Onze onzes de 2011, uma retrospectiva

Já que ano passado não teve poeminha e 11 é um número muito mais redondo que 10, aqui vão onze listas de onze coisas que aconteceram no ano 11 do Calendário Apocalíptico.

Os onze textos mais visitados:

1 – Participe da campanha “Seja um Médico Limpinho” (LINK);

2 – Cura do câncer – ascensão e queda de um mito (LINK);

3 – Homeopatia, coitadinha, não tem vez porque a “Indústria Farmacêutica”, que se preocupa apenas com dinheiro, não deixa! (LINK);

4 – Batons com chumbo (LINK);

5 – Camarões, arsênio e vitamina C, uma estória (falsa) de amor (LINK);

6 – Avião de papel (LINK) (minha primeira publicação com um “scienceblogs” antes do meu “uoleo”);

7 – Médicos, CFM, homeopatia e imoralidades (LINK);

8 – Cuspir ou engolir?(LINK);

9 – Carnaval Proibido (LINK);

10 – Este blogue é a favor do aborto (LINK);

11 – Auto-Hemoterapia e a medicina da Idade Média de mãos dadas (LINK). [1]

Agora, para o tráfego “social”.

Os onze artigos mais lidos via Facebook:

Participe da campanha “Seja um Médico Limpinho”;

666, o mais besta dos números (LINK);

Ferro, Lítio, Zinco, Astato e Alumínio para todos! (LINK) (minha entrada mais roubada do ano, o que se torna algo ainda mais impressionante visto que foi publicada seis dias antes de 2011 acabar);

Este blogue é a favor do aborto;

Para cada escravo que você financiar, eu vou comprar três cintos de couro (LINK);

A latrina dos deuses (ou, a cólonização do espaço) (LINK)

Homeopatia, coitadinha, não tem vez porque a “Indústria Farmacêutica”, que se preocupa apenas com dinheiro, não deixa!;

Médicos, CFM, homeopatia e imoralidades;

Homeopatia é feita de nada e NÃO funciona contra dengue (LINK);

Resenha – Por Que as Pessoas Acreditam em Coisas Estranhas (LINK);

UTILIDADE PÚBLICA – Cuidado com os ESPELHOS, ops, SPAMS! (LINK) (a dois dias do fim do ano! Valeu, Facebook!).

Artigos mais lidos via feed (volta GReader!)

Participe da campanha “Seja um Médico Limpinho”;

666, o mais besta dos números;

Homeopatia, coitadinha, não tem vez porque a “Indústria Farmacêutica”, que se preocupa apenas com dinheiro, não deixa!;

Para cada escravo que você financiar, eu vou comprar três cintos de couro;

Lição de geometria básica para auto-hemoterapeutas e demais pseudocientistas (é tudo ilustrado, não precisa se desesperar) (LINK);

Medicina cura. Homeopatia mata. #ten23 (LINK);

A mais nerd das piadas (LINK);

Médicos, CFM, homeopatia e imoralidades;

Ferro, Lítio, Zinco, Astato e Alumínio para todos!;

“Bebida amarga torna as pessoas mais críticas, mostra estudo” <= Não, não mostra. (LINK);

Pedofilia nem sempre é crime (LINK).

Artigos mais lidos via Twitter: [2]

Homeopatia, coitadinha, não tem vez porque a “Indústria Farmacêutica”, que se preocupa apenas com dinheiro, não deixa!;

Médicos, CFM, homeopatia e imoralidades;

Homeopatia é feita de nada e NÃO funciona contra dengue;

Pedofilia nem sempre é crime;

Medicina cura. Homeopatia mata. #ten23;

Desafio #ten23 – overdose homeopática: vídeo-diário (LINK);

666, o mais besta dos números;

Desafio #ten23 – overdose homeopática. Ou, ‘o dia em que eu não morri’ (LINK);

Douglas Adams: frases aleatórias (LINK) (“A lojinha do hotel só tinha dois livros bons, ambos escritos por mim.“);

Lição de geometria básica para auto-hemoterapeutas e demais pseudocientistas (é tudo ilustrado, não precisa se desesperar);

A mais nerd das piadas;

Agora, mudando um pouquinho a abordagem, alguns termos de busca que, de uma forma ou de outra, dão aqui no 42.

As onze maneiras mais comuns de se chegar aqui via Google, ipsis litteris:

1 – 42;

2 – josé alexandre barbuto;

3 – carnaval proibido;

4 – cura do câncer;

5 – batom com chumbo;

6 – candiru;

7 – douglas adams frases;

8 – avião de papel;

9 – pavesio advogados associados;

10 – a favor do aborto;

11 – vidente tara.

As onze maneiras mais comuns de se chegar aqui via Bing:

1 – carnaval proibido;

2 – horas iguais;

3 – josé alexandre barbuto;

4 – 42;

5 – aviao de papel;

6 – receita de sorvete;

7 – carnavalproibido;

8 – horas diferentes;

9 – avião de papel;

10 – batons com chumbo;

11 – www.carnavalproibido.com.br (sério, isso leva ao 42. através do Bing).

As onze maneiras mais comuns de se chegar aqui via Yahoo: [3]

1 – josé alexandre barbuto;

2 – carnaval proibido;

3 – carnaval proibido 2010;

4 – jornal do carnaval proibido;

5 – camarão e vitamina c;

6 – amish;

7 – engolir ou cuspir;

8 – horas iguais;

9 – 42;

10 – alergia a luz (texto que propiciou minha primeira entrevista à Folha de São Paulo, bitches!);

11 – chumbo nos batons da natura?

As onze maneiras mais comuns de se chegar aqui via Ask (por que não? Povo ainda usa Yahoo…): [4]

1 – receita de sorvete;

2 – carnaval proibido;

3 – doença toxoplasmose;

4 – josé alexandre barbuto;

5 – medidas de tijolo <= Não tem link porque eu não faço ideia do que se trata. Mas um de oito furos mede 9 por 18 por 18;

6 – mega da virada 2009;

7 – receita de sorvete de massa;

8 – receita sorvete de creme;

9 – banda cheiro verde;

10 – doença de toxoplasmose;

11 – horoscopo 2010.

As onze maneiras mais usadas para questionar a Internet sobre o número 42 que o Google interpreta como sendo da minha alçada:

+42!

42=

42,

42]

#42

“42.”

42 ?

:42:.

42:)

42 ????????????????/

47

Onze frases aleatórias acerca do 42:

42 binário

define: 42

teoria do 42

42 com bolhas

42 mandamentos

42 o que significa ?

42 o que é? nerd

42.: a resposta para a vida, o universo e tudo mais.

420 coisas para se fazer chapado

42 = 666

41 science blogs

E, finalmente, os onze termos mais estranhos usados para se chegar ao 42. (comentado):

11 – como tirar cheiro de suvaco da roupa <= Tome banho antes de se vestir?

10 – frases sobre sustentabilidade na moda <= Este aqui está a prestes de ter uma excelente surpresa.

9 – catarro que não acaba <= Ê fartura!

8 – curar vomito de bebida <= Aí depende. Se for o vinho que estiver vomitando, coloque a rolha de volta. Se for cerveja em lata, acho que um copo é a melhor solução. Se for o champanhe, então é ano novo, divirta-se.

7 – filme idiota 2010 congelado passa a ser o mais inteligente <= O congelado passa a ser o mais inteligente? É um filme sobre criacionistas?

6 – prefiro+ficar+chapado+sozinho <= Excelente. Quanto menos me envolver nisso, melhor.

5 – como é o nome do francês que descobriu a cura da cancar <= François Charlataun

4 – oops! url está incompleta ou url desconhecida !!! <= Sem brincadeira.

3 – como parar de falar cuspindo <= Tomara que seja um colega meu, tomara que seja um colega meu, tomara que seja um colega meu. E tomara que ele aprenda.

2 – como tirar o cheiro do nabo <= Mais alguém leu errado? o/

1 – igor hikari domine sol <= Um dos melhores comentários até hoje no meu blogue. O que me faz lembrar de uma décima segunda categoria, em homenagem a 2012:

Os melhores comentários do ano.

11 – mew axo q eh 6 o numiro do crabuno pq 20 eh numiro d calsio e 5 eh do boro .. ta td na orde alfabeteca mais vrado .. vc coloco os numiro ao crontrario p comprica vey .. mais eu tava prestanu atensao na aula la pq a bateria d meu ifone cabo ea tia num deixo enxe ela .. sacanage ne ? <= É. Tia má. (LINK)

10 – caro colega! vejo que vc conhece bem de homeopatia,mas por que tanta raiva, ela-le encomada? oque não “existe” não deveria preocupa-lo? #certo#!,então use seu tempo para fazer ciência ética e não ficar com possionamento cético irrelutável e sensacionalista,além de tudo glosseiro,há tava me esquecendo eu concordo com o felipe, e vc foi muito mal educado com ele#feio#!para um culto? <= Tem como não amar? (LINK)

9 – Calnes de cerdo o porco saõ rexeitadas por ignorância relixiosa. Como existem muixos médicos Xudeus… <= Não sabia que Xuxa era judia. (LINK)

8 – Vocês sabem que, nos Estados Unidos onde o cuidado com medicamentos é muito maior que no Brasil, mais de 100.000 pessoas por ano morrem apenas devido à IATROGENIA? (…) Que vocês sabem para falar mal da homeopatia? Sabem o que é cancer metastático? <= Portanto, homeopatia é real. Adoro gente assim. (LINK)

7 – Assim como você, muita gente incentiva o preconceito sobre a Homeopatia, e por isso as revistas científicas não saem publicando muito sobre os avanços na área homeopática. Dessa forma, quando publicam, escolhem pesquisas que não incluem a palavra HOMEOPATIA em seu título. <= Porque a melhor forma de publicar um artigo é escondendo as palavras-chave. Homeopatia mexe em alguma coisa no centro da ingenuidade do cérebro das pessoas, eu acho. (LINK)

6 – A homeopatia possui um princípio ativo que não é enxergável. (…) Para a homeopatia fazer efeito, o paciente deve ter sua sintonia alinhada com as energias que a homeopatia oferece. (…) Se vc não crê em homeopatia, ela não fará efeito em você. Se você crê na homeopatia, MUITO PROVAVELMENTE ela fará efeito em você, isto não significa que você deva abandonar outros métodos medicinais. A evolução da humanidade depende de pessoas como você, com seu blog, para que avancemos. Caso contrário, aprenderemos por dor e não por Amor. <= Uma das provas da minha hipótese de que homeopatia é só mais uma forma de religião. (LINK)

5 – homeopatia pode ser usada na eliminaçao de pragas numa plantaçao. utiliza-se o inseto da praga para para criar uma soluçao venenosa para o proprio inseto <= Já pensou se alguém morre no mar? A tragédia que isso causaria para todas as populações costeiras ao redor do globo? (LINK)

4 – a homeopatia em si não tem como provar e tão cedo irá, pois a homeopatia é energia do elemento condensado <= Sem comentários. Vou deixar vocês se deliciarem com a frase. (LINK)

3 – O que acontece é que a homeopatia é uma releitura da industria farmacêutica à luz do pragmatismo. <= É como se essas palavras tivessem sido contempladas em algum sorteio e colocadas nessa ordem por cara-ou-coroa. (LINK)

2 – Muuiittoo!consagro o Daime a dois anos e declaro que nunca senti meu raciocínio tão lúcido e esclarecido como sinto hoje!Compreendi grande segnificado da palavra amor e me livrei de um vício de 20 anos(maconha) (…) Prefiro dizer que esse chá sagrado ,que para nós é a manifestação do ser divino ,é “iluminógeno” <= Reiterando: "nunca senti meu raciocínio tão lúcido e esclarecido como sinto hoje" (LINK);

E, o melhor de todos, do meu colega João Carlos, quando eu disse que homeopatia era "macumba disfarçada de medicina":

1 – Ei!… Mais respeito com a macumba, pô! (LINK)

A maior quantidade de abuso recebido em 2011, ironicamente, empatou entre homeopatas e os médicos (dos que gostam de desfilar de jaleco pelas ruas).

E que venham mais 2012 abusos!

Minha cara de preocupação.

———

[1]Os auto-hemoterapeutas quase não entraram na lista.

Mas calma, amiguinhos! Considerando que aquele é um texto escrito em 2009, vocês ainda chamam minha atenção! Não chorem!

[2]Parabéns ao Twitter pela sua luta constante contra o engodo da indústria da homeopatia, ou Big Homeo, através da campanha #ten23 (aguardem novidades nesta frente).

[3]Pessoal que ainda usa o Yahoo é meio, digamos assim, excitado, né? Mas eu acho bom que a maioria das buscas seja por “carnaval proibido” e que os visitantes se deparem com um exercício em raciocínio crítico.

[4]Já os que acham por bem usar o Ask, ao meu ver, formam a parcela mais aleatória da sociedade. Banda cheiro verde? Sério que isso existe?

Desafio #ten23 – overdose homeopática: vídeo-diário

Ontem, às 10:23h, eu ingeri 200 pílulas de arsênico homeopático numa diluição de 30CH, o que, segundo os homeopatas, deveria ter me matado em poucos minutos.

Mas isso eles disseram antes do ato, quando ainda estavam na fase das ameaças veladas e tentando criar medo. Depois, quando eles perceberam que os participantes sabiam da nulidade de efeitos negativos e iriam em frente de todo jeito, eles mudaram de ideia e disseram que temos que dar mais dinheiro para a indústria homeopática tomando as preparações por muitos e muitos anos para termos sucesso no nosso suicídio.

De superdosagem de vida, aparentamente.

Fica cada dia mais claro que homeopatia, além de matar, também emburrifica.

Eu e Jairo, do Um deus em minha Garagem, tomamos a suposta medicação enquanto o processo era filmado. O vídeo pode ser visto neste link.

Em seguida, ainda no shopping, iniciei um vídeo-diário para registrar qualquer efeito colateral causado pela extraordinariamente imensa quantidade de nada que eu tomei. Abaixo vocês podem acompanhar minha saga, em nove vídeos (mas calma, nenhum tem mais de cinquenta segundos).

Continue lendo…

Chau. Vou passear no lado negro e não sei se volto.

Eis que estava eu a pensar se ainda valia a pena permanecer por aqui quando tive uma burrifania que me fez resolver descer do púlpito erigido sobre a plataforma elevada acima da passagem de nível onde repousa o pódio sobre o qual se encontra a base do meu pedestal de marfim e ouro e pensar mais a respeito dos motivos alheios para coisas além da minha compreensão.

Foi então que senti o gostinho do lado negro.

Percebam:

Gêmeos univitelinos são geneticamente idênticos; dois organismos derivados de um mesmo encontro gamético fruto do amor entre duas pessoas. Ou estupro.

Por que então cada uma dessas pessoas tem uma personalidade diferente? Do par, um é geralmente mais calmo e passivo enquanto o outro é mais agitado e controlador.

Desde a concepção, tudo no desenvolvimento dessas duas pessoas é exatamente igual.

Exceto duas coisas: posicionamento intrauterino e o momento do nascimento.

Considerando que nosso primeiro lar é o ventre de nossas mães (cada um na sua, senão dá confusão) e que este, do nosso ponto de vista fetal, é imóvel, podemos estender a metáfora e tratar o berço primário da nossa criação como uma casa, pois apesar desta também estar em constante movimento relativo a milhões de outras coisas no Universo, está absolutamente impávida em relação ao que realmente nos importa: nosso CEP.

Uma das inúmeras “tradições milenares” (há controvérsias aqui quanto à longevidade da técnica adiante nominada) que conseguiu sobreviver às pressões seletivas socio-temporais foi o Feng Shui, que nos ensina que devemos tratar nossa habitação como a caverna de um dragão, e que para finalmente conseguirmos viver confortavelmente devemos pensar em como o supracitado mítico réptil alado se sentiria ao passear distraidamente por nossos quartos e banheiros.

A organização estética dos aposentos agradaria, segundo tal filosofia, não só aos olhos como também à alma, nos fazendo viver melhor.

Um irmão que tenha passado a maior parte do seu citomerismo embrionário num nódulo indetectável de energias domiciliarmente negativas gerado pela proximidade maior do fígado (o órgão filtrador de tudo que há de ruim no corpo da progenitora, quem sabe até incluindo as tais “energias” de efeito cumulativo e não-metabolizável) vai crescer psiquicamente mais retraído e tímido, com medo do mundo onde foi gerado.

A não ser que seja mais descontraído e relaxado, num corajoso gesto de desafio contra seu desenvolvimento oprimido.

Bom, de toda forma essa disposição relativa não é algo testável ou previsível. Mas existe, não existe?
E essa existência não é tautológica e ontologicamente prova de sua própria existência? Eu me pergunto…

Agora, deixando as coordenadas histéricas de lado, vamos ao parto:

Por mais que o intervalo de tempo entre o nascimento de um e de outro dos gêmeos seja pequeno, jamais será igual a zero. O exponencial avanço tecnológico dos nossos aparelhos de mensuração temporal prova isso com mais e mais precisão a cada dia (ou attossegundo).

Logo, isso abre caminho para uma hipótese (ou teoria, como queiram, pois a prostituição do vocabulário pelos cafetões ideológicos não conhece limites) que responsabilize o horário do acontecimento natalício como definidor do caráter pessoal.

E qual melhor marcador de tempo que o homem pré-medieval conhecia senão os astros?

Daí, um pequeno salto intelectual torna perfeitamente cromulente e aceitável a suposição da criação de uma relação causal entre a posição de pontos de luz na abóboda celeste e os maneirismos de um indivíduo qualquer em situações sociais. A Astrologia deve estar certa, eu concluo.

Isto é, desde que a facção escolhida seja a adequada.

Por que não? É tão bom quanto qualquer outro sistema, haja visto que não sabemos ainda o que define “personalidade”.

Por que não, então, usar o momento em que nascemos como padrão?

Para aceitar esse ato de fé nem precisamos definir “nascimento” também, especialmente considerando o quão complicado isso seria. Qual parte da criança precisa transpor o umbral materno para que ela possa ser considerada nascida de fato?

Vamos manter a impossibilidade de atos simultâneos para corpos diferentes enquanto consideramos dogmaticamente um recém-nascido como um ponto adimensional. Acreditar é bem mais fácil.

E já que estamos nessa, vamos abraçar também tudo que eu venho combatendo há tanto tempo.
(Tempo esse que foi completamente estruído, deixo aqui registrado.)

Como explicar inteligentemente o efeito placebo que ocorre não só em humanos adultos como também em bebês e cavalos sem poder cognitivo de enganarem a si mesmos? Por que não chamar isso de “homeopatia”?

Talvez os praticantes de Reiki não gostem muito, contudo poderíamos usar também “alinhamento de energias”, “manipulação de meridianos”, “efeitos quânticos macroscópicos” dentre várias outras denominações, pois foi justamente para isso que Deus inventou a classe gramatical dos sinônimos. Vamos todos dar as mãos e usá-los.

Quem sabe esse toque não seja também terapêutico e milagroso?

É tão mais fácil assim. Aceitar. Simplesmente aceitar.

Explicações são tão demoradas e complexas. Fé é sempre o melhor caminho.

Ou pelo menos o de menor resistência para nossos elétrons mentais. Uma espécie de “aterramento intelectual”.

Qual razão teríamos para complicar o mundo quando ele tem dado certo até agora?

Por mais argumentum a posteriori que tenham sido os últimos dez mil anos, o fato irrefutável de nós estarmos aqui, eu escrevendo e você lendo, prova que o mundo funciona.

Método científico? Pensamento crítico? Racionalidade? Ceticismo? Às favas com todos eles.

Se Ugh, nosso ancestral testudo, tivesse parado para raciocinar, medir e tentar entender o comportamento do felino dentuço que o perseguia à toda velocidade, não estaríamos aqui, repassando à frente, para a próxima geração, nossos medos originais de fábrica e já pré-instalados nem forçando as pobrezinhas das nossas crianças a tomar decisões que afetarão suas vidas enquanto eles não têm capacidade sequer de entender o que significa “futuro”.

É impossível ensinar alguém a pensar.

Aliás, até agora tem sido impossível entender como alguém pensa, já que ainda não inventaram um medidor de ideias.

Então, se pode existir um pensamento inexplicável em mentes separadas, como provar que telepatia também não existe e que é apenas um pensamento compartilhado pelo Sub-Etha através de um processo sensormático?

Quem me garante com 100% de certeza que Medicina e Farmacologia funcionam e que Biologia, Física e Química estão 100% corretas o tempo todo?

Homeopatas, padres, acupunturistas, rabdomantes, hippies, vendedores de cristais e água ozonizada, terapeutas do esparadrapo, cartomantes, videntes, usuários de Mac, veganos, cromoterapeutas e demais crentes têm absoluta confiança em seus tratamentos/estilos de vida e me garantem sem qualquer margem de erro que estão completa e irremediavelmente corretos em suas asserções e escolhas de seus objetos de adoração venerável.

Qual dos dois parece mais tentador? A incerteza hesitante ou a certeza categórica?

Devo admitir; depois que os olhos se adaptam ao obscurantismo e o nariz se acostuma com o cheiro da decadência, o lado negro não parece tão ruim.

Até a volta.

Se houver uma.

P.S. Todavia, como ainda não tenho um tumor intratável no meu lobo parietal nem sofri lobotomia frontal total, sei que Autohemoterapia não funciona.

Nem no Mundo Mágico da Loucura Absoluta a AHT funcionaria.

Limites existem até para os delírios mais insanos.

Alopatia é uma farsa!

Sim, vocês leram certo. O conceito alopático de cura é criação de mentes doentes e é mantido por pessoas sem escrúpulos ou vergonha na cara!

Duzentos e alguns anos atrás, o físico Samuel Hahnemann raciocinou da seguinte forma:

Estamos em pleno século 18 (cento e trinta anos antes da descoberta da penicilina e quase cem antes da teoria dos germes que explica que ficamos doentes por causa de organismos microscópicos e não por causa de miasma ou mal cheiro) e a maioria das pessoas terminalmente doentes que recebem sangrias ou laxantes poderosos morre por algum motivo ainda desconhecido. O que posso fazer para ajudar?

Já sei! Vou purificar a água que essas pessoas estão bebendo!

E, para não parecer tão prosaico, vou usar um argumento de antiguidade e basear minha técnica no pensamento do famoso charlatão/alquimista/astrólogo de um século ainda mais atrasado que o meu, o famoso Paracelsius, que achava que veneno pode curar o envenenado, e vou usar água destilada para diluir cocô de rato/catarro de tuberculoso até que não sobre uma só molécula do veneno/toxina no meu frasco limpo de água tratada e pura (quinze anos antes de Avogadro demonstrar o princípio de diluição máxima)!

Aí, aproveito o embalo e desenvolvo uma “técnica” para “potencializar” o efeito benéfico do reagente inexistente enquanto magicamente elimina seus efeitos maléficos, e que consiste em saculejar a água (100% pura dentro de um vidro esterilizado) um número arbitrário de vezes (porém sempre divisível por 10, que é um numero bonito e redondo, cheio de propriedades mágicas), e invento um nome bem marcante para ela, quase um cacófato, mas nem tanto, que faça rir da primeira vez mas perca a graça rapidamente… humm.. vejamos… Ah! Sucução!

Beleza! Estou pegando fogo! Agora vou provar que café causa cáries, olheiras, impotência e toda sorte de doenças crônicas humanas![1]

E a isso ele deu o nome de “homeopatia”, estuprando a língua helênica até que ela concordasse que isso seria grego para “igual à doença”, pois como já vimos, o espertão acreditava que doença cura doença (e deu até nome ao rebento fruto dessa violência: Lei de Similares, que apesar de se dizer “lei” só é cumprida na Terra da Fantasia, no município de Ignorantópolis, capital do estado de Magicolândia).

Achando pouco tal atrocidade contra a vida, os bons costumes e um dos idiomas mais antigos da humanidade (no entanto sendo apenas fruto do seu tempo), cunhou também o termo “alopatia”, que aparentemente deveria significar “contrário à doença”.
(Esse método linguístico aglutinativo é equivalente à ideia de que posso inventar o termo “mesamormelada” para descrever um caso hipotético que envolva o objeto mesa, o sentimento amor e a sobremesa marmelada e esperar que concordem comigo que isso faz sentido fora da minha cabeça.)

Agora alguém por favor me responda e me tire essa dúvida que me aflige já há algum tempo: sendo alopatia o inverso ideológico e idiomático de homeopatia, qual seria o remédio que representaria o contrário de uma dor de cabeça? Talvez uma pílula feita de um cérebro saudável e indolor?

E o oposto de tuberculose? Catarro comum?

Se eu tiver diarreia, devo me medicar com o quê exatamente?

Homeopaticamente eu sei. As respostas são, respectivamente: estresse diluído, silueta bacilar magicamente impressa nas moléculas de água e bosta nenhuma.

Mas e alopatia?

Farsa! Pura farsa!

Hahnemann, como eu sugeri, era um médico preocupado com a vida de seus pacientes e que criou, para a época, um método melhor do que fazer as pessoas vazarem por ambas extremidades do aparelho digestivo. Funcionava, quando funcionava, por fazer absolutamente nada!

Algumas doenças precisam exatamente disso; ficar quietas. O corpo se vira eventualmente.

Logicamente seus tratamentos não funcionavam sempre, mas aí entra o bom e velho viés de confirmação e o “dom da caneta” que só relata casos de sucesso.

Mas e os homeopatas atuais que continuam enganando o público com essa canalhice intelectual pejorativa de “alopatia”? Qualé a desculpa deles? Ignorância ou desonestidade?

Homeopatia é exatamente o que diz ser: medicina alternativa.

Quando medicina alternativa comprova sua eficácia e mostra que funciona ela muda de nome. Vira “medicina“.

E sabem qual é a alternativa para saúde?

Exatamente.

Querem cuspir na cara dos médicos que se lascam todos os dias para tentar salvar algumas vidas que, sinceramente, não deveriam ser salvas?

Cuspam, mas não enquanto eu estiver olhando.

[1] Seria essa a origem do Starbucks e seu café infinitamente diluído e ligeiramente morno?

Seu mestrado é em quê mesmo?

Esta é a terceira parte de um texto que começou segunda-feira (clique aqui para ler a primeira parte), seguiu pela quarta-feira (clique aqui para ler a segunda parte) e se encerra hoje.
Se não tiver lido as duas primeiras, por favor o faça antes de continuar aqui.
CONTINUAÇÃO
————
Mesmo que me considerem sinistro ou mórbido, eu consigo ver um lado bom nisso: rapidamente a verdade sobre “medicina alternativa” surgiria (antes tarde do que nunca), ao verem que uma fratura exposta não sara com reflexologia, que cólera mata independente da técnica de acupuntura usada e que homeopatia facilita a contaminação por cólera e esquistossomose mais do que cura catarata (homeopatia não cura catarata).
Pouca gente sabe, mas já existe um termo genérico para designar coletivamente qualquer tratamento ou procedimento de medicina alternativa que comprovadamente funcione de verdade fora da “realidade” mental de alguns hippies: “medicina“.
E, já que comecei a falar em lixo, algo que poucos consideram em seus dia-a-dias: remoção de sujeiras e dejetos.
O que fazer com o lixo? Porque sem dúvida ele há de acumular. E sem água corrente, vasos sanitários não servem para muita coisa além de monumentos em homenagem a uma época distante e confortável.
Em que ponto você teria que começar a se preocupar com a inevitável contaminação da sua única fonte de água razoavelmente segura das redondezas?
Não só com o que for produzido a partir de então, mas também com os bilhões de cadáveres impertubados apodrecendo onde cairam. Alguém terá tido o bom senso de retirá-los?
Fogueiras parecem uma alternativa boa, mas apenas momentaneamente (e tão somente pelo prazer de ver coisas queimando). Além do cheiro insuportável de cabelo queimado, tanta matéria orgânica sendo queimada abertamente sem restrições há de causar problemas mais adiante, desde nevascas de gordura até contaminação do ar.
E ainda o aumento do aquecimento da atmosfera, que vai fazer subir o nível das águas que por sua vez cobrirão os restos putrefatos de seus colegas e conhecidos, aumentando seus problemas de contaminação de água (mais uma dica: num mundo onde a neve é cinza, não beba água da chuva).
Se você acha que pensamento positivo vai ajudar a manter doenças longe, sugiro que consulte um londrino do século 17 e use palavras-chave como: “miasma”, “bubônica” e “Tâmisa”.
Voltando um pouco para a eletricidade que não mais existe abundantemente.
É possível usar motores de combustão para gerar eletricidade, mas depois que gasolina, álcool e diesel acabarem, quem vai refinar e destilar mais? Melhor ainda, quem vai obter o petróleo ou plantar os inúmeros hectares de cana ou milho necessários?
Por aqui nós usamos basicamente hidrelétricas, que teoricamente têm combustível ilimitado fornecido por barragens, mas e quanto a reparos? Elas não foram feitas para durarem para sempre. Quando uma turbina emperrar, quem vai consertar enquanto outra é encomendada? E quem vai se responsabilizar pela construção da encomenda?
E você faz ideia de onde fica a hidrelétrica mais próxima da sua casa? Eu apostaria a metade do meu salário em “não” e a outra metade em “muito, muito longe”.
E mesmo que a usina esteja em perfeito estado, ainda não é tão simples. E as subestações? E as linhas de alta-tensão? Um único poste caído em milhares de quilômetros ou apenas um transformador queimado em alguma dentre centenas de cidades é só o que basta para que a energia permaneça faltando.
O mesmo problema de manutenção é valido para painéis solares e turbinas eólicas, com o aditivo de que esses métodos geram pouquíssima eletricidade.
E se você mora perto de uma usina nuclear que ficou abandonada por muito tempo, eu só lamento. Brilhar no escuro pode lhe trazer certas vantagens imediatas, mas você não vai conseguir aproveitá-las por muito tempo.
“Mas e o conhecimento armazenado? E as bibliotecas?”, eu ouço você perguntando neste momento.
É bem verdade que bibliotecas não são raras, mas boa sorte tentando achar um livro sobre Reparo em Peças Móveis de Turbinas Transdutoras de Núcleo Gerador e melhor sorte ainda tentando aprender e por em prática tirando diretamente de um livro que, sem dúvida, está repleto de jargões e termos técnicos que requerem conhecimento prévio (transdutor: equipamento ou dispositivo que converte um tipo de energia em outro).
O mesmo é válido para os problemas médicos. Quantos livros você acha que existem com a receita para morfina? Se você já tentou instalar um ventilador de teto mesmo lendo instruções detalhadíssimas, sabe o quão difícil seria realizar uma cirurgia de hérnia de disco em outrem.
Ademais, certamente alguém já terá chegado lá antes de você e a biblioteca à sua frente será agora pouco mais que um enorme reservatório de lenha para fogueira (livros queimam supreendentemente bem).
E você sabe que isso é mais que provável. A maioria das pessoas são terrivelmente péssimas em planejar suas necessidades futuras (e surrealmente proficientes em queimar coisas, especialmente livros).
Em resumo, alcançar novamente o nível de sofisticação que temos hoje em dia levará consideravelmente mais tempo do que o necessário para se chegar a ele da primeira vez, pois onde antes tínhamos “engenheiros”, hoje temos engenheiros: florestais, atuariais, de incêndio e combate ao pânico, biomédicos, eletricistas, têxteis, de materiais, hidráulicos e mais umas mil especializações com “engenheiro” no começo.
Onde antes haviam “médicos”, hoje há ortopedistas, traumatologistas, otorrinolaringologistas, reumatologisas, oncologistas, nefrologistas e mais duas mil especializações derivadas da Medicina.
Ferreiros viraram apertadores de botões; Sapateiros viraram encaixotadores; Tecelões viraram vendedores; Cientistas viraram Químicos que viraram misturadores, ou Físicos que viraram digitadores, ou Biólogos que viraram cozinheiros.
Minha avó sabia plantar milho para alimentar galinhas que seriam posteriormente depenadas por ela para serem cozidas e postas à mesa junto com queijo feito por ela a partir de leite tirado também por ela de uma vaca alimentada com grãos que ela plantou, e que iriam somar ao jantar para alimentar a família da minha mãe, que por sua vez sabe escolher, no supermercado com o melhor preço, um frango congelado e os ingredientes mais frescos que irão para a panela juntos para serem cozinhados e transformados em um delicioso almoço para me alimentar.
Eu sei o telefone da pizzaria.
Provavelmente o pai da minha avó sabia curtir o couro das vacas que criava para fazer suas próprias roupas. Eu não sei o número das minhas calças e quem compra minhas camisas é a minha namorada.
Seis ou sete gerações atrás, um ancestral meu talvez usasse um bico de ema modificado para raspar carne dos ossos de um peba.
Ontem eu cortei o dedo tentando separar um pão em dois.
Numa sociedade altamente especializada como a nossa em que fósforos e pão são facilmente obtidos, poucas são as pessoas que sabem, sozinhas, resolver muitos dos problemas que enfrentaríamos num futuro desorganizado.
Não que especialização seja ruim. Não é. Sem ela não teríamos todas essas coisas que irão fazer falta aos seis milhões de brasileiros remanescentes, mas quando o pau cantar, algumas habilidades serão de grande uso. Por exemplo: experiência em primeiros-socorros, caça e pesca, tendências piromaníacas (não me julguem), conhecimentos gerais de botânica, geografia e animais peçonhentos, noções de química, física e aplicações práticas laboratoriais e, em casos extremos, sangue frio para “eliminar” os irremediavelmente feridos num mundo sem centros cirúrgicos ou analgésicos.
Você conhece alguém assim?
———
Esta estória completa faz parte da blogagem coletiva da semana de Caça ao Paraquedista do ScienceBlogs Brasil.
Se você estava procurando previsões obscuras para o fim do mundo e veio dar aqui, seja bem-vindo!
Se você gostar de Ciências, aqui é o seu lugar (e não, eu não escrevo tanto assim sempre).

Auto-Hemoterapia e a medicina da Idade Média de mãos dadas

Sem ter o que fazer e procurando por pajés e feiticeiros modernos, me deparo com uma tal de Auto-hemoterapia (nome já devidamente adaptado às novas regras gramaticas) e uma rusga entre um médico e um jornalista acerca disso.
A ANIVSA proíbe, o Conselho Federal de Medicina apresentou um parecer sobre o assunto, dizendo que sua prática é potencialmente perigosa e o médico Munir Massud, escalado pelo tal conselho para preparar o documento (posteriormente apreciado, revisado e corrigido pelos 28 conselheiros federais do órgão) passou a ser furiosamente atacado pelo jornalista Walter Medeiros.
Um médico professor e pesquisador prepara um documento, a pedido do CFM, após decisão da ANVISA e um jornalista o ataca como sendo desonesto?
Achando um tanto quanto curioso, fui atrás de mais informações (novamente, era um dia ocioso, sem muito o que fazer).
Em primeiro lugar, auto-hemoterapia não consiste em tratar a si mesmo ouvindo Nx Zero ou Fall Out Boy, pois isso seria auto EMO terapia.
Ou nem isso, apenas auto emossificação, nada que qualquer adolescente hoje em dia já não faça.
Auto-hemoterapia é o ato de retirar sangue de uma veia e injetá-lo em um músculo da mesma pessoa.
O “auto” aí é falacioso, pois quem faz o procedimento é outra pessoa, em geral um médico.
Mas se médicos fazem então é beleza, certo?
Alguns médicos também praticam homeopatia e acupuntura, dois métodos não apenas comprovadamente falsos como também potencialmente perigosos que não trazem qualquer resultado benéfico aos pacientes além do efeito placebo (agulhas podem causar inflamações seríssimas e homeopatia é caro e pode desviar recursos de, e atenção a um tratamento realmente eficaz).
Zero eficácia e possibilidade de complicações? Passo.
Médicos são pessoas e como tal estão sujeitas a sugestões e preconceitos e uma das maiores forças naturais que existe é a Preguiça.
É tão mais fácil receber um dado e deixar por isso mesmo. Procurar corroboração adequada e confiável é muito mais difícil que simplesmente acreditar.
(E existem ainda os charlatões sem caráter que lesão propositalmente e que, como agravante, inventam estórias mirabolantes para justificar seus métodos sórdidos de infligir dor em outrem, como um tal de Francisco Rodrigues, que admitiu descaradamente em um periódico natalense (Diário de Natal) que tratava doentes mentais com passes (prática supersticiosa que envolve “espíritos” tomando os corpos dos vivos) e que, pasmem, pois eu estou 100% indignado, criou a disciplina opcional Medicina e Espiritualidade na UFRN.)
Auto-hemoterapia (que daqui para frente será referida por AHT para evitar repetição) não possui efeitos adversos comprovadamente atrelados a ela (o que não é o mesmo que dizer que ela está livre de efeitos colaterais indesejados, mas apenas que estes ainda não foram conectados sem sobra de dúvida à terapia) por simples falta de observações controladas.
Isso é o que a literatura me diz, mas eu digo um efeito adverso agora: dor.
Para qualquer tratamento que não traga benefício, o menor desconforto já é um malefício por demais grande.
É como um tapa na cara; por menor que o dano causado seja, a plena falta de benefícios torna o menor indício de dor algo insuportável.
E essa tal de AHT serve para o quê?
Segundo Luiz Moura, proeminente proponente da precitada prática; para tudo (incluindo câncer e HIV)!
Segundo a Ciência Médica, para nada!
Entre centenas de anos de melhoria, milhares de estudos e milhões de profissionais pesquisadores e um indivíduo, aposto sempre no primeiro grupo.
Quer revolucionar a medicina? Prove.
Apresente um projeto de pesquisa de uma condição específica (não pode ser tudo ao mesmo tempo) a uma comissão de ética, mendigue dinheiro de uma universidade e siga o método científico com a metodologia adequada.
Todo pesquisador faz isso (principalmente a parte da mendicância), por que alguns se acham perseguidos e merecedores de tratamento diferenciado?
Descobriu o moto-perpétuo da Medicina e acha que não precisa provar a ninguém?
Popper discorda de você.
Se acha o novo Newton e acha que é mais sabido que toda a comunidade médica?
Occam está de olho (e ele anda armado).
Voltando à confusão que me chamou atenção.
A maior parte das críticas (uma busca no Google por “Munir Massud” mostra vários resultados, podem ir atrás) são simples ataques à pessoa do médico.
Nenhum comentário que li, tanto do seu arquirrival Walter Medeiros (jornalista E poeta!) quanto de outros colegas seus são críticas ao documento, mas ao sujeito que primeiro o escreveu.
Eles não conseguem sequer citar trabalhos razoáveis que cubram seus argumentos, apenas estiram a língua e chamam de bobo.
Na minha terra, o nome disso é meninice. Na terra dos mais instruídos, chama-se ad hominem.
Não consegue discutir no mesmo nível intelectual? Seus argumentos não passam de xingamentos e tentativas de desacreditar o oponente?
Parabéns, você é um falacioso!
Há até um que o acusa de “criminoso” por ele assinar o documento como Professor Doutor Munir Massud.
Oxente, acusar Munir Massud de criminoso porque ele assina um texto como “professor doutor” é de uma cretinice esférica.
Em primeiro lugar, é tradicional se referir a médicos (e a advogados) por “doutor”.
Isso é um sinal de respeito pela dignidade da profissão e uma formalidade tradicional.
Médicos são doutores em Medicina, não necessariamente doutores acadêmicos. Contestar o fato tradicional (eis a palavra novamente) de que “médico” pode ser substituído por “doutor” é simplesmente desonestidade intelectual, visando somente ofender a honra e sujar o nome de Munir.
A não ser que o sujeito tenha sido criado numa caverna por um louco, ele sabe o que “doutor” nesse contexto significa.
(E sim, quando eu digo “cretino” estou me referindo à patologia de retardo mental.
Quem escreveu aquele texto tem duas opções: ser extremamente idiota (novamente, outra forma de retardo) ou ser irremediavelmente sem caráter. Escolha.)
Em segundo lugar, ele dá aulas numa universidade, logo pode se denominar “professor”.
E a premissa inicial ainda é falsa! Massud não foi o único responsável pelo documento.
Ele não fez uma apresentação .pps e saiu espalhando pelos emails de seus conhecidos. Ele procurou informações sérias (MedLine, EndNote) e teve seu artigo revisado e corrigido por um painel de 28 pessoas.
Houve ainda outro teorista da conspiração que sugeriu que a AHT não é aceita pela comunidade médica por ser uma terapia barata.
Beber água, caminhar meia hora por dia e dormir bem são atividades proibitivamente caras, por isso que são tão recomendadas por qualquer médico. Né?
Lavar as mãos antes de comer então, aff! Os olhos da cara!
Meus xingamentos não constituem ad hominens pois são baseados em evidências empíricas. É perfeitamente possível argumentar com alguém de igual para igual e continuar a chamá-lo de “feio” se ele assim o for.
Ou mesmo que não seja, argumentos sólidos podem ser construídos e temperados com esculachos. Por exemplo: “Você está errado porque está usando estudos com metodologia dúbia que não foram propriamente cegados e randomizados e que não contêm o menor valor científico, seu imbecil!”
A propósito, muito do que é dito por aí é fruto exatamente daquilo: estudos porcamente mal feitos, sem controles, não-cegos, não-randomizados, não-revisado por pares, não-replicados e divulgados em publicações sem critério.
Ou, pior ainda, divulgado em meios de mídia ANTES de passarem pelo crivo de pessoas que realmente sabem do que dizem.
Foi o que fez Luiz Moura, que distorceu estudos de um médico chamado Jesse Teixeira (já consideravelmente mal estruturados por terem sido idealizados antes de exigências metodológicas confiáveis) que se referiam a tratamentos de pós-operatórios.
Luiz Moura pegou a conclusão de Jesse e a esticou, sacudiu, dobrou, enrolou e distorceu até chegar a uma conclusão própria: AHT é a cura de todos os males!
URRÚ!!
Se você pegar um bolo solado e queimado feito de laranja azeda com farinha mofada e bater no liquidificador, temperar com alho e coentro, deixar no freezer por doze horas e reaquecer no micro-ondas e tentar comer, perceberá rapidamente que manipular algo que já começou ruim vai apenas incrementar a ruindade.
Ciência é como culinária nesse aspecto, mas várias ordens de magnitude maior.
Mexer em algo que desde o começo já está fora do escopo científico só tende a aumentar ainda mais a distância entre aquilo e o que é cientificamente aceitável.
E já que mencionei algumas falácias, aqui vem outra: alguns defensores da AHT afirmam que ela é boa por ser antiga (talvez não com essas palavras, estou interpretando um pouco), pois baseiam sua eficácia nas observações dos trabalhos do Dr. Teixeira. Se for um Apelo a Antiguidade, é um muito do reiêra, pois tem nem 80 anos direito. Velho o suficiente para ser ultrapassado, mas não o bastante para ser ‘antiguidade’. Igual a um Chevette.
E em medicina, quanto mais antigo o tratamento, menos crédito merece (a não ser que continue se mostrando bom ao longo dos anos).

ATUALIZAÇÃO: hoje, primeiro de novembro, venho adicionar dizendo que meus comentaristas crentes (veja abaixo) demonstram que minha interpretação acima é confiável. Acreditam na terapia somente por ela ser antiga.

Mais uma vez, a ANVISA proibiu a prática da AHT e pediu ao Conselho Federal de Medicina que elaborasse um parecer com base científica.
Hoje em dia não apenas Vigilância Sanitária e o CFM proibem essa prática como também o fazem os Conselhos Federais de Enfermagem e Farmácia.
A Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (notem a falta do “auto” no nome) apresentou o seguinte comunicado:

“A Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia- SBHH, frente a inúmeros questionamentos recebidos, tanto por parte de profissionais médicos como não médicos, relacionados à suposta prática hemoterápica denominada “auto-hemoterapia”, vem a público esclarecer o que se segue:
• A Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia NÃO RECONHECE do ponto de vista científico o procedimento “auto-hemoterapia”;
• Não existe na literatura médica, tanto nacional quanto internacional, qualquer estudo com evidências científicas sobre o referido tema;
• Por não existirem informações científicas sobre o referido procedimento, são desconhecidos os possíveis efeitos colaterais e complicações desta prática, podendo colocar em risco a saúde dos pacientes a ela submetidos;
• Agrega-se a este parecer, a Resolução do Conselho Federal de Medicina- Resolução CFM no 1.499/98, que em seu artigo 1º, “Proíbe aos médicos a utilização de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica”.
Frente ao exposto, a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia não recomenda a prática desse procedimento.
O comunicado é assinado pelo Presidente da SBHH, Dr. Carlos Chiattone”

Buraco cavado, caixão lacrado, cal por cima.
Dúvidas, sugestões ou esculhambações, me procurem. Meu email está por aqui em algum lugar.
Eu procurei o jornalista Walter Medeiros para comentar o caso, mas ele se mostrou envergonhado e não quis gravar entrevista (mentira, apenas sempre quis dizer isso e, como agora posso oficialmente ser tão jornalista quanto ele, posso dizer esse tipo de coisa também).
O Dr. Munir, no entanto, estava disponível e me ajudou com material (verdade, mas não confiem em mim, pois eu minto tanto quanto vocês).

Nullius in verba¹

Estava, como havia prometido anteriormente, preparando um artigo sobre os perigos da hipervitaminose (consumo exagerado de vitaminas), quando me deparei com um já escrito, mais ou menos na mesma linha que o meu.
Para evitar a fadiga, resolvi traduzir o outro e misturar com aquilo que eu já havia escrito.
A idéia de que Vitamina C é uma droga milagrosa que ajuda a prevenir gripes e resfriados (principalmente) se tornou bastante popular no anos 70, devido primordialmente a alguns livros escritos por um dos maiores cientistas que já viveu, Linus Pauling.
Pauling é um de apenas duas pessoas que receberam dois prêmios Nobel em categorias diferentes (eu acho que já escrevi isso aqui pelo meu blogue, mas estou com preguiça de procurar), sendo elas Química e Paz. A outra pessoa foi Marie Curie.
Ele ainda descreveu a estrutura do núcleo do átomo, foi um dos que imaginou (o que viria a ser provado) a estrutura em hélice do DNA e praticamente fundou a ciência da Biologia Molecular.
Linus, apesar de todas essas conquistas e de sua inestimável contribuição para a Ciência e para a Humanidade, passou os últimos anos de sua vida obcecado com um assunto, partindo de conclusões erradas.
Isso demonstra que, por mais brilhante que alguém seja em uma área, pode ser totalmente ignorante em outra ou, ainda mais grave, estar completamente equivocado em um tema específico dentro da mesma área em que excede intelectualmente (outro famoso exemplo é o de Einstein rejeitando o princípio da incerteza da Mecânica Quântica).
Em 1970, Pauling lançou um livro chamado Vitamina C e o Resfriado Comum, onde exalta o conceito que ele chama de Medicina Ortomolecular (ortomolecular significa “a molécula certa” e, do ponto de vista científico, não é Medicina, mas comprovadamente uma modalidade de charlatanismo), onde ele afirma que megadoses de Vitamina C previne resfriados e previne ou cura outras doenças (incluindo câncer, numa reedição do livro, que mudou de título para “Vitamina C e o Câncer” em 1979).
Em 1986 ele lança outro livro chama “Como Se Sentir Melhor e Viver Mais”, onde ele alarga seus conceitos e alega que megadoses de quaisquer vitaminas beneficiariam a saúde, retardaria o envelhecimento e aumentaria o prazer de viver. Esses argumentos foram testados e comprovados como ineficazes em mais de trinta estudos.
Aliás, hipervitaminose (consumo excessivo de vitaminas) é algo perigoso.
O consumo em excesso da boa e velha Vitamina C pode ocasionar a formação de cálculos renais (pedras nos rins; já as tive, não recomendo).
Hoje em dia, no mundo ocidental, uma dieta média, balanceada, já nos provê com tudo o que necessitamos. Vitaminas e outros suplementos devem ser tomados apenas sob recomendação médica após exames que comprovem uma deficiência, e não por recomendação da vizinha.
“E todas aquelas vezes quando eu tomei Redoxon direto e não adoeci?”
Da mesma forma que, vez por outra, interpretamos erroneamente o que outros nos dizem, não seria possível um lapso de interpretação de nossas próprias experiências?
A Ciência da Psicologia existe somente para nos lembrar que o que vemos, sentimos e vivemos não é uma interpretação 100% apurada do mundo real (eu, por exemplo, me acho muito interessante, mas a realidade tende a discordar).
Respondendo à pergunta; talvez o sujeito tenha tido um resfriadozinho de leve, mas o consumo da vitamina levou seu cérebro a interpretar aquilo como algo diferente, como uma alergia.
É possível que não tenha ficado resfriado simplesmente porque não iria ficar de todo jeito.
Razoável também atribuir a experiência à memória seletiva. Ele ficou doente, mas como isso geraria uma dissonância cognitiva (ansiedade resultante de atitudes ou convicções simultâneas que são incompatíveis entre si, como, por exemplo, a que é sentida por quem gosta de uma pessoa mas desaprova atrozmente algum de seus hábitos), o cérebro “deletou” o registro do evento. É mais fácil lidar com a vida dessa maneira.
É também bastante aceito que doses supérfluas de vitaminas são simplesmente excretadas na urina. Isso não é verdade.
Hipervitaminose é de verdade perigoso.
Uma superdose de Vitamina E, por exemplo, pode ocasionar problemas sangüíneos como aumento do colesterol e pode agir como anticoagulante (causando algo parecido com hemofilia)
Outros exemplos que posso dar são:
Hipervitaminose A; pode causar fetos defeituosos, problemas no fígado, osteoporose, problemas de pele e queda de cabelo.
Hipervitaminose D; desidratação crônica, vômito, diarréia, anorexia, hipercalcemia (presença de quantidade excessiva de cálcio no sangue, acompanhada de sintomas como fadiga fácil, fraqueza muscular, náuseas e anorexia de novo) e problemas renais (incluindo cálculos, que dóem muito).
Mas, isso tudo pode ser mentira, não acredite em mim, consulte um Médico.
Mas é um médico MESMO, alguém que se formou em Medicina. Praticantes de Naturopatia, balconistas de farmácias macrobióticas e funcionários de outros lugares que vendem vitaminas indiscriminadamente não contam.
Se bem que o currículo do curso de Medicina brasileiro atualmente inclui espiritismo e homeopatia, duas das coisas mais pseudocientíficas já inventadas (um é uma religião, algo primariamente não científico, e outro é uma enganação ridícula e sebosa, praticada por indivíduos de caráter duvidoso e sem escrúpulos. Sim, eu nutro Ódio em meu coração).
Lembram quando descobriram e divulgaram que Merthiolate servia para absolutamente zero? Eu lembro (mas minha memória é falha e eu posso ter inventado isso agora).
¹ aceite a palavra de ninguém como prova
==> Este artigo foi uma colaboração unilateral (“plágio” é uma palavra tão feia…) de Brian Dunning e Igor Santos. <==
P.S. café demais faz mal, principalmente para o sono e quando combinado com decepção.

Falácias

Não, o nome da barreira de rocha ou terra à beira-mar é “falésia”.
Falácia é uma afirmação intencionalmente falsa ou errônea.
Quando alguém diz “você está errado porque você disse X”, quando na verdade você disse Y (seja distorcendo suas palavras ou colocando um significado diferente do pretendido, transformando sua posição em uma mais fácil de ser refutada), esse alguém está cometendo uma falácia.
Se um sujeito cria uma situação que, falsamente, só admite duas conclusões (“ou você faz X, ou faz Y”, onde X e Y são apenas duas de muitas alternativas), ele está cometendo uma falácia. Por exemplo: “ou você fica comigo ou o mundo se acaba”. As duas coisas podem acontecer ao mesmo tempo ou nenhuma das duas pode acontecer, ou uma terceira ou quarta coisa pode acontecer.
Chegam para você e dizem “isso tem que ser certo pois é muito antigo e praticado desde sempre”. Novamente, uma falácia. Se tudo o que fosse antigo fosse bom e certo, não teríamos antibióticos nem carros.
Generalização grosseira é o meu tipo favorito de falácia. É algo do tipo “Mao Tsé-Tung e Lênin eram ateus e mataram milhares de pessoas, logo, todos os ateus são truculentos e assassinos.”
Outra que eu dou o maior valor é confundir relação temporal com relação causal. Ou seja, X aconteceu antes de Y, logo Y foi causado por X.
Exemplo: espirrei e começou a chover, logo, meu espirro precipitou a chuva.
Falácia? Sim! Porque por mais forte que meu espirro seja e por mais que ele tenha realmente causado a precipitação, meu método de chegar à essa conclusão foi errado. Eu posso preparar uma xícara de café usando um bebê, uma piscina, uma espingarda e uma mãe chorosa. O café será concluido com precisão, mas o processo foi falacioso…
Eu sei que ler este blogue já é muita coisa para muita gente, mas quem tiver tempo e interesse, leia isso.
E, por favor, evitem dizer coisas do tipo “você pode nem falar!” ou “você já foi cabeludo e, portanto, não pode reclamar do meu cabelo ridículo”.
Não só posso, como tenho mais propriedade do que aqueles que nunca deixaram as melenas passar das orelhas.
Outra, começar uma frase com “é lógico!” nem sempre significa que a frase seja lógica.
Um P.S.zinho bem rápido.
No Dia do Físico eu esqueci de colocar o link para o blogue do idealizador da blogagem coletiva. Na verdade, eu achei que o link estava embutido no banner, mas me enganei. Foi mal Renan.
E, para Beth, que me pediu para escrever sobre homeopatia, primeiramente, obrigado pelas palavras carinhosas, segundamente, saiba que o artigo já está encaminhado. Aquele sobre Método Científico e este de agora foram a introdução. Preciso montar uma base antes para a entrada fazer sentido.

Quem gosta de placebo é Bárbara…

O mesmo amigo que ontem me perguntou sobre a montanha invisível me perguntou também: se é sabido que placebo sempre tem efeito positivo, por que os médicos não desenvolvem uma droga que tenha o mesmo efeito, mas sem a enganação?
A resposta: isso que você disse está 100% errado.
Placebos não têm efeitos positivos sempre. Aliás, raramente têm.
Médico não desenvolve droga, quem faz isso são os químicos, bioquímicos e farmacêuticos do mundo.
Os médicos não administram pílulas de açúcar dizendo que são remédios para dor de coluna (quem faz isso são os homeopatas, que são uma ameaça à saúde pública prometendo cura com mágica e não merecem ser chamados de médicos mas de corja). Os placebos são utilizados em grandes testes da indústria farmacêutica antes de uma droga passar a ser vendida ao público e em pesquisas médicas, mas nunca sozinhos. Seria o mesmo que beber um copo cheio de gelo, já que tem o mesmo efeito refrescante de um suco.A melhor maneira de explicar isso é com um exemplo:
Uma droga X está sendo desenvolvida para combater frieira de axila e foram obtidos resultados positivos em ratos, ovelhas, porcos e outros mamíferos e menos importantes que, caso algo dê errado, podem virar uma salsicha ou um hambúrguer do McDonald’s (por favor, isso é uma piada! Grandes cadeias de restaurantes não compram carne de animais de laboratório nem usam carne de minhoca, isso é coisa de teóricos conspiratórios que não têm o que fazer da vida! Inúteis…).
A próxima etapa do processo é o teste em humanos voluntários.
Um grupo de 100 pessoas é escolhido e separado em dois grupos de 50 indivíduos (alguns testes dividem os participantes em mais grupos para concentrações diferentes dos ingredientes ativos).
O primeiro grupo receberá a dose recomendada do remédio, o segundo receberá o placebo, mas ninguém sabe o que está tomando (se for um comprimido, o placebo será um comprimido idêntico ao real, mas sem nenhum ingrediente ativo. Se for injetável, será uma solução salina inerte).
No final do tratamento, todos os sintomas, quadro clínico inicial e final, reclamações dos pacientes e efeitos colaterais que foram devidamente anotados durante o teste serão comparados.
É neste momento que os placebos são importantes.
Se todos (ou uma porcentagem significativa) tiveram dor de cabeça, a cefaléia foi um efeito colateral psicológico.
Se só os do grupo do fármaco tiveram (ou sentiram em números mais significativos que os participantes do outro grupo), foi um efeito colateral causado pela medicação.
Se só os do grupo do placebo reclamaram disso (ou reclamaram mais que os do outro grupo), a medicação pode até ajudar a aliviar dores. O que também constitui um efeito colateral, mas um benéfico.
A administração do placebo atua como um controle, ajudando a identificar e separar os efeitos causados pela droga dos efeitos causados no organismo pelo cérebro, achando que está sendo remediado.
Finalmente, “placebo” é a 1ª pessoa do singular do futuro indicativo do verbo “placere”, latim para “agradar”, e não o imperativo afirmativo do verbo “medicor”, latim para “curar”. É só uma sopinha e um empurrão na rede, não um Tandrilax.
Ah! Bárbara é uma conhecida minha que gosta duma banda inglesa chamada Placebo.
Tadinha…
P.S. Mais sobre o engodo, sacanagem e crime que é a homeopatia futuramente. Aguardem.

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