Isto não quer dizer que a gravação ocasional de você como o professor não seja valioso. No entanto, o melhor é mantê-lo entre 10 a 15 minutos no máximo, e deve adicionar algo único ao curso, tais como algo sobre a sua própria pesquisa, ou um professor convidado sendo entrevistado, ou relacionar notícias com as questões ou princípios que sejam objetos de estudo em um curso.

A entrega de conteúdo é muito melhor realizada por meio dos LMS, no qual é permanente, organizado e estruturado (veja Passo 7, mais adiante), disponível em quantidades discretas, que podem ser acessados ​​a qualquer momento, e podem ser repetidos quantas vezes for necessário pelo aluno.

Se você deve usar a captura de suas palestras, pense sobre como estruturar sua palestra para que ela possa ser gravada em seções separadas de, digamos, 10 a 15 minutos. Uma maneira de fazer isso é parar em um ponto adequado para fazer perguntas aos alunos em sala de aula, proporcionando um ponto claro para a edição em vídeo. Em seguida, forneça trabalho online para acompanhamento da palestra, como um fórum de discussão ou alguma pesquisa online sobre o tema para os estudantes.

Conclusões

Tecnologias de aprendizagem online, tais como sistemas de gerenciamento de aprendizagem (LMSs) foram projetados para se ajustarem ao ambiente de aprendizagem online. Isso requer uma certa adaptação e aprendizagem por parte do instrutor. Como qualquer ferramenta, quanto mais você souber sobre ela, provavelmente melhor você conseguirá usá-la. Assim, a formação formal sobre a tecnologia é necessária, mas não precisa ser onerosa. Normalmente, um total de duas horas de instrução específica e bem organizadas sobre como utilizar um LMS deve ser suficiente, com uma sessão de revisão de uma hora por ano.

A parte mais difícil será descobrir a melhor forma de usar as ferramentas educacionalmente. Isso requer que você tenha uma concepção clara de como os estudantes aprendem melhor, como você precisa ensinar para corresponder a isso, e como conceber este tipo de ensino por meio do uso das tecnologias online.

Próximo passo

O próximo passo será concentrar no estabelecimento de metas adequadas para a aprendizagem online e abordar algumas das questões pedagógicas levantadas neste texto.

Questões

1. Quanto treinamento formal que você teve no sistema institucional de gestão de aprendizagem (LMS)? Isso é suficiente e você está totalmente confiante de que sabe todas as características e a melhor forma de usá-los?

2. Quando você deve usar uma tecnologia síncrona como o Blackboard Collaborate? Quais são as desvantagens de tecnologias síncronas para os alunos online? (veja, “Modelos para selecionar e usar tecnologias: Síncrona ou assíncrona?” para saber mais sobre isso).

3. Deveria você repensar inteiramente o seu ensino ao ir para o ambiente virtual ou você pode usar o seu material de sala de aula? Quais seriam as possíveis desvantagens da utilização online de aulas gravadas?

Referência

Christensen Hughes, J. and Mighty, J. (eds.) (2010) Taking Stock: Research on Teaching and Learning in Higher Education Montreal QC and Kingston ON: McGill-Queen’s University Press, 350 pp

Learnist, o Pinterest da educação


Primeiro, o que é o Pinterest? O Pinterest é uma rede social para compartilhamento e organização de imagens encontradas na internet; ou de outros materiais multimídia.

O Learnist (http://learni.st/) segue uma linha semelhante, com um foco em material educacional.

O website inclui as tradicionais funcionalidades sociais que permitem inserir comentários, seguir um determinado assunto, compartilhar pelo Twitter ou curtir via Facebook.

O curioso é que mesmo tendo um foco mais educacional o Learnist prefira deixar a categoria ´Science´ um tanto escondida.

http://learni.st/

Como usar o Learnist (em inglês)

Nove passos para uma aprendizagem on-line de qualidade: Passo 4 : Crie com os recursos existentes

Texto original publicado em ‘Nine Steps to Online Learning: Step 4: Build on existing resources‘. Tradução autorizada por Tony Bates.

Neste texto argumento sobre o uso de recursos online já existentes em vez de reinventar a roda, o que irá salvar uma boa quantidade de tempo do professor, se comparado a criar tudo do zero.

Este é o quinto texto de uma série de 10 que tratam sobre o projeto de cursos online de qualidade. Os nove passos são focados principalmente em professores que são novos na aprendizagem online, ou tentaram sem muita ajuda ou sucesso.

Os primeiros quatro textos (que você deve ler antes deste) são:

Introdução
Decida como você deseja ensinar online
Decida que tipo de curso on-line
Trabalhe em grupo

Uma versão condensada que cobre todos os posts desta série pode ser encontrada no site ´What you need to know about teaching online: nine key steps´. Tem também uma versão em francês ´Ce que le personnel enseignant doit savoir sur l’enseignment en ligne: neuf étapes clés´.

Movendo o conteúdo online

A gestão do tempo é fundamental na aprendizagem(ensino) on-line. As faculdades muitas vezes gastam uma grande quantidade de tempo na conversão do seu material de sala de aula em uma forma que vai funcionar em um ambiente online, mas isso pode realmente aumentar o seu trabalho. Por exemplo, slides de PowerPoint muitas vezes estão sem comentários do professor, ou perdem o conteúdo crítico, ou falham em cobrir as nuances e ênfases. Contudo, vou sugerir que durante o tempo em que algum deste trabalho não possa ser evitado completamente, você poderá cortar parte do ‘tempo de conversão’ usando alguns recursos online já existentes.

No Passo 1 recomendei o repensar do ensino, e não só simplesmente mover palestras gravadas ou slides em PowerPoint para o ambiente online, mas em desenvolver materiais de forma que permitam os estudantes à distância um melhor aprendizado. Agora neste Passo 4 pareço estar em contradição ao sugerir que você deve usar os recursos existentes. Contudo, a distinção aqui é entre a utilização dos recursos existentes que não se transferem tão facilmente para um ambiente de aprendizagem online (como uma palestra gravada de 50 minutos), e utilização de materiais já desenvolvidos especificamente para o ensino online.

Use a tecnologia institucional já existente

Antes de discutir o conteúdo, se a sua instituição já tem um sistema de gerenciamento de aprendizagem, tais como Blackboard ou Moodle, use-o. Não se meta em discussões sobre se é ou não é a melhor ferramenta, pelo menos quando você está começando. Francamente, em termos funcionais, há poucas diferenças importantes entre as principais LMSs. Você pode preferir a interface de um sistema em detrimento de outro, mas isso vai ser mais uma sobrecarga pela quantidade de esforço que terá que ser feito ao tentar usar um sistema não é suportado pela sua instituição. LMSs não são perfeitos, mas eles evoluíram ao longo dos últimos 20 anos e, em geral, são relativamente fáceis de usar, tanto por você, e mais importante pelos alunos. Eles fornecem uma estrutura útil para organizar o seu ensino on-line, e se o LMS é devidamente apoiada, pode obter ajuda quando necessário. Há flexibilidade suficiente em um sistema de gestão de aprendizagem para que você possa ensinar de diversas maneiras diferentes. Em particular, dedique tempo em ser devidamente treinado em como usar o LMS. Com um par de horas de treinamento você pode economizar muitas horas na tentativa de fazê-lo funcionar da maneira que deseja.

O mesmo se aplica às tecnologias web síncronas, tais como Blackboard Collaborate ou Adobe Connect. Eu tenho minhas preferências, mas todos eles fazem mais ou menos a mesma coisa. As diferenças na tecnologia não são nada se comparadas com as diferentes maneiras que você pode usar essas ferramentas. Estas são decisões pedagógicas e de ensino. Concentre-se nisso ao invés de tentar encontrar a tecnologia perfeita. Na verdade, pense com cuidado sobre quando seria melhor usar ferramentas síncronas em vez assíncronas. Blackboard Collaborate é útil quando você quer começar juntos com um grupo de estudantes ao mesmo tempo, mas essas ferramentas síncronas tendem a ser centradas no instrutor (ministrar palestras e controlar a discussão). No entanto, você pode incentivar os alunos para que trabalhem em pequenas equipes em um projeto, com o uso do Blackboard Collaborate, para decidir sobre papéis ou então para finalizar um trabalho de um projeto, por exemplo. Por outro lado, as ferramentas assíncronas, dotam os alunos online de mais flexibilidade do que as ferramentas síncronas, e permitir-lhes trabalhar de forma mais independente (uma habilidade importante para os alunos desenvolverem).

Use o conteúdo online existente

A Internet e, em particular a World Wide Web, tem uma imensa quantidade de conteúdo já disponível. Muito disto está disponível gratuitamente para uso educacional, sob certas condições (por exemplo, citação da fonte – procure a licença Creative Commons geralmente no final de uma página web). Você vai encontrar conteúdo existente que varia enormemente em qualidade e variedade. As principais universidades como MIT, Stanford, Princeton e Yale fizeram gravações de palestras em sala de aula, e etc, enquanto as organizações de ensino à distância, tais como o UK Open University tornaram todos os seus materiais de ensino online disponíveis para uso livre. Grande parte deste material pode ser encontrado no iTunesU da Apple.

No caso das universidades de prestígio, você pode ter certeza sobre a qualidade do conteúdo – é normalmente o que os estudantes do campus têm – mas muitas vezes não tem a qualidade necessária em termos de design instrucional ou de adequação para aprendizagem on-line. (Para uma discussão sobre isto veja Keith Hampson’s: MOOCs: The Prestige Factor; ou OERs: The Good, the Bad and the Ugly). Recursos livres de instituições como a UK Open University ou o Carnegie Mellon’s Open Learn Initiative normalmente combinam conteúdo de qualidade com um bom design instrucional.

Onde os recursos educacionais abertos são particularmente valiosos são na sua utilização como simulações interativas, animações ou vídeos, que seriam difíceis ou caros demais para um único instrutor desenvolver. Exemplos de simulações em disciplinas de ciências como a biologia e a física podem ser encontrado aqui: Phet, ou no Khan Academy, para a matemática; mas há muitas outras fontes também.

Mas, assim como recursos abertos ditos como “educacionais”, há uma grande quantidade de conteúdo “bruto” na Internet que pode ser de valor inestimável para o ensino online. A principal questão é se você, como o instrutor precisa encontrar tal material, ou se seria melhor fazer os alunos pesquisar, encontrar, selecionar, analisar e aplicar tais informações. Afinal, essas são habilidades-chave que os estudantes precisam ter no Século 21.

Certamente, nos primeiros dois anos de uma graduação a maioria dos conteúdos não é único ou original. Na maioria das vezes estamos sobre ombros de gigantes, ou seja, organizando e gerenciando o conhecimento já descoberto. Apenas nas áreas onde você realiza pesquisa, única e original que ainda não foi publicada, ou onde você tem o seu ‘toque’ próprio no conteúdo, é realmente necessário para criar ‘conteúdo’ a partir do zero. Infelizmente, porém, ainda pode ser difícil encontrar exatamente o material que você quer, pelo menos, de uma forma que seria apropriado para os seus alunos. Em tais casos, então será necessário desenvolver os seus próprios materiais, e isto será discutido mais adiante no Passo 7. No entanto, a construção de um curso em torno dos materiais já existentes fará muito sentido em muitos contextos.

O que seus colegas estão fazendo?

Outro recurso bastante valioso é o material que seus colegas já desenvolveram para seus cursos. Se muitos de vocês estão ensinando cursos relacionados, é provável que eles terão material, como um gráfico de equipamento ou um clip de vídeo de um experimento, que também seria relevante para o seu próprio curso. Certamente, se muitos de vocês estão desenvolvendo um programa, então existe uma margem considerável para trabalhar em colaboração e então desenvolver materiais de alta qualidade que possam ser compartilhados.

Conclusão

O ensino online oferece-lhe uma escolha de focalizar no desenvolvimento de conteúdo ou na facilitação da aprendizagem. Conforme o tempo passa, mais e mais o conteúdo na área de seus cursos estará disponível gratuitamente a partir de outras fontes, através da Internet. Esta é uma oportunidade para focar no que os estudantes precisam saber, e em como podem encontrar, avaliar e aplicar. Estas são habilidades que se perpetuarão além da lembrança do conteúdo que os estudantes obtiveram em um determinado curso. Então, temos de nos concentrar tanto nas atividades estudantis; sobre o que eles precisam fazer, como na criação de conteúdo original para nossos cursos. Isto será discutido em mais detalhe nas etapas 6, 7 e 8.

Questões

1. Quão original é o conteúdo que você ensina? Poderia em estudantes aprender tão bem do conteúdo já existente? Se não, qual é o ‘extra’ que você está adicionando? Isto está contemplado no seu design de um curso online?

2. O conteúdo já existe na internet? Você já olhou para ver o que já está lá?

3. Você está evitando usar tecnologia que já tem suporte institucional, tal como os LMSs ou ferramentas síncronas? Se sim, porque? Você tentou ver se por acaso elas irão fazer o que você deseja?

4. O que teus colegas estão fazendo online – ou talvez na sala de aula, com respeito ao ensino digital? Poderiam trabalhar em conjunto no desenvolvimento de material?

5. Você teve algum treinamento formal no uso das LMS institucionais ou tecnologias síncronas?

Se você sentir que um curso online é muito trabalhoso, então talvez as respostas para estas questões podem indicar onde está o problema.

Próximo

Passo 5: Domine a tecnologia

Trabalho e frustração em grupo


O aprendizado colaborativo realizado em grupo é fonte de entusiasmo para muitos educadores. Onde todos, inclusive o professor, podem participar de trocas ativas de ideias e participar de uma construção social.

Só que como sabemos, trabalhos em grupo nem sempre (ou nunca) funcionam como na imaginação idílica de alguns pedagogos.

O artigo ´Are Online Learners Frustrated with Collaborative
Learning Experiences?
´ publicado na edição de abril de 2012 da ´The International Review of Research in Open and Distance Learning´ mensurou algumas fontes de frustração dos estudantes que participavam aprendizado online com foco em atividades colaborativas.

Alguns dos motivos de frustração entre os todos os 40 participantes da pesquisa foram:
– desequilíbrio no nível de compromisso, esforço e esforço entre os participantes do grupo (citado por 57,5% dos participantes da pesquisa)
– objetivos não compartilhados e dificuldade de organização (22,5%)
– dificuldade de comunicação (20%)
– problemas com habilidades de negociação (17,5%)
– desproporção na qualidade das contribuições individuais (15%)
– excesso de tempo gasto e sobrecarga de trabalho (15%)
– conflitos e problemas em chegar a um consenso (15%)
– desproporção entre expectativa do grupo e dos indivíduos (10%)
– desentendimentos (5%)
– falta de suporte e orientação do instrutor/orientador (5%)

dados da pesquisa

É possível perceber que vários destes problemas também ocorrem em trabalhos em grupo realizados fora do mundo virtual. E podem ficar mais evidentes quando realizados em um espaço virtual. Pois neste é possível perceber com mais clareza a intensidade com que cada membro participa da realização de um grupo; por exemplo, pela verificação da baixa participação de um indivíduo em uma troca de mails relacionados à tarefa proposta.

Mas não é algo sem solução. Para minimizar este tipo de problema os autores indicam que os professores/orientadores devem estar cientes em quando a interferência é necessária em um curso que envolva trabalho colaborativo online e saiba em qual intensidade deve atuar. O instrutor deve desempenhar um papel ativo no processo colaborativo. Sendo pró-ativo no monitoramento e intervenção nas atividade que envolvam colaboração. Isto para garantir que o grupo trabalhe de forma eficaz por meio de mecanismos de assistência, avaliação e feedback.

ResearchBlogging.org
Neus Capdeferro, & Margarida Romero (2012). Are online learners frustrated with collaborative learning experiences? The International Review of Research in Open and Distance Learning

Nove passos para uma aprendizagem on-line de qualidade: Passo 3 : Trabalhe em grupo

Texto original publicado em ´Nine steps to quality online learning: Step 3: Work in a Team´. Tradução autorizada por Tony Bates.

Neste texto argumento que um dos modos mais efetivos de assegurar a qualidade é trabalhar como parte de um grupo.

Este é o quarto texto de uma série de 10 que tratam da projeto de cursos online de qualidade. Os três primeiros textos (que você deve ler antes deste) são:
Introdução: Nove passos para uma aprendizagem on-line de qualidade
Passo 1: Decida como você deseja ensinar online
Passo 2 : Decida que tipo de curso on-line

Por que trabalhar em grupo?

Para muitos professores, o ensino em sala de aula é uma atividade individual, em grande parte privada, entre o professor e os alunos. Ensinar é um assunto muito pessoal.

No entanto, a aprendizagem on-line é diferente da sala de aula. Ela exige uma série de habilidades que a maioria dos professores, e em particular os novos no ensino online, provavelmente não tem, pelo menos em uma forma desenvolvida e pronta para o uso. Em particular, a forma como um professor interage online tem de ser organizada de forma diferente da de uma classe tradicional, e uma atenção em particular deve ser dada em providenciar atividades online apropriadas para os estudantes, e na estruturação do conteúdo de forma a facilitar o aprendizado em um ambiente online assíncrono. Em particular, um bom projeto de curso é essencial para se alcançar a qualidade como anteriormente defini (com um desempenho do aluno tão bom quanto se não melhor do que no ensino em sala de aula). Estas são questões pedagógicas, nas quais a maioria dos professores do ensino superior tiveram pouco treinamento. Além disso, há também questões de tecnologia. Instrutores novatos tendem a necessitar de ajuda para desenvolver gráficos ou materiais de vídeo, por exemplo.

Outra razão para trabalhar em equipe é o de gerir a carga de trabalho. Pode ser visto que existe uma gama de atividades tecnológicas que não são normalmente necessárias aos professores de sala de aula. Só o gerenciamento da tecnologia vai ser um trabalho extra se os professores fizerem tudo sozinhos. Além disso, se o curso online não está bem concebido, se os alunos não estão bem instruídos sobre o que devem fazer, ou se o material é apresentado de maneiras que são difíceis de entender, o instrutor será sobrecarregado com e-mails dos alunos. Designers instrucionais, que trabalham em diversos cursos, e que tem treinamento tanto em design como em tecnologia, pode ser recurso inestimável para professores novatos nas técnicas online.

Em terceiro lugar, trabalhar com colegas do mesmo departamento que são mais experientes na aprendizagem online, pode ser um meio muito bom para chegar rapidamente a um alto padrão de qualidade, e, novamente, pode economizar tempo. Por exemplo, em uma universidade em que trabalhei, três membros do corpo docente do mesmo departamento desenvolveram diferentes cursos online. No entanto, esses cursos muitas vezes necessitavam gráficos do mesmo equipamento abordados em todos os três cursos. Os três instrutores se reuniram, e trabalharam com um designer gráfico para criar gráficos de alta qualidade que foram compartilhados entre os três instrutores. Isto também resultou em discussões sobre a sobreposição e a melhor forma de ter certeza que havia uma melhor integração e coerência entre os três cursos. Eles conseguiam fazer isso com os seus cursos online mais facilmente do que com os cursos presenciais, porque os materiais do curso online pode ser mais facilmente compartilhados e monitorados.

Eu reconheço que para muitos professores, desenvolvimento do ensino em uma equipe é uma grande mudança cultural. No entanto, os benefícios de se fazer isso para a aprendizagem online vale o esforço. Quando os professores ficam mais experientes no ensino online, há menos necessidade de a ajuda de um designer instrucional, mas muitos instrutores experientes agora preferem continuar a trabalhar em equipe, porque isso torna a vida muito mais fácil para eles.

Quem estará na equipe?

Isto dependerá, em certa medida do tamanho do curso. Na maioria dos casos, de um curso online com um membro do corpo docente ou um especialista no assunto, eles vão trabalhar normalmente com um designer instrucional, que por sua vez, pode chamar de pessoal mais especializado, como um web designer ou um produtor de mídia, conforme necessário. Se, porém, é um curso com muitos alunos e professores diversos, então os professores devem trabalhar juntos como uma equipe, com o designer instrucional. Também em algumas instituições um bibliotecário é um membro importante da equipe, ajudando a identificar recursos, em lidar com questões de direitos autorais e garantir que a biblioteca seja capaz de responder às necessidades dos alunos quando o curso está sendo oferecido.

E sobre a liberdade acadêmica? Perco trabalhando em equipe?

Não. O professor sempre terá palavra final sobre o conteúdo e como ele deve ser ensinado. Os designers são conselheiros, mas a responsabilidade com o curso permanece sempre com o membro do corpo docente. No entanto, designers instrucionais e web designers não devem ser tratados como servos, mas como profissionais com habilidades especializadas. Eles devem ser respeitados e ouvidos. Muitas vezes, o designer instrucional terá mais experiência do que funciona no ensino online. Cirurgiões trabalham com anestesistas e enfermeiros, e confiam neles para fazer o seu trabalho corretamente. A relação de trabalho entre professores e designers instrucionais e web designers devem ser semelhantes.

Conclusão

Trabalho em equipe torna a vida muito mais fácil para os instrutores para ensinar online. Um bom projeto de curso não apenas permite que os alunos aprendam melhor, mas também controla a carga de trabalho do corpo docente. Os cursos tem uma melhor aparência com bom design e gráficos. Especialistas técnicos ajudam a liberar os professores para concentrar no ensino e aprendizado. Alguma razão para não gostar?

Nove passos para uma aprendizagem on-line de qualidade: Passo 2 : Decida que tipo de curso on-line

Texto original publicado em ´Nine steps to quality online learning: Step 2: Decide on what kind of online course´. Tradução autorizada por Tony Bates.

Este é o terceiro de uma série de 10 textos para a criação de cursos online com qualidade. Os dois primeiros textos (que devem ser lidos antes deste texto) são:

Introdução: Nove passos para uma aprendizagem on-line de qualidade
Passo 1: Decida como você deseja ensinar online

O continuum da aprendizagem online

Aprendizagem on-line pode ser usada de muitas maneiras. Ela pode ser usada sob a forma de:

ajuda para a sala de aula, isto é, no suporte ao ensino regular em sala de aula (lição de casa extra para os alunos, em essência), tal como colocar material do curso em slides de PowerPoint, leituras para a disciplina, exercícios e datas limite, e novidades sobre a disciplina, normalmente por meio de um sistema de gerenciamento de cursos (LMS) tal como Blackboard ou Moodle. Os estudantes podem também enviar trabalhos em documentos do Word por meio do LMS, e as notas dos estudantes podem ser enviadas via LMS. Os professores normalmente chamam este aprendizado de aprendizado combinado (blended learning, ou B-learning). Deve ser lembrado, porém, que tudo isso é provável que seja um trabalho extra, tanto para você quanto para os alunos, sobre tudo o que já foi dito em sala de aula, e a leitura extra e fontes seguir podem se acumular ao longo do tempo e provocar uma sobrecarga de trabalho para os alunos.

aprendizagem híbrida: neste o tempo de aula face-a-face é reduzido, mas não eliminado, para permitir que mais tempo possa ser empregado por estudantes atuarem no online. Esta pode assumir várias formas:
no Vancouver Community College funciona um curso para aprendizes de manutenção em carcaças plásticas de carros no qual os estudantes empregam as primeiras 10 semanas estudando inteiramente online, e então vão para a faculdade para as últimas 3 semanas de curso para o trabalho prático. No primeiro dia de aula eles são testados em suas habilidades. Como muitos já estão trabalhando sob supervisão, até um terço já terá atingido as habilidades práticas normais no trabalho. Estes então estão aprovados e voltam ao trabalho imediatamente (para alívio dos empregadores). Isso permite que o instrutor se concentre em trazer um grupo menor de alunos até o padrão habilidade necessária ao longo das próximos três semanas na oficina ou laboratório.
Royal Roads University perto de Victoria, na Colúmbia Britânica, que se concentra mais na aprendizagem ao longo da vida, usa outro modelo híbrido. Os estudantes têm até dois semestres totalmente on-line, mas passam o terceiro semestre no campus.
– O modelo mais comum apesar disto é reduzir as palestras de três horas por semana, para uma sessão de sala de aula e o resto então realizado online. Iremos discutir abaixo como usar estes dois tempos para um melhor proveito.

Estes modelos de aprendizagem híbrida ainda não são encontrados em grande extensão na universidade ou campi universitários, mas algumas pessoas, inclusive eu, acreditam que a aprendizagem híbrida acabará por se tornar o modelo “padrão” de ensino em universidades baseadas em campus, isto quando os professores tornam-se mais ciente dos pontos fortes e fracos do ensino online tanto quanto do ensino face-a-face.

totalmente online: este é o tipo no qual o curso é oferecido totalmente online, isto é, é um curso de educação a distância. Foi estimado que aproximadamente 15% de todas matrículas de cursos pós-secundário na América do Norte são atualmente em cursos inteiramente online, e os números estão crescendo rapidamente (em uma taxa de aproximadamente 10-20% ao ano).

O desafio, agora, para cada instrutor é: onde no continuum de aprendizagem online deve estar o meu curso?

Como decidir

Há quatro fatores que devem determinar o tipo de curso online você deve ministrar:
– sua filosofia de ensino
– o tipo de estudante que você está tentando alcançar (ou terá que ensinar)
– os requisitos da disciplina
– os recursos disponíveis para você.

Sua filosofia de ensino

Decidir sobre uma filosofia de ensino foi discutido em um texto anterior (veja Nove passos para uma aprendizagem de qualidade online: Passo 1: Decida como você deseja ensinar online), mas não é uma simples decisão feita antes de você começar a projetar um curso online. Será provavelmente modificada enquanto trabalhamos pelos passos que ainda restam, mas ter um conjunto claro de valores e crenças como é a melhor forma de ensinar o assunto deve fornecer uma guia para o tipo de decisões você será obrigado a fazer.

Quem são (ou poderiam ser) os estudantes?

Agora sabemos muito sobre que tipo de aluno aprende melhor online, e sobre os que acham difícil ou um grande esforço. Aqui estão algumas orientações:

eternos alunos que querem uma qualificação adicional ou um upgrade. Estes estão muitas vezes trabalhando com as famílias e realmente apreciam a flexibilidade de estudar totalmente online. Eles muitas vezes já tem boas qualificações, e portanto, aprenderam a estudar com sucesso. Eles podem ser engenheiros que procuram uma formação em gestão, ou profissionais que desejam manter-se atualizados em sua área. Eles são muitas vezes mais motivados, porque eles podem ver uma ligação direta entre o novo curso e uma possível melhora na suas perspectivas de carreira. Eles são, portanto, os alunos ideais para cursos online (mesmo que eles podem ser mais velhos e dominar menos as tecnologias do que os estudantes que saem do ensino médio). A área de mais rápido crescimento em cursos on-line é para programas de mestrado destinados a profissionais que trabalham. O que é importante para esses alunos é que os cursos sejam tecnicamente bem concebidos, para que os alunos não precisem ser altamente qualificados no uso do computador para poder estudar nos cursos.

alunos independentes. Aprendizagem on-line, especialmente a totalmente online, requer uma boa auto disciplina e boas habilidades genéricas de estudo. Alunos independentes podem ser encontrados em qualquer idade, mas é uma habilidade ensinável, e nós discutiremos mais tarde neste texto como usar aprendizagem online para promover que os alunos passem de dependentes a independentes.

estudantes em tempo integral que precisam de flexibilidade. Uma proporção surpreendentemente grande de alunos online são estudantes em tempo integral no campus. Na University of British Columbia, mais de 80% das matrículas de cursos a distância são de estudantes do terceiro ou quarto ano, cursando a versão online de um curso que também é oferecido no campus. Existem várias razões para isto. Muitos dos estudantes ditos ´de tempo integral´ estão também trabalhando, em trabalhos em turno parcial para manter em dia suas dívidas. (Quanto maior é o valor do curso, maior será a pressão de ter trabalho a tempo parcial). Aprendizagem online oferece mais flexibilidade e evita o choque de compromissos de trabalho e horários de aulas presenciais. Outra razão é que muitas das disciplinas presenciais estão lotadas e o estudante não consegue matrícula nelas. Fazer uma versão online permite que tais estudantes completem o curso nos quatro anos em vez de ter que vir para um semestre ou ano extra (e incidentalmente ajuda a manter uma menor lotação das disciplinas presenciais).

Estudantes em lugares remotos e isolados. Certamente no Canadá existem tais estudantes e a capacidade de estudar localmente em vez de viajar grandes distâncias pode ser muito atraente. No entanto, é importante notar que a grande maioria dos alunos online moram em centros urbanos, vivendo no raio de uma hora de viagem de uma faculdade ou universidade. É a flexibilidade, em vez de a distância que importa para esses alunos, e os alunos realmente afastados e isolados podem não ter boas habilidades de estudo ou acesso a banda larga. Portanto eles podem precisar ser introduzidos gradualmente na aprendizagem online, muitas vezes inicialmente com um forte apoio presencial local.

Por isso é muito importante saber que tipo de alunos você estará ensinando. Para alguns estudantes, será melhor a matrícula em uma classe face-a-face, para então serem introduzidos gradualmente ao estudo online dentro de um ambiente de sala de aula familiar. Para outros alunos, a única maneira eles vão fazer o curso será se ele estiver disponível totalmente online. Também é possível misturar e combinar face-a-face e aprendizagem online para alguns alunos que querem a experiência do campus, mas também precisam de um certo grau de flexibilidade em seus estudos. Estar online pode permitir-lhe alcançar um mercado mais amplo (crítico para departamentos com baixo número de matrículas ou em declínio) ou para atender a forte demanda de profissionais. Quem são (ou poderiam ser) seus alunos? Que tipo de curso irá funcionar melhor para eles?

Determinando os requisitos da disciplina em questão

A experiência sugere que quase tudo pode ser eficientemente ensinado online, dado tempo e dinheiro suficiente, e certamente mais do que muitos instrutores do face-a-face possam imaginar. No entanto, há alguns temas, ou mais precisamente alguns elementos de áreas temáticas, que são mais difíceis de ensinar online. Determinar as necessidades do assunto ensinado e de sua adequação para o ensino online requer tanto um conhecimento profundo da disciplina, quanto uma mente aberta para fazer as coisas de forma diferente. Assim, não é possível para eu tomar essa decisão pela maioria dos professores, mas posso sugerir algumas diretrizes para ajudá-lo a fazer isso. Para fazer isso, vou tomar uma área que não parece, à primeira vista ser um tema fácil para ensinar online, hematologia, o estudo do sangue.

Conteúdo ou habilidades?

Acho que é útil no projeto de aprendizagem online diferenciar entre o que eu chamo de conteúdos e habilidades na definição dos resultados desejados de aprendizagem de um curso.

Conteúdo abrange fatos, dados, hipóteses, idéias, argumentos, provas, e descrição das coisas (por exemplo, mostrar ou descrever as partes de uma peça de equipamento e suas relações). Na hematologia, o conteúdo irá incluir a descrição dos componentes físicos do sangue, as descrições das partes relevantes da biologia celular, o equipamento utilizado para analisar o sangue e como funciona o equipamento, princípios, teorias e hipóteses sobre a coagulação do sangue, a relação entre os testes de sangue e doenças ou outras doenças, etc

Habilidades descrevem como o conteúdo será aplicado e praticado. Isto pode incluir a análise dos componentes do sangue, o uso de equipamento (onde a capacidade de utilizar equipamento de forma segura e eficaz é um resultado de aprendizagem desejada), fazendo hipóteses sobre causa e efeito, com base na teoria e evidência, o diagnóstico, a resolução de problemas e tratamento.

Existem hoje muitas maneiras de oferecer conteúdo online: texto, gráficos, áudio, vídeo e simulações. Por exemplo, gráficos, um pequeno vídeo clip, ou fotografias por meio de microscópio podem mostrar exemplos de células sanguíneas em diferentes condições. Cada vez mais este conteúdo já está disponível na web para uso educacional livre (por exemplo, veja a biblioteca de vídeo da American Society of Hematology). A criação de tais materiais a partir do zero é mais cara, mas está se tornando cada vez mais fácil de fazer com alta qualidade baixo custo do equipamento, com gravação digital. Usando um vídeo cuidadosamente registrados de uma experiência, muitas vezes, fornece uma visão melhor do que os alunos irão obter se aglomerando em torno de um estranho equipamento de laboratório .

Então primeiro, divida o conteúdo que deve ser entregue e decida como isto pode ser melhor feito online. Em muitos casos, pode ser melhor entregue online do que em uma sala de aula ou laboratório. O que NÃO é uma boa maneira de distribuir conteúdo pela internet é por meio de palestras gravadas. Estudar online é feito muitas vezes em curtos períodos de estudo, e fornecimento de materiais de uma forma modular proporciona maior flexibilidade e mais gerenciável uma aprendizagem com ‘pedaços’ para se digerir. Com uma apresentação online você pode incluir material que é mais ´autêntico´ do que os estudantes poderiam obter em uma sala de aula com uma palestra. Assim, é importante pensar no conteúdo de um curso e como ele pode ser melhor pode entregue online. Na maioria dos casos, a entrega de conteúdo não será um problema importante. Ele só precisa ser apresentado através dos melhores meios de comunicação disponíveis e organizado adequadamente.

Desenvolvimento de habilidades on-line pode ser mais um desafio, especialmente se ele exige a manipulação de equipamentos e uma “sensação” de como o equipamento funciona, ou habilidades semelhantes que exigem tato. (O mesmo poderia ser dito de habilidades que exigem paladar ou cheiro). No nosso exemplo hematologia, algumas das competências que precisam ser ensinadas podem incluir a capacidade de analisar analitos ou componentes particulares do sangue, tais como insulina ou glicose, para interpretar os resultados (conteúdo), e para sugerir um tratamento. O objetivo aqui seria ver se existem maneiras para que estas habilidades também possam ser ensinadas online de forma eficaz. Isto significa identificar as habilidades necessárias, trabalhando como desenvolver tais habilidades online (incluindo oportunidades de prática), e como avaliar tais habilidades online. No final da análise, deveria ser possível esquematizar uma tabela como na Figura 1, abaixo (embora a lista de resultados seria muito mais longa).

Pode ser visto neste exemplo que a maior parte do conteúdo pode ser disponibilizado online, juntamente com a habilidade de importância crítica do projeto de um experimento, mas algumas atividades ainda precisam ser feitas pessoalmente. Isto pode necessitar de uma ou mais sessões de trabalho noturno ou nos finais de semana de forma presencial em um laboratório, transmitindo assim a maioria do curso de forma online, ou possa ter tanta prática que o curso tenha que ser um híbrido de 50% presencial e 50% de aprendizagem online.

Com o desenvolvimento de animações, simulações e laboratórios remotos online, onde o equipamento real pode ser remotamente manipulado, está tornando-se cada vez mais possível mover trabalho para ambiente online, mesmo para um laboratório tradicional. Ao mesmo tempo, não é sempre possível encontrar exatamente o que é necessário ser online, embora isso possa melhorar com o tempo. Em outras áreas tal como humanas, ciências sociais, e negócios, é muito mais fácil mover o ensino para ambiente online.

Pode se perceber que estas decisões têm de ser relativamente intuitivas, baseadas no conhecimento dos instrutores da área e sua capacidade de pensar criativamente sobre como alcançar resultados de aprendizagem online. Contudo, temos agora suficiente experiência de ensino online para saber que a maioria das áreas, uma grande quantidade de habilidades e conteúdos necessários para alcançar resultados de aprendizagem de qualidade podem ser ensinados online. Não é mais possível argumentar que a decisão padrão deva ser sempre de se fazer o ensino de forma presencial.

Assim, cada instrutor precisa agora fazer a pergunta: se eu posso mover a maior parte do ensino para ambiente online, quais são os benefícios exclusivos da experiência no campus que eu preciso levar para o ensino face-a-face? Porque os estudantes precisam estar aqui na minha frente, e quando eles estão aqui, estaria eu usando o tempo para um melhor resultado?

Recursos

Um bom trabalhador necessita das ferramentas certas e o tempo necessário para fazer um bom trabalho. O mesmo é verdade para o ensino online. Então, vamos olhar para os recursos que você precisa para apoiar uma migração para a aprendizagem online.

1. seu tempo. Este é o recurso mais precioso de todos. Tempo para aprender como fazer o ensino online é especialmente importante. Há uma curva de aprendizagem e a primeira vez você terá que dispor de mais tempo do que nos posteriores cursos online. A instituição deve oferecer algum tipo de treinamento ou desenvolvimento profissional dos instrutores que pensam em ensinar online. Idealmente os professores devem ter um tempo livre (até um semestre de uma disciplina) para projetar e preparar um curso online. Contudo isto nem sempre é possível e em alguns dos outros passos iremos ver como você pode melhor administrar seu tempo enquanto desenvolve e ensina em um curso online. Contudo, de uma coisa sabemos. A carga de trabalho em uma função do projeto do curso. Cursos online bem projetados devem exigir menos e não mais trabalho de um professor. Assim, vamos passar algum tempo em etapas posteriores olhando como um bom design pode permitir-lhe controlar a carga de trabalho.

2. Equipe de suporte de tecnologias de aprendizagem. Se a sua instituição tem uma unidade de serviço para o desenvolvimento do corpo docente e de formação, designers instrucionais e web designers para apoio ao ensino, use-os. Estas equipes são muitas vezes qualificadas tanto em ciências educacionais quanto em tecnologias computacionais. Eles têm um conhecimento único e habilidades que podem tornar sua vida muito mais fácil quando no ensino online. Discutirei o seu papel em mais detalhe no passo 3.

3. O sistema de gerenciamento de aprendizagem. A maioria das instituições tem agora um sistema de gerenciamento de aprendizagem, tais como Blackboard ou Moodle. Outros LMSs comuns são Desire2Learn, Sakai ou Instructure. Utilize os LMS institucionais existentes. Em particular, quando se inicia não se deve meter em “guerras” LMS, sobre se a sua instituição tem o “melhor” LMS. A maioria dos LMSs têm funcionalidade muito semelhante e flexibilidade suficiente para permitir-lhe ensinar da forma que você gostaria de ensinar, pelo menos no início. Um LMS lhe dará uma estrutura e formato a seguir para começar rapidamente. Novamente, se a instituição não tem um LMS (ou tem a sua própria marca muito peculiar), então nem sequer pense em migrar online, a menos que você também tenha habilidades de um bom web designer e esteja dispostos a fazer um monte de trabalho extra na manutenção do web site do curso.

4. Colegas mais experientes no ensino online. é realmente uma boa ajuda se você tiver colegas experientes no seu departamento, que compreendem a disciplina e que já atuaram em ensino online. Eles talvez até tenham alguns materiais já desenvolvidos, tais como gráficos, e estarão dispostos a compartilhar com você.

A medida em que esses recursos estejam disponíveis ajudará a informá-lo sobre o grau que você será capaz de migrar para o ambiente online e atender aos padrões de qualidade. Em particular, você deve pensar duas vezes sobre um curso online, se nenhum dos recursos relacionados acima estiver disponível para você.

Quem deve tomar a decisão?

Enquanto os professores como indivíduos, devam estar fortemente envolvidos decidindo sobre a melhor proporção entre ensino face-a-face e ensino online em seus cursos específicos, vale a pena pensar sobre isto para um programa completo em vez de um curso individual. Por exemplo, se percebermos que o desenvolvimento de habilidades de aprendizagem independente é um resultado fundamental do programa, então pode fazer sentido começar no primeiro ano com disciplinas face-a-face, mas gradualmente ao longo do comprimento do programa apresentar aos alunos mais e mais o aprendizado online, de modo que no final de um curso de quatro anos eles sejam capazes e dispostos a assumir alguns dos seus cursos totalmente online.

Certamente agora, cada programa deve ter um mecanismo para decidir não apenas o conteúdo e as habilidades ou o currículo a ser coberto em um programa, mas também como o programa vai ser entregue, e, portanto, o equilíbrio ou a mistura de ensino online e face-a-face ao longo do programa.

Conclusão

Para resumir, existem quatro fatores ou variáveis ​​a serem consideradas quando se decide qual ‘mix’ de ensino presencial e online será melhor para o seu curso:

– sua filosofia de ensino preferido
– como você gosta de ensinar
– as necessidades dos alunos (ou estudantes potenciais)
– as exigências da disciplina
– os recursos disponíveis para você.

TODOS professores agora precisam tomar a decisão sobre a mistura certa de ensino presencial e online. Embora uma análise de todos os fatores é um conjunto de passos essenciais a serem realizados na tomada dessa decisão, e no fim vai surgir uma decisão essencialmente intuitiva, que leva em conta todos os fatores. Isto se torna particularmente importante quando se olha para um programa como um todo.

Próximo passo

No próximo texto desta série, vou discutir os benefícios de trabalhar em equipe ao projetar um curso on-line.

Nove passos para uma aprendizagem on-line de qualidade : Passo 1: Decida como você deseja ensinar online

Texto original publicado em ´Nine steps to quality online learning: Step 1: Decide how you want to teach online´. Tradução autorizada por Tony Bates.


Em um post anterior, eu resumi os nove passos no desenvolvimento de cursos online com qualidade. Neste texto, e nos seguintes, irei discutir com mais detalhes cada um desses passos.

Neste post, vou discutir o primeiro passo e, de longe, o mais importante: decidir como você deseja ensinar online.

Introdução

Este post é focado em guiar instrutores ou professores que são iniciantes no ensino online, ou que tiveram uma experiência precária no ensino online por não terem seguido o que chamos de boas práticas (que irei abordar com alguma profundidade neste texto). Estes textos são para você realmente iniciar.

Se você é um professor experiente e bem sucedido em assuntos online, então você talvez tenha que ver outro texto, ´Projetando a aprendizagem on-line para o século 21´, que pode ser considerado o próximo passo ou nível no design de um curso online. Contudo, neste post e nos seguintes, o foco é em iniciar ou verificar se as boas práticas estão sendo seguidas nos cursos mantidos por você.

O que você quer dizer com ´qualidade´ da aprendizagem online?

Esta questão poderia ser a base para um livro inteiro, quem diria para uma introdução de um post com 800 palavras. Contudo, para os propósitos deste exercício, vou definir uma aprendizagem de qualidade on-line de forma muito restrita. É baseada em resultados:

Por qualidade quero dizer “Alcançar com um curso online o mesmo nível, ou melhor, de um equivalente curso face-a-face.” Isso tem dois indicadores quantitativos críticos de desempenho:
– as taxas de conclusão serão pelo menos tão boas, se não melhores, para a versão online
– graus ou índices de aprendizagem serão tão bons, ou melhores, para a versão online

Em um nível qualitativo, vou sugerir um outro critério: qualidade da aprendizagem online levará a um novo, diferente e mais relevante resultado que são mais propícios pela aprendizagem online. Critério este que é melhor coberto pelo ´segundo nível´ do design de curso online discutido em ´Projetando a aprendizagem on-line para o século 21´.

Aqui, vamos apenas nos concentrar em garantir que o seu curso on-line será pelo menos tão bom como uma versão face-a-face com os critérios quantitativos sugeridos acima.

Porque você precisa mudar o modo como ensina quando você trabalha online?

Vou sugerir que você precisa repensar a forma como você ensina quando você trabalha online – não apenas deslocando o ensino face-a-face para uma versão online, mas re-projetando o ensino para se adequar às exigências dos alunos online.

Ensinar bem online tem quase os mesmos requisitos quanto ensinar bem face-a-face: por exemplo, resultados claros de aprendizagem, avaliações que teste os resultados de aprendizagem desejados e diferencie entre os diferentes níveis de sucesso, etc. Contudo, existem também diferentes necessidades, porque o contexto no qual os alunos (e você como instrutor) estão trabalhando será diferente.

Eu gosto de fazer a comparação entre dirigir um carro e pilotar um avião de pequeno porte. Ambos são meios de transporte, e ambos exigem uma série de habilidades semelhantes, tal como uma coordenação razoável de olho/mãos, um bom senso de direção, habilidade para ler mapas, e um entendimento básico sobre a tecnologia por trás de cada meio de transporte. Mas voar requer outras habilidades como dominar o subir e descer, e novas habilidades como pousar e decolar, bem como aprender uma série de regras e regulamentos. Você também precisa reagir de forma diferente em situações similares. Por exemplo quando dirige um carro você tende a desacelerar quando perceber uma situação de risco iminente; se diminuir a velocidade você para. Em voo, contudo, se você for muito lento vai estolar e cair. Não surpreendentemente, voar também precisa de mais treinamento do que dirigir.

Faço estas observações porque é tentador para instrutores face-a-face apenas moverem os métodos de ensino em sala para o online, tal como usar gravação para que os estudantes façam download em casa das palestras gravadas , ou então usar webconferência para ministrar palestras ao vivo pela internet. No entanto, há uma grande quantidade de evidências que sugerem que fazer isso não leva a bons resultados para os alunos on-line. (Ver, por exemplo, Figlio, Rush e Yin, 2010).

Uma razão é que isto falha em levar em conta um dos requisitos chave para a maioria dos estudantes online: a flexibilidade. Um webcast síncrono pode ser marcado no momento em que os alunos estão trabalhando, por exemplo, ou os estudantes frequentemente precisam trabalhar em pequenos intervalos de tempo, e não conseguem se concentrar bem por 50 a 60 minutos em uma palestra, mesmo quando gravada. Mais importante ainda, a aprendizagem on-line nos permite disponibilizar conteúdo ou informação de modos que levam a uma melhor aprendizagem do que através de uma palestra de uma hora.

Há também as diferentes necessidades dos alunos online. Há uma boa quantidade de pesquisa que demonstram que os alunos on-line precisam sentir que o instrutor está ‘presente’ online , ou seja, interagindo com os alunos em fóruns de discussão, encaminhando-os para artigos ou eventos recentes e relevantes, e respondendo prontamente à questionamentos (veja por exemplo, Richardson e Swan, 2003). Horas de atendimento restritas ou permanecer online após uma palestra online para responder perguntas não propicia a flexibilidade de contato online que os estudantes necessitam.

Assim, é importante projetar o ensino online de tal forma que melhor se adapte aos alunos online. Felizmente, existe muita experiência e pesquisa que identificam os princípios chave de design para o sucesso do ensino online. É disto que estes nove passos tratam.

Como você quer ensinar on-line?

Esta questão realmente pede-lhe para considerar a sua filosofia básica de ensino. Qual é meu papel como um instrutor? Tenho uma visão objetivista, que o conhecimento é finito e definido, que eu sou um especialista no assunto que sabe mais do que os alunos e, assim, meu trabalho é garantir que eu transfira o mais eficazmente possível a informação ou conhecimento para o estudante?

Ou vejo a aprendizagem como um desenvolvimento individual focado no desenvolvimento das habilidades dos alunos e na habilidade de questionar, analisar e aplicar a informação ou conhecimento? Me vejo mais como um guia ou facilitador da aprendizagem para os alunos?

Ou talvez você gostaria de ensinar de um modo mais moderno, mas enfrenta uma sala de aula com 200 alunos que o força a retornar a um ensino mais instrutivo. Ou talvez você gostaria de combinar ambas as abordagens, mas não pode por causa das restrições de horários e currículo.

Você pode criar cursos on-line para ensinar em qualquer uma dessas formas, mas mover uma disciplina para o modo online resulta em uma oportunidade para repensar seu ensino, talvez para ser capaz de resolver algumas das limitações do ensino em sala de aula, e para renovar a sua abordagem de ensino. Por exemplo, movendo uma grande parte do conteúdo online, talvez você pode liberar mais tempo para interação com os alunos, em grupos grandes ou pequenos, tanto em sala de aula ou online, e ao mesmo tempo reduzir o número de palestras para turmas grandes. Por exemplo, alguns instrutores têm redesenhado aulas teóricas grandes com 200 alunos, quebrando a turma em grupos de 10, colocando online o material das palestras, e então o professor passa pelo menos uma semana com cada um dos grupos em uma discussão online, com interação e atividades em grupo, obtendo assim uma maior interação com todos os alunos.

Ou talvez, colocando a teoria e leituras on-line, por meio de simulações simples e vídeos de experiências para melhor preparar os alunos para aulas de laboratório, e estimulando os alunos a escreverem experimentos online, talvez podendo reduzir a quantidade de tempo que os estudantes precisam gastar em um laboratório com experimentos simples, e assim liberar algum tempo para o trabalho deles em outro laboratório que realmente necessite a presença e uso direto de equipamentos, que antes era feito de forma apressada.

Mover um curso para ser online abre um leque de possibilidades de ensino que pode não ser possível nos limites de um semestre de três créditos semanais de palestras. Isto pode significar não ter que fazer tudo online, mas focar o que deve ser feito no campus em somente naquilo que precisa ser feito lá. Alternativamente, pode permitir-lhe repensar totalmente o currículo, para explorar alguns dos benefícios da aprendizagem on-line, tal como fazer com que os estudantes encontrem, analisem e apliquem informações eles próprios. Assim se você está pensando em atuar online, use a oportunidade antes de iniciar o curso ou programa para pensar sobre como você gostaria de ensinar, e se isso pode ser acomodado em um ambiente online. Esta não é uma decisão que você tenha que tomar imediatamente. Veremos que quando você atua segundo esses passos, será mais fácil tomar esta decisão. O ponto importante é estar aberto para fazer as coisas de forma diferente.

De todas as nove etapas, este é definitivamente o mais importante. No entanto, você pode ter certeza de uma coisa. Se você simplesmente colocar as anotações das palestras na internet, ou gravar as palestras de 50 minutos para disponibilizar para download, então quase que certamente você terá uma menor taxa de conclusão da disciplina e notas piores do que em uma aula face-a-face.

Atividade sugerida

1. Você consegue escrever sua filosofia de ensino – como você realmente gostaria de ensinar a matéria, se não tivesse limitações?

2. Quais são os principais problemas que enfrenta no momento do ensino em sala de aula?

3. Agora pense se, movendo um curso para a internet, com a maior flexibilidade de acesso para os alunos, e os recursos disponíveis através da Internet, você poderia ensinar de novas formas que melhor se encaixem em sua filosofia de ensino. Como isso seria?

Próximo passo

No próximo passo (passo 2) irei discutir a questão de que tipo de curso online você deve ministar, e como melhor decidir isto. E também em algum dos últimos passos, irei sugerir em como você consegue ajuda na decisão de como você quer ensinar online.

Referências

Figlio, D., Rush, N. and Yin, L. (2010) Is it Live or is it Internet? Experimental Estimates of the Effects of Online Instruction on Student Learning Cambridge MA: National Bureau of Economic Research

Richardson, J. C., & Swan, K. (2003). Examining social presence in online courses in relation to students’ perceived learning and satisfaction. Journal of Asynchronous Learning Networks, 7 (1), 68-8 8.

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